Está aí finalmente a alta montanha na Volta a Portugal e logo com a mítica subida ao Alto da Torre. Espera-se grandes mudanças na classificação geral, quem vai sair por cima?
Percurso
184,3 quilómetros entre Mação e o alto da Torre. 160 quilómetros de algum sobe e desce, com 2 contagens de montanha (Portela e Orvalho) e mais algumas pequenas colinas, que servirão para aquecer os motores dos ciclistas. A passagem pela cidade da Covilhã, onde está situada uma meta volante, marcará o início da subida para a Torre (20,2 kms a 6,4%).
A partir a estrada inclina, e muito! Os primeiros 10,3 quilómetros são a 7,4%, altura em que os ciclistas passam nas Penhas da Saúde e em Piornos. Após dois quilómetros mais acessíveis, um deles em descida, que servirá para os ciclistas descansarem um pouco as pernas e recuperar o fôlego, a estrada volta a inclinar para os derradeiros 6100 metros que têm uma inclinação média de 7,1% até à chegada ao ponto mais alto de Portugal Continental.
Tácticas
Primeira etapa de montanha da Volta a Portugal e de uma forma lógica a classificação geral ainda está presa por segundos. A camisola amarela está na Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, não quer dizer necessariamente que assumam as responsabilidades da perseguição porque não têm qualquer candidato ao pódio. Deverá ser portanto a Glassdrive/Q8/Anicolor a tomar conta do pelotão, têm feito assim durante o ano e têm os maiores favoritos. Depois durante a subida táctica será a mesma do ano passado, lançar Frederico Figueiredo ao ataque na parte mais inclinada esperando que Mauricio Moreira se defende e depois nas pendentes mais adequadas ao perfil do uruguaio este consiga fazer a ponte para a frente de preferência sem mais ninguém. Em relação às restantes equipas, existe a noção de que há “1 lugar vago” no pódio para além dos 2 nomes que já falámos, e como a Glassdrive deve assumir a corrida duvido muito que haja vontade de atacar de longe, colocando em risco um pódio ou um top 5, que já seria muito bom.
Favoritos
Mauricio Moreira – Ganhou na última chegada a Torre, foi 2º há 2 anos, apenas atrás de Alejandro Marque que atacou de longe. Em teoria tem sempre dificuldade na parte mais inclinada, mas é muito bom nos últimos 10 quilómetros, na parte mais rolante, até parece chegar em melhor forma do que em 2022, voou no Troféu Joaquim Agostinho.
Frederico Figueiredo – O melhor puro trepador do nosso pelotão, tem aqui novamente a oportunidade de não só ganhar uma etapa como levar de vencida a Volta a Portugal. Precisa de atacar de longe, nas rampas mais inclinadas e esperar que as circunstâncias da corrida o ajudem, ganhou recentemente no Montejunto.
Outsiders
Luís Fernandes – Foi 2º no ano passado numa das melhores exibições da sua carreira, se repetir esse feito sabe que o pódio final está mais próximo e o Alto da Torre parece-me assentar-lhe bastante bem, gosta das condições e tem aqui o grande objectivo da temporada, já em 2021 tinha feito top 10.
Delio Fernandez – Vai procurar fazer o que o seu colega Marque fez em 2021, aproveitar alguma hesitação e uma fase mais rolante para se escapar e usar as suas qualidades. No ano passado foi 7º e desta vez o foco está somente nele na estrutura de Tavira, o que será vantajoso para o espanhol.
Henrique Casimiro – Com Joaquim Silva a passar por momentos menos bons o foco da Efapel estará em Henrique Casimiro, um corredor normalmente consistente e fiável e que no ano passado simplesmente teve um dia mau na Torre que o afastou da luta pelo pódio, nos dias seguintes de montanha mostrou que consegue andar com os melhores.
Possíveis surpresas
António Carvalho – A preparação não foi a melhor, mas o ciclista da ABTF Betão Feirense é um talento nato e teve uns dias para ganhar ritmo competitivo depois da paragem forçada por fractura da clavícula, em teoria irá melhorar com o decorrer da competição e isso pode ser aproveitado amanhã por alguns rivais.
Artem Nych – O russo tem ficado encarregue de seguir alguns ataques e pode aproveitar essa liberdade amanhã com essa estratégia. Tem obtido excelentes resultados no campeonato nacional e não seria inédito a Glassdrive colocar 3 elementos no top 5.
Jesus del Pino – Um trepador muito consistente, será a melhor aposta da formação de Loulé na montanha, lembrando que foi 10º em 2022 na subida à Torre, num dia que foi muito rápido.
Emanuel Duarte – Talvez tenha papel livre pela primeira vez numa Volta a Portugal, está neste momento perto da liderança e não creio que vá trabalhar para Casimiro sacrificando as suas ambições, basta pensar que em 2022 foi 9º e muito trabalhou para Marque e Delio, fez uma subida à Torre incrível.
Txomin Juaristi – Tem tudo para ser dos melhores entre as equipas estrangeiras, sabe o que esperar, tem experiência nas nossas estradas e como se viu pelo prólogo parece chegar em boa forma.
Andres Camilo Ardila – Pelos últimos resultados nem seria mencionado, só que o colombiano já fez exibições de grande qualidade na alta montanha no passado, gostará de subidas longas e da altitude.
Afonso Eulálio – Claramente deu um passo em frente este ano, já esteve na discussão de etapas em provas internacionais de sub-23, apesar de não ser um puro trepador pode exceder-se e para além disso é o maior candidato a vencer a juventude, não deverá trabalhar para António Carvalho.
Oscar Cabedo – Trepador consistente que sabe medir os seus limites, é um candidato ao top 10, creio que mais do que isso já seria pedir muito ao espanhol da Voralberg
Hélder Gonçalves – Um puro trepador que tem evoluído bastante bem de ano para ano, basta pensar que no ano passado fechou a Volta a Portugal em 15º. Fiquei impressionado pelo seu ataque na etapa de Loulé e pelo lançamento que fez hoje para Luís Gomes, está com boas pernas.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Luís Gomes e Yesid Pira.