O Tour está de regresso e finalmente em solo francês! Em teoria, os sprinters terão nova oportunidade para brilhar no entanto o percurso é armadilhado, o que poderá colocar alguns destes em dificuldades.
Percurso
O Tour entra em França pela Normandia para uma etapa entre Dunquerque e Calais. Não podia haver uma passagem por esta região sem aparecer o Monte Cassel, subida em paralelo e palco de decisões nos Quatro Dias de Dunquerque.
Essa subida fica bastante cedo na etapa, não deve levar a nenhuma luta senão dos pontos pela montanha. Num percurso mais ondulado que em dia anteriores, os ciclistas ainda terão pela frente mais cinco 4ª categorias, a última delas a apenas 12 quilómetros do final.
O Côte de Cap Blanc-Nez (1000 metros a 7,2% mas com zonas acima de 10%) pode dificultar a vida a alguns dos homens rápidos pois a partir daqui o percurso é muito rápido até à chegada em Calais. O final contém duas curvas perigosas, a primeira a 1400 metros do fim e a segunda a apenas 500 metros da chegada.
Táticas
O regresso do Tour é armadilhado para os homens rápidos. O percurso mais ondulante e as dificuldades perto do final podem colocar em dúvida a presença de alguns dos principais sprinters na luta pela vitória, principalmente Dylan Groenewegen e, talvez, Fabio Jakobsen.
Tudo dependerá ao ritmo a que sejam feitas as últimas subidas, no entanto acreditamos que tanto a Alpecin-Deceuninck, como a Jumbo-Visma vão endurecer ao máximo a corrida, pois sabem que sem um dos nomes já referidos, ou quem sabe os dois, as hipóteses de vitória são maiores.
O final também tem que se lhe diga, é necessário estar bem colocado, o lançador será fundamental, terá que guiar muito bem o seu sprinter nos quilómetros finais.
Favoritos
Jasper Philipsen ainda não conseguiu acertar com a colocação mas no dia de ontem mostrou uma grande ponta final, nos metros finais recuperou muitas posições e, mesmo assim, quase venceu. O belga até tem muito apoio mas falta-lhe um lançador mais experiente, terá que saber escolher a roda certa. Não terá dificuldades em passar a subida perto do fim, se for acelerada até será melhor para ele.
Conseguirá Wout van Aert deixar para trás os segundos lugares? O belga tem estado perfeito na colocação, Christophe Laporte tem sido excecional, mas no final tem havido alguém mais forte. O final técnico é perfeito para si, Laporte terá que o lançar na perfeição (ao contrário do que aconteceu ontem) e a vitória estará muito mais perto de aparecer. Vencer com a camisola amarela vestida teria um sabor especial.
Outsiders
Num dia bom, Fabio Jakobsen não terá dificuldades em passar a subida, tudo depende do ritmo a que for feita. Estando no grupo no final, o neerlandês tem tudo para conseguir nova vitória, não se pode é perder do seu comboio, como aconteceu ontem. A Quick-Step tem estado brilhante, Michael Morkov será peça fundamental na chegada de amanhã.
Alguém falou em finais técnicos? Peter Sagan diz presente! O eslovaco continua a ser um mestre neste tipo de chegadas, basta ver como venceu na Suíça, soube-se colocar muito bem e escolheu a roda certa. O eslovaco parece com vontade e em boa forma, é certo que não tem a ponta final dos puros velocistas, mas se há dia em que pode surpreender é amanhã.
Mads Pedersen está longe de ser um mestre na colocação, só que conta com o trunfo chamado Jasper Stuyven. Se o belga conseguir trazer o seu líder como o fez no 2º dia, Pedersen estará muito mais perto da vitória. Não sendo um longo final em linha reta favorece o dinamarquês uma vez que os grandes sprinters não vão conseguir toda a sua potência.
Possíveis surpresas
Dylan Groenewegen é uma verdadeira caixinha de surpresas, amanhã tanto pode vencer como ficar fora do top 100. No Dauphiné, em etapas idênticas, sempre que o pelotão acelerava ficava para trás, no entanto já se passou algum tempo e a condição física deve estar melhor. Já retirou a pressão e conta com um dos melhores comboios. Se estiver bem, Caleb Ewan é um perigo para este tipo de etapa. Por norma, o pequeno australiano passa bem estas subidas, veremos é como se consegue colocar e se escolhe bem a roda a seguir. Este final mais acidentado e técnico, vem dar mais oportunidades a Alexander Kristoff e Danny van Poppel. Estes são dos sprinters que gostam de dias mais duros e que se sabem colocar, principalmente o neerlandês. Alberto Dainese ganhou outra dimensão com a vitória no Giro e na recente Volta a Bélgica passou muito bem as dificuldades, pode surpreender. Por fim, olhando para as equipas francesas, destaque para os regulares Hugo Hofstetter e Luca Mozzato, é neste tipo de dias que podem tirar um coelho da cartola.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Michael Matthews e Alexandr Riabuschenko.