Está de regresso a alta montanha na Volta a Portugal e logo com a mítica subida ao Alto da Torre. Espera-se mais um dia com grandes mudanças na classificação geral, quem será o mais forte?

Percurso

Os ciclistas arrancam do Alto Alentejo, do Crato, e seguem directamente para Norte com direcção à emblemática Serra da Estrela, para a chegada ao Alto da Torre. É um dia mais duro do que aparenta, a etapa tem 3 contagens de montanha de 3ª categoria antes da chegada em alto e todas essas subidas são relativamente acessíveis, ainda assim os corredores vão passar muitos quilómetros numa espécie de falso plano onde é preciso pedalar com vigor.



A Torre é feito pela Covilhã, pela vertente das Penhas da Saúde. Globalmente é uma subida tremendamente longa, com 20,3 kms a 6,5% de inclinação média, números que mascaram um pouco o facto da ascensão se poder dividir em 3 partes bem distintas. A entrada na subida é muito dura, aliás, entre o quilómetro 4 e 6 é mesmo a fase mais complicada, com uma média a rondar os 10%, os primeiros 7 quilómetros têm uma média de 8,8%. Depois a vida fica um pouco mais fácil para os ciclistas, há mesmo uma ligeira fase de descida e um falso plano antes do final agonizante, já perto dos 2000 metros de altitude, no ponto mais alto de Portugal Continental. Os 4,3 kms finais rondam os 8% e alguém que quebre nessa parte ainda vai perder muito tempo.

 

Táticas

Normalmente, esta é a primeira etapa de montanha da Volta a Portugal, algo que não acontece este ano. Desta forma, as primeiras diferenças já estão feitas e o Observatório de Vila Nova fez diferenças importantes, já há ciclistas que perderam bastante tempo. Como já referimos, apesar de várias contagens de montanha, a etapa de amanhã vai-se resumir à subida para o Alto da Torre, não há forma de atacar antes disso.

Esta é uma subida bastante longa, dá para jogar de forma tática, com ataques de longe a poderem funcionar, como já aconteceu nas últimas edições. Colin Stussi não tem o melhor apoio para a montanha, poderá ficar isolado bastante cedo e isso despultar muitos ataques. A subida da Torre pode fazer grandes diferenças e há equipas com várias alternativas que, assim, podem atacar à vez e dinamitar a corrida. Falando do camisola amarela, terá que escolher muito bem os momentos e os ataques a seguir, não pode ir a todos.

 

Favoritos

Diego Camargo mostrou no Observatório de Vila Nova que chega em boa forma e o resultado da Volta a Colômbia é para ser tomado em conta. O colombiano vai estar na sua praia, esta é uma subida em maior altitude e com pendentes mais regulares. A Petrolike tem um bloco bastante sólido, isso só vem beneficiar as chances de Camargo poder vencer.



Depois da enorme exibição conseguida ontem, seria injusto não colocar Colin Stussi nesta categoria. O helvético seguiu um ataque e, a ritmo, deixou todos para trás não quebrando na parte mais dura. Se dúvidas existissem que não estava em forma elas foram dissipadas. Como já referimos, contra si poderá ter o facto da Vorarlberg não ter a melhor equipa para a montanha, irá ficar cedo sozinho. No ano passado foi 2º.

 

Outsiders

António Carvalho foi quem mais perto chegou de Stussi na etapa de ontem, só lhe dará confiança para voltar a tentar. O português é um ciclista de grandes vitórias, já venceu na Senhora da Graça por duas vezes, falta-lhe este local. Corre toda a temporada a pensar na Volta a Portugal, o próprio já afirmou que programou o pico de forma para entrar forte na competição. Afonso Eulálio será um apoio fundamental.

Esta é uma subida feita para puros trepadores, categoria que Jesus del Pino preenche na perfeição. O pequeno trepador espanhol é um ciclista muito regular que aparece sempre nestes momentos. A moral da Aviludo-Louletano-Loulé Concelho está em altas, nova vitória seria algo difícil de imaginar. Foi 4º na temporada passada e esteve bastante bem no dia de ontem.



Mauricio Moreira tem um excelente histórico nesta subida, 2º em 2021 e 1º em 2022, o que demonstra que se adapta bastante melhor a estas inclinações do que a subidas mais íngremes. Aqui consegue gerir melhor o esforço, é algo mais contínuo e quererá dar uma resposta positiva depois da subida de ontem. A Sabgal/Anicolor vinha com responsabilidade e sabe que tem de fazer mais e melhor.

 

Possíveis surpresas

Luís Fernandes confirmou, ontem, que continua a ser um dos melhores trepadores do pelotão nacional. Muito experiente, o ciclista da Credibom/LA Alumínios/Marcos Car estará motivado em cotninuar nas boas exibições, sabe que tem de ganhar tempo na montanha. Jon Aguirre deu luta na primeira chegada em alto, está a ter uma excelente oportunidade para conseguir um grande resultado., numa Kern Pharma que tem em José Felix Parra um ciclista mais experiente e adaptado a estas chegadas. A alta montanha é música para os ouvidos de Mikel Bizkarra, o espanhol continua a ser muito regular e quanto mais dura for a etapa melhor. Luis Angel Mate e Joan Bou serão alternativas, acreditamos que Bou seja o ciclista mais resguardado, é o que se defende melhor no contra-relógio.

O Observatório de Vila Nova foi madrasto para as aspirações da Efapel. Abner Gonzalez perdeu algum tempo e está, ainda mais atrasado, se quiser fazer um bom lugar tem de começar a recuperar. Henrique Casimiro também esteve longe, tem aqui uma montanha boa para si. Delio Fernandez venceu aqui o ano passado, sabe muito de ciclismo e como tem de correr para voltar a surprender. Na Sabgal/Anicolor, Artem Nych é a alternativa, o russo desiludiu um pouco ontem, esperava-se mais. Já com bastante tempo perdido, Jonathan Caicedo pode ter liberdade para atacar de longe, tem é de mostrar melhores pernas pois fez isso ontem mas explodiu rapidamente. Por fim, Ander Okamika e Hélder Gonçalves são ciclistas de alta montanha, vão gostar desta subida.



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Super-jokers

Os nossos super-jokers são Emanuel Duarte e Edgar Cadena.

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