Antes do dia de descanso, o pelotão mantém-se pela região da Guarda com mais uma dura etapa de montanha. Depois das grandes diferenças feitas no dia de hoje, quem terá forças para atacar?

 

Percurso

Depois de uma duríssima chegada à Torre e antes do esperado dia de descanso na Guarda, será precisamente a capital de distrito a receber o final da 4ª etapa. Com partida no Sabugal e uns duros 165 kms é uma jornada com 2 fases bem distintas. A primeira tem cerca de 115 kms e apesar de algum sobe e desce é relativamente acessível, sem subidas com um grau de dificuldade elevado (apenas uma contagem de montanha).



As coisas complicam nos últimos 50 kms, começando com a subida de Famalicão da Serra (8,3 kms a 4,6%) e, logo de seguida, com uma subida já dentro da Guarda (6,3 kms a 4,5%). No topo, menos de 25 quilómetros para o fim, e muito rapidamente chegam à primeira passagem pela meta. 3200 metros a 6,2% no entanto a dureza principal está guardada para os últimos 500 metros, muito duros e feitos em empedrado. A primeira passagem dá-se a 14 quilómetros do fim, fase de planalto, curta descida e nova subida até ao centro da Guarda.

 

Táticas

Hoje vimos uma subida ao Alto da Torre bastante anárquica. Afonso Eulálio foi, de longe, o ciclista mais combativo, mas houve uma altura em que muitos atletas saíam do grupo dos favoritos sem que ninguém respondesse, incluindo o líder Colin Stussi. Os blocos das equipas não são os mais fortes e os que estão mais bem constituídos preferem atacar muito a corrida, endurecendo a mesma.

Amanhã a etapa pode não ser de alta montanha, no entanto será corrida como tal. Esta é uma etapa que costuma dar muit espetáculo, com ataques de longe que costumam partir a corrida, algo que podemos ver amanhã. Afonso Eulálio está na liderança mas sabe que tem de continuar a recuperar tempo. Para além disso, a partir do 5º classificado já estão a mais de 1 minuto, numa prova de semana e meia é muito tempo, esses ciclistas têm que recuperar. Há, também, equipas com o orgulho ferido, como a Sabgal/Anicolor e a Efapel Cycling, têm que mostrar mais.

 

Favoritos

Abner Gonzalez tem passado um pouco ao lado da corrida, está na hora de aparecer. A Efapel Cycling tem de mudar o foco e nada melhor que o fazer numa etapa perfeita para o porto-riquenho. Subida não muito longas mas duras o suficiente para fazer diferenças, onde Gonzalez se consegue destacar. Não terá resposta imediata, já está algo atrasado.



A Euskaltel-Euskadi é uma equipa com várias opções, Joan Bou pode ser jogado de forma estratégica. O espanhol é um trepador bastante competente e, sendo um ciclista basco, é um corredor muito combativo. A equipa espanhola venceu neste local na temporada passada e dessa forma, sabe o que tem de voltar a fazer.

 

Outsiders

A Sabgal/Anicolor tem de fazer mais, quem sabe se Frederico Figueiredo não terá a sua oportunidade. Nota-se que o português está limitado mas mesmo assim continua a ter muita qualidade e continua a ser um dos bons trepadores do pelotão. Já atrasado e não sendo um perigo para o contra-relógio, Figueiredo poderá ter liberdade.

A ABTF Betão-Feirense pode ter a liderança mas quanto mais atacar a corrida melhor e, é aí que entra António Carvalho. O experiente ciclista pode vir a ter um papel parecido ao que Afonso Eulálio teve hoje, atacando, de forma a endurecer a corrida, e no meio de tantas movimentações conseguir escapar aos favoritos.

Jon Aguirre tem passado um pouco debaixo do radar mas está a fazer uma Volta a Portugal de excelente nível. Muito perto da liderança, o ciclista da Kern Pharma está muito regular. Sendo menos conhecido, poderá não ser marcado diretamente pelos principais candidatos e, quem sabe, fugir para a vitória e para a liderança.

 

Possíveis surpresas

Colin Stussi foi um ciclista muito calculista no dia de hoje. Respondeu a poucos ciclistas, deixou muitos fugir e só atacou a 4 quilómetros do fim. É certo que perdeu a liderança mas está na luta da Volta a Portugal, continua bastante sólido. Afonso Eulálio sabe que tem de continuar a ganhar tempo mas amanhã não terá a mesma liberdade. Mostrou-se muito forte na Serra da Estrela, a fugir terá de ser à base da força. Diego Camargo não tem medo de atacar, aproveitou bem a oportunidade no dia de hoje, tem de continuar assim. Continua a não ser muito marcado, pode-lhe valer o sucesso. Jesus del Pino é muito combativo e, depois de uma exibição menos positiva, quer voltar a dar nas vistas, algo que é bem possível de acontecer. Delio Fernandez, Mikel Bizkarra e Luís Fernandes preferiam subidas mais longas mas a etapa só por si já é muito dura, estando no local certo à hora certa pode resultar.



É certo que não está assim tão atrasado, mas a geral começa a ser uma miragem para Mauricio Moreira, por isso tem de tentar as etapas. As subidas de amanhã não são tão íngremes, o que pode beneficiar o uruguaio. O companheiro Artem Nych tem estado muito apagado, longe do que apresentou ao longo da temporada. Tiago Antunes esteve na fuga de hoje, em busca dos pontos da montanha, não nos admiravamos que voltasse a tentar amanhã, numa etapa bem ao seu jeito. Ainda para a fuga, olho em Joaquim Silva, Afonso Silva e Hélder Gonçalves.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são José Felix Parra e Tiago Leal.

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