O Giro continua com mais uma oportunidade para os sprinters que, no entanto terão pela frente uma das dificuldades da Milano-Sanremo na parte final. Conseguirá Tadej Pogacar estragar os planos dos homens rápidos?

 

Percurso

190 quilómetros em mais uma jornada praticamente plana neste Giro. Uma etapa que começa em ligeira subida e culmina com a única contagem de montanha do dia, o Colle del Melogno (7,5 kms a 4,8%). Ultrapassada essa fase, uma longa descida até ao sprint intermédio localizado a 60 quilómetros da chegada. O terreno torna-se plano a partir desse momento, numa etapa que vai decorrer de forma muito rápida até aos derradeiros 5 quilómetros.



Nesse momento surge o Capo Mele. Esta é uma subida conhecida por todos, é ultrapassada todos os anos na Milano-Sanremo, 1800 metros a 4,4%. O problema poderá não estar na subida mas sim no que se segue, somente 2500 metros, sendo que a descida termina a 800 metros do fim, depois de algumas curvas e contra-curvas. O quilómetro final é praticamente em linha reta, esperando-se uma chegada muito rápida a Andora.

 

Táticas

Após a atípica etapa de hoje, amanhã deve ser um dia que segue os padrões normais com uma fuga com ciclistas de equipas italianas as principais formações dos sprinters a trabalhar. Se numa primeira fase, Soudal-QuickStep e Lidl-Trek deverão ser as mais interessadas, mais para a frente, Alpecin-Deceuninck e Intemarché-Wanty podem querer endurecer a corrida para dificultar a vida aos sprinters mais puros.

O final será muito rápido, é preciso estar bem colocado e, se existirem ataques, é preciso ter um bom bloco para apoiar o seu sprinter, talvez 2/3 ciclistas depois de passado o Capo Mele.

 

Favoritos

Tim Merlier adora sprints caóticos, cheios de confusão e hoje voltou a confirmar isso. O belga está a passar por uma grande fase, depois de no ano passado não se ter conseguido colocar tão bem, em 2024 tem conseguido “surfar” nas rodas dos seus rivais e encontrar o espaço necessário. Acredito que amanhã voltará a ser um final muito caótico, tal como aconteceu hoje e Merlier, com a confiança em grande, pode voltar a triunfar.



Jonathan Milan é um dos ciclistas mais possantes do pelotão mas, tal como referimos na antevisão de ontem, não se importa com este tipo de subidas. O italiano pode ter perdido hoje, mas fez uma excelente etapa e mostrou-se muito forte, quer nos sprints intermédios, quer na chegada. Num final tão confuso, o comboio será fundamental e é aí que entram Andrea Bagioli, Jasper Stuyven e Simone Consonni, um dos melhores da competição. Deixar Milan na frente é meio caminho para o triunfo, ainda para mais num final a alta velocidade.

 

Outsiders

Parece que Olav Kooij está recuperado da queda, foi apenas um susto. O neerlandês gosta de alguma dureza e o final de amanhã assenta-lhe na perfeição. Muito vai depender do apoio que terá, a presença de Christophe Laporte nos quilómetros finais será essencial para um bom resultado do jovem ciclista da Visma|Lease a Bike. Se estiver bem colocado será um dos grandes favoritos, num sprint a potência será fundamental.

Tobias Lund Andresen tem de aproveitar o seu grande momento de forma. O dinamarquês deve ser, novamente, a aposta da Team dsm-fiermenich, não vemos Fabio Jakobsen a chegar na frente e, o final de hoje mostrou que Andresen tem apenas que esperar pelo momento certo para lançar o sprint. É certo que não pode esperar pelos principais favoritos, pois não tem a sua ponta final mas tem que tentar surpreender, arranjando o timing ideal.

Porque não pensar num ataque no Capo Mele a ter sucesso? Tadej Pogacar é a escolha óbvia, o esloveno já tentou hoje e deve voltar a fazê-lo amanhã, é isto que dá gozo ao líder do Giro. Não serão muitos que o podem seguir na subida e se apanhar o pelotão de surpresa aí não terá companhia e chegará isolado a Andora.



 

Possíveis surpresas

Biniam Girmay está a voltar a um nível bastante aceitável, entrou no Giro motivado e pronto para repetir a glória de 2022. Se o final não é o ideal, muito rápido, o que antecede já o favorece, com uma subida endurecida a dar-lhe mais chances de vitória. Kaden Groves esteve perfeitamente bem colocado hoje mas, tal como na restante temporada, voltou a falhar no sprint e nem no top-10 terminou. Falta-lhe velocidade de ponta, tem que melhorar. Filippo Ganna é um ciclista a ter em conta para ambos os cenários. O italiano pode querer imiscuir-se no sprint, e num final muito rápido, a potência da pista pode ajudar. Também podemos ver Ganna a seguir ataques, quem não se lembra da Milano-Sanremo? Num grupo reduzido será sempre dos mais rápidos.

Caleb Ewan, Laurence Pithie e Danny van Poppel foram algumas das desilusões de hoje, são ciclistas capazes de render muito mais, têm que se saber colocar pois a dureza joga a seu favor. Jenthe Biermans foi uma agradável surpresa e poderá voltar a estar entre os primeiros. Estamos muito curiosos para ver a Tudor, se aposta em Alberto Dainese ou dá a oportunidade a Marius Mayrohfer, num final mesmo ao seu jeito. Entre os sprinters, olho, ainda em Giovanni Lonardi e Phil Bauhaus. Para ataques na subida final, Jhonatan Narvaez é o nome mais óbvio para conseguir seguir Pogacar mas Mikkel Honoré poderá voltar a tentar depois de hoje.




Super-jokers

Os nossos super-jokers são Ethan Vernon e Julian Alaphilippe.

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