Primeira oportunidade para os muitos sprinters presentes na Volta a Itália, não sem antes terem de negociar um final traiçoeiro, com algumas colinas à mistura.

Percurso

Este traçado obviamente que tem como ponto fulcral os 10 quilómetros finais, numa jornada que nem 1000 metros de acumulado totaliza. Vai ser importantíssima a colocação para a última subida, os ciclistas têm um par de curvas bem apertadas na entrada da colina e o pelotão vai alongar muito ao longo dos 1600 metros a 5,3%, sendo que as rampas passam dos 6%, é uma colina constante. Depois o final é simples, veremos se há organização porque a última curva, que por sinal é bastante apertada, está a 1200 metros da meta.

Tácticas

Esta pode ser vista como a primeira oportunidade para os sprinters, com algumas possíveis armadilhas pelo caminho. Poderá haver a presença de algum vento lateral e as colinas no último terço podem encorajar alguns ciclistas a, pelo menos, tentar a sua sorte. Eu acredito que teremos um sprint em pelotão compacto por alguns motivos.

Primeiro o nível global de competitividade nos sprints será mais elevado do que nas etapas de montanha e com tantas equipas a “fugir” de Pogacar, há mais do que poder de fogo para anular fugas ou tentativas de ataque. Depois temos o facto de ainda estarmos com ciclistas frescos, equipas completas, não há ainda o clássico desgaste de uma Grande Volta. O facto de haver tantos sprinters de bom nível sem um claro dominador incentiva a que haja várias formações a assumir uma perseguição. As características do comboio poderão ser importantes aqui para gerir o momento de ataque à frente, ter corredores polivalentes.

Favoritos

Jonathan Milan – O sprinter da Lidl-Trek tem este perfil imponente, de “tanque”, a lembrar Marcel Kittel, no entanto mostrou nas clássicas do empedrado que passa muito bem as colinas tendo em conta a sua fisionomia. A formação norte-americana aposta forte no possante transalpino, também por isso quase não tem apoio na montanha para Juan Pedro Lopez. Um comboio com Bagioli, Stuyven e Consonni é praticamente perfeito para este traçado.




Tim Merlier – Ao longo da temporada tem sido um dos protagonistas dos sprints ao longo do ano, juntamente com Jasper Philipsen, num duelo de titãs. Chega a esta Volta a Itália com 7 vitórias e tem a tendência de vencer cedo nas Grandes Voltas, é daqueles sprinters que acusa um pouco o desgaste ao longo das 3 semanas. O comboio levanta algumas dúvidas pela falta de “teste”, Alaphilippe, van Lerberghe e Lamperti.

Outsiders

Olav Kooij – É um sprinter que passa muito bem este tipo de colinas, como se viu por exemplo nos Europeus do ano passado, a grande questão que paira sobre ele é a queda que sofreu hoje e que lhe impedir um bom descanso. Caso esteja a 100% é um grande candidato, tendo Christophe Laporte como lançador, Affini e van Dijke como outros elementos do comboio.

Caleb Ewan – Sinto que nos sprints mais acessíveis não vai ter grande hipóteses contra corredores mais possantes, esta será uma boa chance para limpar a imagem de uma temporada que não está a correr nada bem. Não se fala muito do comboio da Jayco, mas Hepburn, Walscheid e Mezgec é um dos melhores aqui presentes, principalmente o esloveno como lançador principal.

Phil Bauhaus – Já fez pódio no Giro 2022 e no Tour 2023, será desta que quebra o enguiço. O alemão é um dos sprinters mais consistentes do pelotão internacional e invariavelmente consegue colocar-se bem, terá de se apoiar na capacidade de Andrea Pasqualon neste final.

Possíveis surpresas

Juan Molano – Ciclista muito perigoso, com uma ponta final temível, completo e que é capaz do melhor e do pior. A UAE vai querer estar sempre bem colocado para proteger Pogacar e o colombiano pode beneficiar disso, depois tem um dos melhores lançadores deste pelotão, Rui Oliveira, o timing será essencial. O desgaste adicional de ter trabalhado estes dias pode passar factura no final.




Christophe Laporte – Em condições normais creio que este dia seria somente para Kooij, a queda do holandês e as possíveis consequências abrem um pouco a porta a Laporte, quer para ser ele a aposta da Visma ou então para uma tentativa de ataques no final.

Kaden Groves – Uma das grandes incógnitas neste departamento, ganhou etapas na Vuelta 2022, no Giro 2023 e na Vuelta 2023, chega com currículo, só que ainda não impressionou nada este ano, parece-lhe faltar o clique de confiança.

Biniam Girmay – Não acho que esta seja a praia do eritreu, que tem problemas crónicas de posicionamento, é mais talhado para grupos bem mais reduzidos, pode ser que escolha a roda certa e não tenha receio deste final.

Fabio Jakobsen – Um grande fã dos finais planos, questiono se estará à vontade nas colinas, ainda não me impressionou esta época, o triunfo na Volta a Turquia não é muito significativo perante este nível de pelotão.

Tobias Lund Andersen – Este corredor sim, impressionou-me pela idade, facilidade e poder demonstrado em estradas turcas e na teoria estará bem mais confortável num terreno tortuoso face a Jakobsen, poderá ser ele a aposta da DSM.

Alberto Dainese – Incrível como uma estrutura ProTeam como a Tudor vem com uma aposta sólida ao top 10 da geral e um candidato a vitórias ao sprint apoiado por um bom comboio. Há muito poder entre Kamp-Krieger-Trentin-Mayrhofer e, potencialmente uma boa química entre lançador e sprinter, sabendo que nos dias mais complicados é para o alemão. Acho que Dainese é um sprinter que lida bem com o desgaste da montanha ao longo das Grandes Voltas, terá mais probabilidade de sucesso mais para a frente.

Danny van Poppel – Não terá muito apoio da equipa, coloca-se globalmente muito bem e é um sólido candidato ao top 10, não espero um pódio.

Fernando Gaviria – Com Quintana bem longe do seu melhor, Gaviria é a grande aposta, a par de Diego Rubio. Globalmente é uma Movistar discreta, ainda que com um comboio aceitável com Albert Torres e Davide Cimolai. Gaviria é perigoso, conhecido por lançar sprints de muito longe para surpreender, veremos se vai tentar.

Laurence Pithie – Não o considero um puro sprinter, longe disso, mas é um corredor com uma boa ponta final e que passa muito bem as subidas, a Groupama-FDJ até será das equipas mais interessadas em endurecer a corrida em favor do australiano.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Max Kanter e Ethan Vernon

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