Após a primeira grande etapa de montanha, os sprinters voltam a ter uma nova oportunidade para brilhar. Teremos nova surpresa?

Percurso

Depois de uma incursão à alta montanha os sprinters têm aqui uma oportunidade de ouro com uma jornada simples e acessível, com cerca de 1000 metros de acumulado, um sprint compacto. São 177 kms com apenas 2 contagens de 4ª categoria, estando a última delas ainda relativamente longe da meta. A parte final não vai ser nada fácil para as equipas dos sprinters se organizarem, há uma passagem numa ponte e algumas curvas encadeadas em zona urbana, o final é completamente plano.



Tácticas

Acho que este sprint tem tudo para ser menos confuso do que o anterior, especialmente na fase dos 5-15 kms para a meta. A etapa de hoje já deixou muita gente longe na classificação geral, duvido que ciclistas como Carapaz, Simon Yates, Enric Mas, entre outros, à distância que já estão da liderança se queiram meter na luta e em loucuras pelo posicionamento, portanto tirando os tubarões (UAE, Visma, Red Bull e Ineos) acho que quase ninguém fora das equipas dos sprinters vai estar na frente.

Dentro das formações dos velocistas amanhã também já deve haver mais organização e planeamento, há sempre dúvidas no primeiro sprint e também daí ter havido a grande surpresa do triunfo de Girmay. O eritreu é muito talentoso, mas longe de ser um puro especialista, ele até prefere grupos mais reduzidos e normalmente o posicionamento custa-lhe um resultado melhor. Nesse dia houve também alguma sorte, a Intermarche fez um excelente trabalho, mas Girmay vinha completamente desfasado do seu comboio, escolheu a roda certa e apareceu na frente no momento exacto, tendo depois pernas para vencer. Jayco, Lotto-Dstny e Alpecin têm obrigação de fazer muito melhor.

 

Favoritos

Jasper Philipsen – Não é por ter falhado o objectivo na primeira etapa ao sprint que deixa de ser o melhor sprinter aqui presente e com um dos melhores comboios. A Alpecin preparava-se para fazer um movimento clássico, aparecer de rompante na frente do grupo a 3 kms para a meta quando uma queda estragou os planos, numa altura em que Mathieu van der Poel também já não estava no pelotão. Em condições normais, e sem azares à mistura, tudo deve correr muito melhor.

Dylan Groenewegen – Nem todas as etapas ao sprint vão ser para o holandês, aquelas com mais montanha devem ser aproveitadas pela Lidl-Trek e pela Alpecin para o deixar em dificuldades, portanto é melhor aproveitar enquanto pode para tentar alcançar o objectivo. A sua equipa esteve estranhamente apagada no último sprint quando trazem uma equipa dedicada para ele. Diria que Groenewegen tem de confiar mais cegamente em Luka Mezgec e no trabalho do esloveno.

 

Outsiders

Mads Pedersen – Com um lançador como Jasper Stuyven ao seu lado pode muito bem fazer magia. O dinamarquês actualmente está muito bem colocado na classificação por pontos e se a quiser levar para casa tem de fazer quase sempre pódios neste tipo de sprints. É alguém que gosta de vento de costas e de sprints longos.



Biniam Girmay – Ganhou na primeira oportunidade, é bastante explosivo, mas não acho que deva partir como favorito. O eritreu continua a ter alguns problemas de colocação e a hesitar um pouco no meio da confusão, faz lembrar um pouco Caleb Ewan. Ainda assim, o comboio da Intermarche com Mike Teunissen e Hugo Pagé é promissor e veremos de Gerben Thijssen também está envolvido nestas andanças.

Sam Bennett – Teve um início de temporada muito discreto, foi subindo aos poucos e acredito que entre no Tour confiante e com vontade de mostrar que ainda está para estas andanças e quer recompensar a Decathlon-Ag2r por terem acreditado nele. O problema é que não tem um grande comboio, a equipa veio também com intenções para a geral, tem de escolher a roda certa.

 

Possíveis surpresas

Arnaud de Lie – Não é o maior fã de sprints em pelotão compacto, ele próprio já disse isso, perde-se muitas vezes da sua equipa e isso custa-lhe lugares e energia preciosa. Foi campeão nacional com um lançamento perfeito onde não teve de lutar muito por posição, precisa que a Lotto-Dstny faça isso novamente aqui, o que não é nada fácil.

Phil Bauhaus – Outro ciclista que tem um líder declarado para a geral e gregários especificamente para isso, só conta com Matej Mohoric, Fred Wright e Nikias Arndt no apoio directo, veremos se isso vai ser suficiente. É um sprinter que não vai ter assim tantas oportunidades porque não passa assim tão bem a montanha.

Fernando Gaviria – Deixou uma boa impressão há 2 dias. O colombiano é dos mais experientes, dos mais destemidos e certamente não tem medo de arriscar na colocação e no timing de lançamento do sprint. No entanto também sabe que está praticamente por sua conta.

Wout van Aert – Acho que não vai arriscar tudo e pode eventualmente esperar por um dia melhor, ainda está longe da melhor condição física como se viu hoje e tem na equipa Laporte que é uma opção decente e também merece uma chance.



Mark Cavendish – Quer bater o record de Eddy Merckx, mas as suas pernas parecem não corresponder para tal. Passou muitas dificuldades na montanha e geralmente paga-se caro quando o ritmo da corrida sobe num sprint, veremos se não é Cees Bol a sprintar.

Alexander Kristoff – O experiente norueguês tem ao seu serviço um potente comboio, que também é relativamente inexperiente a este nível. Kristoff dá a sensação de precisar de arrancar na frente, nos seus termos, para obter um bom resultado, e está altamente dependente da equipa para isso.

Arnaud Demare – Tem sido uma temporada para esquecer para o francês, que já sabe o que é ganhar no Tour. Veremos se o triunfo de Kevin Vauquelin tirou alguma pressão de cima dos ombros, estou curioso para ver uma vez mais como vai funcionar um comboio que na prática é constituído por sprinters e não por lançadores.

Fabio Jakobsen – Seria uma enorme surpresa para mim se o holandês levasse de vencida esta etapa. Tal como no Giro tem revelado ao longo dos dias fragilidades claras em relação à sua condição física.

Pascal Ackermann – Um corredor muito irregular e que nos seus dias dá a sensação que pode bater quase qualquer um, ainda não o vimos neste Tour e há 2 dias perdeu grande parte do comboio na queda, tem tudo para fazer melhor amanhã.

Bryan Coquard – Precisa de uma chegada mais dura para brilhar, vai lutar por um top 5.

Gerben Thijssen – Agora que Girmay entrou na luta pela camisola verde dificilmente vai ter uma oportunidade para sprintar tão cedo.

Marijn van den Berg – Não acho que seja dia para ele, quando houver um grupo reduzido de 60/70 elementos aí sim pode aparecer.

Danny van Poppel – Parece ter vindo a este Tour somente para proteger Roglic, pelo menos neste momento.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Soren Waerenksjold e Cees Bol.

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