Amanhã teremos um final clássico em Castelo Branco, uma capital de distrito que habitualmente recebe uma chegada da Volta a Portugal. Será a formação de Mortágua capaz de fazer o “poker” e voltar a envergar a camisola amarela?

 

Percurso

Na Volta a Portugal não há etapas fáceis e amanhã, não foge à regra. Apesar de tudo isto, a 4ª tirada é uma das mais fáceis de toda a competição. Até ao quilómetro 90 as dificuldades não existem, apenas o terreno ondulante do interior de Portugal, surgindo aí o Monte Paleires (3,9 kms a 5,5%). O terreno torna-se muito rápido até aos 35 quilómetros finais, onde aparecem 2 contagens de 3ª categoria.

A Serra de São Miguel (4,9 kms a 3,7%) e a subida do Retaxo, que basicamente é um longo falso plano, com 13,6 kms a 2,3%, são as dificuldades que os ciclistas terão pela frente, com a última a terminar a 13 quilómetros do fim. Como já é habitual nas chegadas em Castelo Branco a parte final empina ligeiramente e, para além disso, a chegada é bastante técnica e estreita. A juntar a tudo isto, o final é em empedrado.

 

Tácticas

Esta chegada a Castelo Branco é um clássico da Volta a Portugal, os últimos 100 quilómetros são uma cópia a papel químico da etapa de 2022. João Matias foi o último vencedor diante de Scott McGill e Mauricio Moreira, em 2021 Kyle Murphy ganhou graças a uma fuga, em 2019 Daniel Mestre triunfou à frente de Clement Russo e August Jensen, em 2017 Samuel Caldeira venceu com Parrinello e Pouhlies no seu encalce, Eduard Prades e José Gonçalves já tinham ganho antes.




A questão deste final em Castelo Branco não é propriamente a subida do Retaxo, é o complicado final, que também é muito técnico. Será de esperar que a Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua persiga a fuga, isto se quiser dar oportunidade de vitória a um dos seus sprinters e eventualmente voltar a envergar a camisola amarela com João Matias. A Glassdrive/Q8/Anicolor pode não estar disposta a gastar muitas energias, já teve o símbolo de liderança e depois temos a Torre logo a seguir. Podemos ver algum trabalho de equipas que têm sprinters que passam bem subidas, caso da Burgos-BH com Pelegri, da Voralberg com Meiler ou Ruegg, ou da Kelly para Luís Gomes, que também gosta de um final empinado, é um final em que dificilmente veremos um Daniel Babor na luta, podemos ver um Linarez na ajuda a Matias para dar a camisola amarela ao seu colega. O vento no Retaxo estará lateral/ligeiramente de frente.

Creio que teremos um sprint em pelotão reduzido, veremos um pelotão relativamente grande ainda a entrar em Castelo Branco, depois a tecnicidade e a dificuldade do final vão fazer das suas.

 

Favoritos

João Matias – Vencedor hoje com uns 200 metros finais incríveis depois de colocar na perfeição Leangel Linarez por 2 vezes, tem agora a camisola amarela ao seu encalce e isso pode fazer magia psicologicamente. Conhece muito bem este final, ganhou em 2022 diante do poderoso Scott McGill. Se ganhar amanhã fica também na luta pela classificação por pontos.

Antonio Jesus Soto – Trepador decente, é um bom finalizador que está habituado a rondar o 10º posto mesmo entre equipas ProSeries e do World Tour, até já tem 3 top 10 na Vuelta. Num final mais duro e com um grupo mais reduzido acho que vai ser um corredor bem perigoso tendo em conta este pelotão.

 

Outsiders

Oscar Pelegri – Será quase impossível que Miguel Angel Fernandez esteja no grupo principal, Pelegri deverá ser novamente a aposta da Burgos-BH e o espanhol sempre gostou destes finais técnicos e em subida, hoje vimos como se conseguiu colocar quase no sítio certo e só foi superado por um super João Matias.

Luís Gomes – A Kelly/Simoldes/UDO tem estado particularmente activa e o ciclista português quer culminar uma época incrível com um triunfo na prova velocipédica com maior visibilidade no país. É alguém com boa ponta final e que é ainda melhor nos finais em subida, até já ganhou em Santa Luzia, ainda mais duro do que amanhã. Sabendo da dificuldade que será ganhar na alta montanha tem amanhã uma boa chance.




Mauricio Moreira – Amanhã pode começar-se a jogar a Volta a Portugal com uma ou outra pequena bonificação, Mauricio Moreira antes de terminar a sua transformação na montanha era um bom finalizador e mostra isso todos os anos na Volta a Portugal, foi 3º aqui no ano passado e estando bem colocado não vejo porque não repetir.

 

Possíveis surpresas

Francisco Campos – Nunca foi propriamente um puro sprinter, já em sub-23 quando corria na Mortágua gostava de pequenas subidas, por isso é normal que se pense nele no final de amanhã, é a primeira vez que tem oportunidade de liderar uma equipa destas na Volta a Portugal, o maior problema tem sido colocar-se.

César Martingil – Está neste momento com boas pernas, 4º em Ourém e em Vila Franca de Xira, gosta de finais em ligeira subida, já fez top-5 em Évora e 11º neste final, precisa é de uma colocação bem melhor e sem comboio é muito difícil.

Rafael Silva – Tem falhado alguma colocação e coordenação do comboio da Efapel, é complicado quando se tem de proteger ciclistas para a etapa e para a geral, sendo que Joaquim Silva tem estado muito debilitado. É regular, este ano já ganhou em Trancoso num grupo reduzido.

Hugo Nunes – Longe de ser um sprinter, mas é um bom finalizador e tem bom “faro” para a colocação, não é por acaso que já tem 2 top 10. Com um leque de sprinters mais reduzido pode perfeitamente terminar no top-5.

Leangel Linarez – Creio que o final é no limite para a sua fisionomia como sprinter, ainda para mais se pensarmos o desgaste acumulado dos últimos dias não só físico como psicológico. Mas como está na forma da sua vida nunca se sabe.

Calum Johnston – Fiquei impressionado com o britânico hoje em Loulé, fez top 10 mesmo não sendo um grande finalizador, está em boa forma. No ano passado na etapa de Braga terminou no grupo da frente e foi competitivo no sprint, pode surpreender.

Andoni Lopez de Abetxuko – Ontem dissemos que tem falhado na colocação, voltou a acontecer o mesmo hoje, não tem havido grande química entre os bascos. No ano passado foi top 20, estava lá no final e conhecer esta chegada é bom para o jovem de 24 anos.

Lukas Ruegg – Dificilmente irá ganhar, no entanto o top 10 é uma boa possibilidade, é um ciclista regular e a sua equipa tem conseguido estar na frente nas alturas certas.

Luís Mendonça – Gostará da descida até Castelo Branco, e até diria que a sua melhor hipótese é atacar precisamente aí e esperar que haja uma grande hesitação entre os perseguidores, é um corredor que já conquistou algumas vitórias desta forma.

Carlos Salgueiro – É um ciclista explosivo e bom em finais com o grupo mais restrito, foi 8º em Vila Franca de Xira e apontará novamente ao top 10.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são. Lukas Meiler e Miguel Angel Fernandez.

By admin