A montanha continua a aparecer sorrateiramente no Giro e, amanhã, as dificuldades serão ainda maiores. Teremos o primeiro duelo entre os favoritos ou nova fuga terá o seu sucesso?

 

Percurso

Esta é uma jornada com moldes semelhantes à de hoje, mas muito mais dura. A primeira parte volta a ser bastante rolante, os primeiros 80 kms são rolantes e depois começa o carrossel habitual do Giro. A primeira contagem de montanha tem 3,5 kms a 7,3%, mas antes disso há 4 colinas que até são bastante duras. Existem cerca de 20 kms de descanso antes de uma das contagens de 3ª categoria mais duras que já vimos.



São 8,5 kms a 5,8%, mas cujos 2 kms finais são a 10,9%. Segue-se mais 20 kms bastante acessíveis antes de uma subida com 4000 metros a 7,3% que nem sequer é categorizada. O Colle Passerino é a montanha mais dura do dia, com 4 kms a 9,3%, cujo cume está a 2,6 kms da meta. O miolo desta subida tem 2 kms a 11%, uma verdadeira parede. Até à meta há uma ligeira descida e os 1000 metros finais empinam novamente.

 

Tácticas

A grande questão nesta jornada é quem vai querer controlar o dia todo. A Ineos Grenadiers tem, na teoria, essa obrigação por ter a camisola rosa no corpo de Filippo Ganna, no entanto eles têm plena consciência que o italiano não vai resistir à subida final. Ou seja, podem estar a desgastar-se e a perseguir para outra equipa fica com a rosa. Existe a hipótese da equipa britânica considerar isto como algo bom, passar o ónus da responsabilidade para outra formação.

Desde que aconteceu a famosa quebra a Simon Yates no Giro, a BikeExchange gere as Grandes Voltas com pinças e não vai querer a liderança, quem eventualmente vai querer a rosa é a Deceuninck-Quick Step, procura sempre protagonismo e Remco Evenepoel já mostrou que esse é um objectivo e que tem boas pernas mesmo no seu regresso.



Outro vector importante poderá ser a Israel – Start Up Nation, 4 kms tão inclinados numa etapa com cerca de 3000 metros de desnível são perfeitos para Dan Martin, será que a equipa confia no irlandês para perseguir tendo em vista a vitória em etapa?

Não haverá muitos interessados em perseguir a fuga, mas também não parece haver muitas condições para a fuga vingar porque há ainda muita gente próxima na geral, os primeiros 20 kms amanhã serão muito importantes.

 

Favoritos

Já aqui referimos que Remco Evenepoel está cheio de vontade de envergar a maglia rosa e amanhã tem uma oportunidade de ouro. O belga adora o tipo de subidas que terá pela frente amanhã, curtas e explosivas, está ainda mais leve que no ano passado e quererá aproveitar ao máximo. Em grupos restritos é bastante rápidos mas conhecendo a sua personalidade quererá chegar isolado.



Esta é uma grande oportunidade para Dan Martin. O irlandês não é um puro trepador por isso estas etapas são aquelas que pode vencer. É um corredor muito explosivo, gosta de subidas muito inclinadas onde consegue imprimir muita potência. Em pequenos grupos também não é lento.

 

Outsiders

A outra arma da Deceuninck-QuickStep é João Almeida! O português abriu o Giro em grande estilo, está já muito bem colocado na geral e sabe que é neste tipo de etapas que tem que começar a fazer diferenças. Até poderá atacar na subida final no entanto que num sprint entre os principais candidatos à vitória final é onde tem mais hipóteses. Em 2020, envergou a camisola rosa logo aos primeiros dias, repetir-se-á a história?

Giulio Ciccone esteve muito ofensivo hoje e não será descabido pensar que amanhã terá o mesmo papel. O italiano é muito combativo e, apesar de estar perto na geral, não é uma séria ameaça. Muito bom trepador, não tem medo de arriscar nas descidas e, em pequenos grupos será sempre dos mais fortes.



Uma fuga também tem fortes hipóteses de vingar e aí o nome que destacamos é Felix Grosschartner. O austríaco perdeu bastante tempo hoje e por isso terá liberdade. No recente Tour of the Alps atacou quase todos os dias e conseguiu vencer uma etapa bastante dura. Trepador competente, é rápidos em pequenos grupos.

 

Possíveis surpresas

Pello Bilbao é um corredor que não tem medo de atacar, vimos isso nas últimas competições, e acreditamos que terá alguma liberdade dentro da sua equipa. Se a oportunidade surgir tentará, nem que seja na descida. Simon Yates tem, aqui, uma etapa ao seu jeito, com um final explosivo, mesmo não tendo o tempo chuvoso a seu favor. Sendo um dos grandes candidatos quererá marcar, desde cedo, posição e se a oportunidade surgir não vai desperdiçar. Marc Soler, Egan Bernal, Aleksandr Vlasov, Hugh Carthy e Pavel Sivakov são corredores que vemos com potencial para atacar na última subida e tentar chegar isolados à meta mas devido à sua perigosidade na geral final não deverão ter muita liberdade, devendo ter sempre companhia. Muita atenção a Davide Formolo, um especialista deste tipo de terreno, costuma entrar forte nas Grandes Voltas. Para a fuga, destacamos Simone Petilli, um corredor que impressionou muito no Tour de Romandie, Alessandro de Marchi, Simon Carr, Remy Rochas e Valerio Conti.



 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Clement Champoussin e Thomas de Gendt.

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