O Tour de France chega, finalmente, a França e logo com uma etapa de alta montanha! O Col du Galibier será o ponto central do dia, esperando-se novo duelo entre Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard.
Percurso
A partida da 4ª etapa do Tour ainda se faz em solo italiano, mais concretamente em Pinerolo e, desde o quilóemtro zero que a estrada inclina. Primeiro um falso plano e depois a subida de Sestriere (39,2 kms a 3,7%), uma ascensão feita em patamares mas não muito dura. Rápida descida e ascensão até ao Col de Montgenevre (8,3 kms a 6%), numa altura em que o pelotão entra em solo francês.
As primeiras pedaladas em solo gaulês fazem-se num longo vale que leva ao sopé do Col du Galibier. Uma das subidas míticas da história do Tour que, este ano, é feita pela sua vertente menos dura. 22 900 metros de subida, a uma inclinação média de 5,1% até se atingir o ponto mais alto desta Grande Boucle. Subida em crescendo de dificuldade, mas onde só tem 3 quilómetros acima dos 8%, sendo que o último é a 9,1%. Atingido o topo, restavam 19500 metros, sempre em descida até Valloire.
Táticas
As três primeiras etapas do Tour tiveram de tudo um pouco, amanhã acreditamos que pode ser um dia bastante complicado de prever. A EF Education deu tudo para ter a camisola amarela na sua posse e, como tal, não vemos a equipa norte-americana a deitar fora a oportunidade de defender a mesma, entregando “livremente” a liderança a outro ciclista. Desta forma, é provável que exista um controlo mais apertado na formação da fuga e só ciclistas mais afastados possam lá estar. O início complicado é bom para os trepadores que queiram estar na frente.
E a partir daqui? A EF Education sabe que, primeiro, Richard Carapaz tem de aguentar com os melhores e, segundo, será mais fácil manter a liderança se as bonificações não estiverem em jogo. É aqui que a fuga pode ter o seu sucesso, com a etapa a ser discutida em duas frentes, uma pela etapa e outra pela geral. A subida ao Galibier não é a mais dura do Mundo e a longa descida pode permitir fazer recuperações, pelo que um ataque de qualquer dos favoritos tem de ser muito bem pensado. Tudo vai depender, também, da UAE Team Emirates, se a equipa árabe quiser endurecer muito a corrida, teremos os favoritos a lutar pela vitória.
Favoritos
Tadej Pogacar tomou a iniciativa ontem, acreditamos que amanhã o voltará a fazer para testar os seus adversários. O esloveno quererá ver se Jonas Vingegaard consegue responder tão prontamente em subidas longas como fez em San Luca, acreditamos que até o próprio Pogacar tenha ficado admirado. Mesmo que vá com um pequeno grupo, e dependendo de quem lá esteja, pode haver colaboração e, num grupo reduzido não vemos ninguém com a ponta final capaz de superar o ciclista da UAE Team Emirates.
Apesar de montanhas longas, esta ainda é uma etapa ao jeito e ideal para Remco Evenepoel. A forma como o belga conseguiu fechar o espaço criado na subida de San Luca foi algo fantástico de se acompanhar, mostra uma enorme disponibilidade física. Mesmo em altitude, a subida não é demasiada exigente, perfeito para Evenepoel. Terá de estar bem colocado, para evitar esforços desnecessários, algo que aconteceu ontem e, julgamos nós, o tenha impedido de responder mais prontamente aos ataques dos seus rivais. Num grupo restrito é bastante rápido.
Outsiders
Como já referimos, não será descabido uma fuga ter o seu sucesso. Oier Lazkano pode não ser o nome mais óbvio mas a forma como o vimos subir no Dauphine faz pensar que é bem possível superar o Galibier. Para além disso, tem a descida para eventuais recuperações. O antigo campeão espanhol é muito combativo e está numa equipa que costuma dar liberdade aos seus ciclistas, vejam o caso de Nelson Oliveira.
Não sendo esta uma subida muito dura e do que já vimos, a UAE Team Emirates poderá proteger os seus principais gregários e, em vantagem numérica, atacar à vez. Quem sabe se não é a oportunidade ideal para João Almeida se estrear a ganhar no Tour? O português chega muito confiante e, no meio de vários ataques, pode conseguir escapar para o triunfo, não só na subida como também na descida.
Jonas Vingegaard deu os primeiros sinais muito positivos, respondendo com uma facilidade tremenda ao ataque de Pogacar. O dinamarquês deve estar ainda mais confiante, fazendo numa subida mais explosiva. Agora o terreno é outro, a alta montanha, onde sempre se dá bem. Será complicado fazer descolar todos os adversários, incluindo Pogacar, mas se há alguém capaz é Vingegaard. Só pode ganhar se chegar isolado.
Possíveis surpresas
Terá sido apenas um dia mau para Primoz Roglic? O esloveno nunca se viu entre os melhores na última subida de ontem, uma ascensão que, em teoria, seria perfeita para as suas características. Se aquele foi o seu dia mau é bom sinal, não escolheu muito mal, amanhã tem de dar outra resposta. Altitude e longas subidas são a praia de Richard Carapaz, é neste tipo de dias que o equatoriano se destaca e a camisola amarela costuma “dar asas” a quem a tem. No mesmo cenário que mencionamos João Almeida, podemos encaixar Adam Yates e Juan Ayuso, sendo que ainda temos de ver como está Ayuso, não mostrou as melhores pernas na etapa 1, sofreu bastante. Para os restantes será dia de defesa, talvez Carlos Rodriguez e Egan Bernal possam formar uma dupla perigosa que possa estar em superiodade numérica.
Uma das equipas mais atacantes deste Tour tem sido a Uno-X e amanhã pode ser o dia de Tobias Halland Johannessen. O norueguês não é um puro trepador mas adapta-se muito bem a este tipo de subidas. Não tem sido muito regular mas numa equipa que está a andar muito bem é um perigo. A Team dsm-fiermenich pode voltar a apostar em fuga, vemos com bons olhos uma boa etapa para Oscar Onley, trepador britânico que não tem medo de atacar. A Groupama-FDJ tem de apostar na fuga, só assim pode ter sucesso. Romain Gregoire é, para nós, uma das melhores cartas a ser jogada porque, apesar de não ser um puro trepador a subida não é assim tão dura e ainda existe a descida. Claro que Lenny Martinez tem de ser considerado. O duo da Arkea-B&B Hotels Kevin Vauquelin e Cristian Rodriguez funcionou na etapa 2, pode voltar a ser muito perigoso amanhã. Carlos Verona, Wout Poels, Nans Peters e Alexey Lutsenko são outros nomes a considerar.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Simon Geschke e Louis Meintjes.