Antes do dia de descanso, o pelotão mantém-se pela região da Guarda com mais uma dura etapa de montanha. Depois das grandes diferenças feitas no dia de hoje, quem terá forças para atacar?
Percurso
Depois de uma duríssima chegada à Torre e antes do esperado dia de descanso na Guarda, será precisamente a capital de distrito a receber o final da 6ª etapa. Com partida em Penamacor e uns duros 168 kms é uma jornada com 2 fases bem distintas. A primeira tem cerca de 120 kms e apesar de algum sobe e desce é relativamente acessível, sem subidas com um grau de dificuldade elevado (apenas duas contagens de montanha, incluindo uma primeira passagem pela meta).
As coisas complicam nos últimos 40 kms, começando por duas subidas feitas de forma sucessiva. Primeiro a ascensão a Aldeia Viçosa (2,2 kms a 10,6%), logo seguida da escalada até Videmonte tem 9,1 kms a 5,7% de inclinação média, mas é uma média que engana por causa de uma fase plana a meio (primeiros 3,4 kms a 6,7% e últimos 3 kms a 8,8%). Segue-se uma descida que leva até ao início da subida que leva à meta volante em Trinta (2,7 kms a 4,8%).
Ultrapassado mais este ponto de interesse da etapa, restam apenas 20 quilóemtros e ainda duas subidas, ambas já situadas na cidade da Guarda. A primeira é a mais longa e mais acessível, com 6,1 kms a 4,5%, a segunda a coincidir com a meta tem 3,1 kms a 6,2%, mas com rampas muito inclinadas nos últimos 500 metros, que podem dar para fazer muita diferença. O final é em empedrado.
Táticas
O que aconteceu na etapa de hoje foi tudo menos esperado. Muito maior equilíbrio entre as diversas equipas e corredores na subida até ao Alto da Torre, com as formações estrangeiras também a destacarem-se, ao contrário do que vinha acontecendo nas edições anteriores. Era esperado, também, um domínio da Glassdrive/Q8/Anicolor no entanto nada disso aconteceu, não se sabe se por um dia menos bom dos seus principais ciclistas, algo a ter em atenção nesta etapa.
Olhando para a classificação geral, e ainda com 3 chegadas em alto por disputar, e sabendo que quarta-feira é dia de descanso, amanhã pode ser uma etapa importante. Os 3 primeiros estão separados por apenas 10 segundos, de todos eles, Delio Fernandez é aquele que melhor conhece a Volta a Portugal, isso será uma vantagem importante para o que tem pela frente. A sequência de subidas também fará moça, os puros trepadores irão sair beneficiados. Com o top-10 separado por 1:30, não nos admirávamos que alguns destes corredores tentassem atacar de longe, sabem que só assim pode começar a recuperar tempo. O orgulho de algumas formações está ferido, vão querer deixar outra imagem.
Favoritos
Colin Stussi foi uma agradável surpresa hoje, longe de ser um puro trepador, o ciclista helvético foi quem mais perto esteve de superar Delio Fernandez. Corredor completo, as subidas não tão longas favorecem o corredor da Team Vorarlberg que tem a camisola amarela debaixo de olho. Foi 4º na Planche des Belles-Filles.
A etapa de hoje não correu de feição a Frederico Figueiredo que, noutras edições, já deu muito espetáculo nestas mesmas subidas. O ciclista da Glassdrive/Q8/Anicolor tem que começar a recuperar tempo e, se estiver bem, vai de certeza atacar de longe. Num dia bom, poucos o conseguem acompanhar.
Outsiders
A melhor defesa é o ataque e Delio Fernandez sabe que a vantagem que tem é muito curta. O galego é um corredor de subidas longas que raramente ataca no entanto se sentir a oportunidade não vai desperdiçar para alargar diferenças. A sequência de subidas favorece-o.
Henrique Casimiro foi o primeiro do grupo perseguidor, não seguiu com os melhores no momento certo mas mostrou grande condição física. O alentejano tem uma grande oportunidade para assaltar o pódio e num dia com muita montanha pode consegui-lo. É um corredor sem medo de atacar.
É certo que a Euskaltel-Euskadi está a lutar pela geral, só que parece claro que Luis Angel Maté quer a montanha e amanhã é um dia importante. Não nos admirávamos de ver o experiente espanhol na fuga, somando pontos para a classificação e, depois, destacando-se como sendo o mais forte. Não chegou muito atrasado na etapa de hoje, está forte.
Possíveis surpresas
Luís Gomes bem tentou fazer a ponte para a frente na subida para a Torre, no entanto acabou por não conseguir e cedeu no final. Amanhã as subidas não são tão longas, uma vantagem para o português que, quando menos se espera, aparece e cumpre com o objetivo. Se a Glassdrive/Q8/Anicolor estiver bem, Artem Nych e James Whelan poderão ser usados ainda de mais longe, é uma etapa perfeita para tal cenário. Jesus del Pino é muito combativo, hoje tentou, não conseguiu seguir os melhores no final, amanhã vai voltar a tentar, não deverá é ter liberdade, terá que ser à base da força. Dentro das equipas nacionais, acreditamos em ataques de longe de corredores mais ofensivos, casos de António Carvalho, Gonçalo Leaça, Luis Fernandes, Hugo Nunes e Hélder Gonçalves. Pela primeira vez em muito tempo, Camilo Ardila conseguiu um resultado interessante. O colombiano tarda em confirmar todo o seu potencial, veremos se é nesta Volta a Portugal, principalmente numa etapa tão dura como a de amanhã. Txomin Juaristi deverá correr mais na defensiva, talvez a Caja Rural, por intermédio de Calum Johnson, Yesid Pira, ou Oscar Cabedo na Team Vorarlberg.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Adrian Bustamante e Tiago Antunes.