Uma etapa de transição, mas que pode dar muito que falar, quase 3000 metros de acumulado entre Felgueiras e Viseu na ressaca da Senhora da Graça e na véspera da Torre.
Percurso
Jornada de média montanha entre as etapas de alta montanha a ligar Felgueiras a Viseu. É um dia de constante sobe e desce em que raramente há um metro plano, mesmo depois das 2 contagens de montanha a meio da jornada. A cerca de 35 kms da meta há 3,2 kms a 5,5%, a menos de 20 kms do final 2,6 kms a 6,9% e a cerca de 12 kms da meta 1 km a 6%.
Com quase 3000 metros de acumulado os sprinters estão longe de ter uma tarefa fácil e mesmo que haja pequenos comboios na parte, estes serão perturbados pelo traçado sinuoso na cidade de Viseu. São 6 rotundas ao todo nos últimos 3000 metros, 2 delas no quilómetro final e ainda a passagem por um túnel já perto da meta.
Tácticas
A etapa de hoje deu um novo panorama à classificação geral. Há certas equipas que terão de fazer alguma coisa e realisticamente esta é a penúltima oportunidade, visto que depois da etapa da Torre não há propriamente terreno para fazer diferenças na montanha. O problema é que este é o único dia de intervalo entre as etapas decisivas, será que as formações que hoje perderam mais querem arriscar amanhã ou guardar forças para a Quinta-Feira?
O terreno é muito complicado para perseguições, pensando nas equipas dos sprinters e não acreditamos que a W52-FC Porto trabalhe o dia todo para Daniel Mestre tendo em conta a priorização da classificação geral. Tendo em conta esta indefinição e o percurso não é de descartar uma fuga a triunfar, se houver vontade de equipas como a Radio Popular Boavista ou a Efapel pode ser uma etapa com muito espectáculo.
Favoritos
Nesta Volta a Portugal estamos a ver uma faceta de Daniel Freitas na alta montanha que ainda não tínhamos visto. O ciclista da Miranda-Mortágua está em 6º após a etapa da Senhora da Graça, está claramente em grande forma e num grupo reduzido de 30 a 40 ciclistas será dos melhores finalizadores. A equipa de Mortágua terá de encontrar alianças neste cenário.
A Efapel quer ultrapassar o dia complicado que teve hoje, e nada melhor do que com uma vitória. César Fonte está no limite de tempo para entrar em fugas, quase 5 minutos na geral, mas o ciclista de Viana do Castelo estará no terreno que gosta, sobe e desce, subidas relativamente curtas e pode ter liberdade.
Outsiders
Neste tipo de finais Vicente Garcia de Mateos é sempre um nome a ter em conta. Há a possibilidade da Aviludo-Louletano trabalhar a pensar no triunfo no espanhol, que tem uma boa ponta final. Já venceu neste local.
Outro ciclista que se encaixa nas características deste traçado é Daniel Mestre, mas resta saber se o 2º classificado em Viana do Castelo terá de trabalhar ao longo do dia ou não. A W52-FC Porto não perseguirá a fuga per si, sem razão de classificação geral, mas ainda tem Samuel Caldeira e Rui Vinhas antes de Mestre entrar ao serviço.
Diego Rubio conseguiu integrar o top 10 em Viana do Castelo, sendo hoje uma jornada demasiado dura para ele, perdeu bastante tempo para ter liberdade. O espanhol da Burgos-BH está claramente com boa condição física e de certeza que marcou a etapa de amanhã no livro de prova.
Possíveis surpresas
O perfil parece-nos demasiado duro para sprinters mais puros como Dan McLay ou Riccardo Minali, enquanto que dos nomes para a fuga se destacam Hector Saez (já sabe o que é ganhar na Volta a Portugal), Rob Britton (canadiano muito experiente e com resultados de valia no circuito norte-americano), Emanuel Duarte (muito azarado até agora com 2 quedas, mas com motor para dar e vender), Rafael Lourenço (próximo de 1 vitória em 2019), Gavin Mannion (norte-americano que vinha com altas expectativas) e Jesus del Pino (um bom puncheur que também já está muito afundado na geral). Atenção ainda a Luís Gomes, Rafael Silva para um sprint em grupo reduzido, e ainda Delio Fernandez e Anthony Delaplace para um ataque dentro dos 20 kms finais.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são Mauro Finetto e Jon Irisarri.