O Tour sai do País Basco e entra em território francês com a jornada mais acessível desta Volta a França até agora, a primeira grande oportunidade para os puros sprinters, quem sairá vitorioso?
Percurso
A etapa tem 193,5 kms e o desnível está praticamente todo concentrado nos primeiros 102 quilómetros, que têm 3 contagens de montanha de 3ª categoria e 1 subida de 4ª categoria, não seria nada surpreendente ver Neilson Powless novamente na fuga do dia. O final é muito curioso e muito técnico, tem de ser estar na frente desde bem cedo, a aproximação entre os 5 e os 2 quilómetros para a meta tem muitas rotundas e a estrada estreita bastante, há uma rotunda a cerca de 300 metros da meta, feita pela esquerda e os últimos 100 metros empinam ligeiramente, vai ser um final muito interessante.
Tácticas
Não creio que haja muito terreno para os sprinters serem surpreendidos, vai haver imensas equipas interessadas em controlar a fuga e quem queira os pontos da montanha. O clima vai estar quase perfeito para a prática da modalidade, vento fraco a moderado, cerca de 23 graus de temperatura, a probabilidade de chuva é muito reduzida. Num final destes creio que vai sair por cima quem tenha um comboio grande ou quem tenha um lançador super potente que venha bem colocado e o deixe a cerca de 200 metros da meta.
Favoritos
Jasper Philipsen – Tem de começar a somar pontos com uma vitória ou um pódio, tem mostrado ambição nos sprints intermédios e já leva 21 pontos contra os 36 de Wout van Aert e não tem disputado as etapas. Isso confere-lhe alguma vantagem contra o ciclista da Jumbo-Visma em particular que tem desgastado muito mais. Acho que a estratégia vai passar por ter um comboio curto, aproveitar o trabalho da Quick-Step e atacar o último quilómetro de forma decisiva com Soren Kragh Andersen e Mathieu van der Poel, que percebem muito disto.
Fabio Jakobsen – Deu algumas boas indicações antes do Tour e já no ano passado ganhou mais ou menos nesta altura da competição, é um dos sprinters que mais tem a ganhar nesta primeira semana. Se a Quick-Step acertar nos timings do comboio e o holandês se conseguir manter na roda dos seus colegas, tem tudo para vencer, com Alaphilippe, Lampaert e Morkov tem um comboio muito perigoso.
Outsiders
Mads Pedersen – Hoje impressionou particularmente o tempo que resistiu com os melhores a subir, está em boa forma. Coloco Pedersen nesta categoria apesar de não ser um puro sprinter pelo facto de saber que não terá assim tantas chances neste Giro e porque o comboio Kirsch e Stuyven é dos mais experientes e que habitualmente melhor navega estes finais bem técnicos, o final ligeiramente a subir é muito bom para ele.
Wout van Aert – Tem de canalizar toda a raiva que sentiu hoje para se tentar vingar da “derrota” amanhã. Há pontos positivos a reter, o maior deles todos é que resistiu com os melhores a subir mesmo a um ritmo diabólico. Com o pelotão tão repleto e cheio de energia não descarto que as quedas sejam mais comuns do que o normal num final destes, portanto a Jumbo-Visma vai povoar a frente do pelotão para proteger Vingegaard e em consequência o belga vai aproveitar isso.
Sam Welsford – Sim, esta é uma aposta bem longínqua, mas creio que este final tem tudo para ser ganho por alguém até mais surpreendente que num sprint normal, será o primeiro final destes, vai reinar a confusão e habitualmente a DSM até gosta de vir cedo para a frente, pode ser muito benéfico aqui. Welsford já ganhou a grandes nomes este ano em San Juan e o duo Edmondson-Eekhoff está a ser subvalorizado.
Possíveis surpresas
Dylan Groenewegen – Há algumas interrogações sobre ele, primeiramente preferiria uma etapa mais plana, algo a rondar os 1000 metros de acumulado e não os 2500 metros, pode-lhe retirar alguma potência, depois porque a Jayco também está preocupada com Simon Yates, isso é um factor de distracção para o comboio do holandês que muitas vezes perde a roda do seu lançador num final destes.
Biniam Girmay – A sua melhor hipóteses vai ser em finais com grupo reduzido, aqui será mais complicado vingar, não só em sprints massivos não se coloca assim tão bem como não tem um comboio assim tão bom.
Phil Bauhaus – Tem capacidade, motivação e pernas para surpreender, mas numa equipa tão carregada de ciclistas da geral vai ter de confiar cegamente em Nikias Arndt para o guiar.
Caleb Ewan – O comboio parece muito forte e muito sólido, a condição física e as vezes que Ewan perde a roda dos seus companheiros é que não, veremos se as estrelas se alinham desta vez, só assim o “Pocket Rocket” conseguirá ganhar.
Mark Cavendish – O nível aqui é superior ao do Giro no que toca a sprints e parece estar a acusar um pouco o desgaste desse Giro, ficando para trás bem cedo algumas vezes.
Jordi Meeus – Um sprinter que para mim tem pouca pressão em cima, nem está a ser focado propriamente com a liderança de Hindley. Vejo-o um pouco à medida de Bauhaus, a dupla Haller-van Poppel pode fazer estragos, mas depois duvido que tenha a ponta final estes 300 metros, é possível fazer pódio, a vitória parece-me impossível.
Alexander Kristoff – Os metros finais em ligeira subida até serão bons para ele e se a Uno-x acertar no timing de lançamento com Tiller-Waerenskjod vai ser um candidato ao pódio.
Peter Sagan – Top 5 já seria um resultado bastante bom, o eslovaco está já bem longe do seu melhor momento e recentemente até perdeu os Nacionais.
Bryan Coquard – Não gosta muito de se meter nesta confusão, estará à espera de uma etapa bem mais selectiva do que isto.
Corbin Strong – Exactamente o mesmo que escrevi sobre Coquard
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Luca Mozzato e Stan Dewulf