O pelotão da Volta a Portugal continua a deslocar-se para sul e hoje chega ao Algarve. Num final bastante sinuoso, conseguirão os sprinters sobreviver ou teremos mudança na liderança da competição?

Percurso

Longa etapa, mais de 190 quilómetros, com a Volta a Portugal a fazer a ligação entre o Alentejo e o Algarve, com partida em Sines e chegada a Loulé. Primeiros 150 quilómetros relativamente planos, a planície alentejana não tem grandes dificuldades montanhosas, contando-se apenas as metas volantes em Odemira, Ourique e Almodôvar. O Pico do Miú (2 kms a 4%) é a primeira contagem de montanha a 40 quilómetros do fim.



O terreno continua bastante acessível, até em ligeira descida em direção ao sul de Portugal e à derradeira ascensão do dia, esta mais complicada e que pode fazer mais estragos. A subida a Cruz de Assumada tem 3,1 kms a 5,4% e situada a apenas 6 quilómetros do fim pode fazer com que os sprinters fiquem para trás e proporcione aos homens da geral os primeiros ataques. A descida é muito rápida até ao quilómetro final, em falso plano, na cidade de Loulé.

 

Táticas

Esta longa etapa é, em teoria, uma oportunidade para diversos ciclistas. Os sprinters sonham com mais uma possível vitória mas os puncheurs também esfregam as mão desvido à subida de Cruz de Assumada. Esta é uma escalada não muito longa mas o seu miolo é bastante complicado pelo que, bastante endurecida, pode deixar os principais homens rápidos do pelotão para trás. Se algum ciclista da geral sentir a oportunidade, não irá desperdiçar e também pode atacar.

O endurecimento da corrida pode ser feito pela Kelly/Simoldes/UDO e pela Efapel Cycling, vemos estas duas equipas com dois dos principais candidatos num sprint mais reduzido. É certo que a Glassdrive/Q8/Anicolor tem diversos corredores que se adaptam a este final, só que podem correr mais na defensiva e ver no que pode dar. Caso haja alguma marcação entre os principais ciclistas do pelotão, um ataque vitorioso na descida também não seria de estranhar.

 

Favoritos

Luís Gomes tem uma etapa perfeita para si. O ciclista da Kelly/Simoldes/UDO não falha no seu grande objetivo e acaba sempre por conseguir vencer. A subida antes da meta favorece-o bastante, será importante para desgastar os sprinters e, possivelmente, deixá-los para trás. Em grupos restritos é muito rápido.



Esta é uma grande oportunidade para Luís Mendonça. Muito mais que um sprinter, o corredor da Glassdrive/Q8/Anicolor sobe muito bem e o final não lhe mete medo. Tem-se imiscuído nas chegadas ao sprint, está com vontade de vencer. Não nos admirávamos que pudesse atacar a descer, não tem medo e tem muita técnica.

 

Outsiders

Rafael Silva também deve ter apontada esta etapa no livro de prova. Os dias mais complicados são aqueles onde o sprinter da Efapel Cycling tem mais chances de vencer e, até agora, esta é a melhor oportunidade. Já vimos que a sua equipa não tem receio de pegar na corrida e deve voltar a fazê-lo para endurecer a mesma, sabem que as hipóteses de vitória aumentar consideravelmente.

Outro sprinter que passa bem as dificuldades e tem estado entre os melhores é Francisco Campos. O apoio não tem sido muito, isso tem custado um pouco no seu posicionamento, o que depois não ajuda a lutar por melhores lugares, pelo que num grupo mais reduzido não deve ser um fator tão relevante. Vencer na Volta a Portugal seria o cumprir de um sonho.



Um ciclista que pode atacar e arriscar na descida é Rafael Reis. O ciclista da Glassdrive/Q8/Anicolor ainda tem a camisola amarela em vista, sabe que só dessa forma pode voltar a envergar, não esperando pelo final. Se não for sacrificado pela equipa, o risco poderá ser tomado. Já venceu desta forma em edições passadas da Volta a Portugal.

 

Possíveis surpresas

Vemos difícil a vida para Leangel Liñarez passar a subida com os melhores, acreditamos que a corrida vai ser atacada e todos vão dificultar a vida ao camisola amarela. Está em grande forma, no entanto é muito possante para as duras rampas que existem. Caso fique para trás, João Matias pode vir a ter a sua oportunidade, ele que tem sido o lançador do venezuelano. Andoni de Abetxuko tem falhado muito na colocação, a Euskaltel não tem estado bem nesse capítulo, o basco é um corredor muito rápido que nos dias bons passa com facilidade as dificuldades. Se o jovem ciclista não estiver na frente, a formação basca pode apostar em Antonio Soto ou mesmo Txomin Juaristi, com o combativo ciclista a poder ser usado de longe. Tiago Antunes e Adrian Bustamante são alternativas dentro da Efapel e da Kelly/Simoldes/UDO caso os seus líderes falhem, o que significa uma corrida bastante mais endurecida pelos homens da geral. Nesse cenário, também Maurício Moreira entra na discussão, o urugaio é muito rápido e quererá aproveitar qualquer bonificação que esteje disponível. Dentro das equipas nacionais, nomes como Gonçalo Leaça, Hugo Nunes e César Fonte pode estar entre os primeiros, são ciclistas rápidos em grupos restritos.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são David Delgado e Colin Stüssi.



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