O Giro entra em Itália pela Sicília e logo com uma chegada em alto! O Monte Etna, subida de boas recordações para João Almeida, marcará o primeiro grande embate entre os homens da classificação geral.

 

Percurso

A primeira etapa em solo transalpino é relativamente fácil de explicar. Apesar de não ser plana, os primeiros 130 quilómetros são relativamente acessíveis, contando apenas com um longo falso plano nos primeiros 50 quilómetros de etapa.



Tudo se vai decidir nos derradeiros 23 300 metros de etapa, com a subida ao Monte Etna, via Sapienza (diferente daquela escalada em 2020 quando João Almeida envergou a camisola rosa).

23,3 quilómetros a 5,9% revelam que esta não é a subida mais dura do Mundo. A sua extensão será o maior obstáculo, numa subida bastante regular e que apenas tem um quilómetro a cerca de 10% (à falta de 9 quilómetros). O final é relativamente plano, pelo que os ataques terão de acontecer de longe.

 

Táticas

Historicamente, esta é uma subida que nunca faz grandes diferenças entre os primeiros. Apesar da sua extensão, a dureza não é muita e, para além disso, muitas das vezes, o vento prejudica os ciclistas de ataque, pelo que estes preferem seguir no grupo. Amanhã, espera-se algum vento, pelo que os ataques poderão não ter o seu sucesso.

Outra questão é a seguinte: quererão as principais equipas da geral assumir já a liderança da corrida? Não nos parece, pelo que dificilmente veremos BikeExchange e INEOS Grenadiers a perseguir a fuga do dia. Tudo estará nas mãos de outras equipas que sonham em ter a camisola rosa, nem que seja por alguns dias. Se sentirem a oportunidade não vão querer desperdiçar, caso contrário teremos uma fuga a triunfar, tal como aconteceu em 2020, com Jhonatan Caicedo.

 

Favoritos

Pello Bilbao chegou ao Giro em grande forma, após um excelente Tour of the Alps e, ainda no começo da prova, deverá ter alguma proteção por parte da Bahrain-Victorious. O basco é um corredor ofensivo no entanto acreditamos que será guardado para o sprint final, depois de, possivelmente, vermos Mikel Landa ao ataque. Entre os favoritos, será um dos mais rápidos.



Não seria descabido vermos uma fuga a triunfar e, aí, destacamos Rein Taaramae. Não é preciso recuar muito no tempo, pois na última Vuelta, o estónio foi o vencedor da primeira chegada em alto, também através de uma fuga. O ciclista da Intermarché-Wanty está a andar muito bem e quererá aproveitar isso pois alguns dos “caça-etapa” deverão guardar-se mais para as duas semanas finais.

 

Outsiders

Esta é uma chegada que traz excelentes recordações a João Almeida, foi aqui que o português envergou a maglia rosa em 2020. Almeida fez excelentes exibições na montanha esta temporada, parece estar ainda melhor, e esta é uma subida perfeita para si, longa e regular, onde consegue gerir o esforço. Em caso de sprint, também será dos mais rápidos.

Com uma equipa muito forte para a alta montanha, a INEOS Grenadiers poderá ter vantagem numérica na parte final da etapa e isso poderá levar a vários ataques da equipa britânica e, um deles poderá ter o seu sucesso. É aqui que entra Richie Porte. O australiano está a fazer a sua despedida do Giro e vencer pela primeira vez nesta prova seria marcante.



Uma fuga sem a Drone Hoper-Androni não será uma fuga e Jefferson Cepeda pode ser a grande arma da formação italiana. O equatoriano vem de ser 2º na Volta a Sicília, sendo 2º … no Monte Etna. Ainda muito jovem, Cepeda mostra ter um potencial tremendo e, na fuga certa, poderá conseguir a grande vitória da carreira.

 

Possíveis surpresas

A vitória no contra-relógio dará, ainda mais, motivação a Simon Yates. O britânico voou em Budapeste, entrou em grande forma e quererá aproveitar enquanto está assim pois nunca se sabe quando terá um dia mau. Se sentir a oportunidade, Richard Carapaz vai aproveitar e começar a recuperar tempo para alguns e alargar a vantagem para outros. O equatoriano preparou-se em específico para o Giro, raramente falha nos seus objetivos. Entre os homens da classificação geral, Romain Bardet, Giulio Ciccone e Wilco Kelderman adaptam-se a este final, são bastante explosivos e não têm medo de atacar. A luta pela presença na fuga será muita, os primeiros quilómetros serão intensos, pelo que também será precisa alguma sorte. Nomes como Lennard Kamna, Antonio Pedrero, Attila Valter, Lorenzo Fortunato e Felix Gall chegam em excelente forma e não são nomes de grande relevo, pelo que os favoritos não se importavam de “entregar” a liderança a um deles. Atenção, ainda, a Eduardo Sepulveda, Simon Carr, Remy Rochas, Juan Pedro Lopez e o vencedor de 2020 Jhonatan Caicedo.




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