5 contagens de montanha e uma subida de 1ª categoria perto da meta são os ingredientes que esperam os ciclistas amanhã numa jornada que se espera bastante dura, atacada e feita a um ritmo alucinante.

 

Percurso

Traçado muito interessante entre Bragança e Boticas, 5 contagens de montanha concentrados em 170 quilómetros e a subida mais difícil é a que está mais próximo da meta. Tem tudo para ser uma saída à portuguesa, com a Serra da Nogueira, são 6,8 kms a 4,5% antes de um longo vale com quase 70 quilómetros até à dificuldade seguinte. As subidas de Argemil e a Serra da Padrela não têm uma dificuldade enorme, segue-se novo vale bastante grande, que leva os ciclistas à sequência final, que se inicia com a subida de Pinho (7,6 kms a 4,1%).

A última dificuldade é aquela que vai doer mais, a primeira categoria de Torneiros, 4,8 kms a 8,2%, mas que no seu miolo inclui 1000 metros a 12,9%, onde é bastante provável haver grandes diferenças. Ainda há alguns quilómetros de falso plano antes da rápida descida até Boticas, será um final alucinante.

 

Tácticas

Creio que este percurso é muito interessante e tem tudo para dar outra jornada espectacular de ciclismo, um pouco como vimos na chegada à Guarda, com ciclistas espalhados pela estrada. Vai ser uma saída à portuguesa, como se costuma dizer na gíria e este tipo de orografia favorece quem coloque ciclistas satélite na frente da corrida , podem ser úteis entre vales ou até na aproximação à meta, após Torneiros visto que é um terreno pedalável.

Julgo que a etapa vai ter este aspecto algo anárquico porque não há propriamente uma força dominadora face às restantes equipas, nem um ciclista estilo Pogacar que faça diferenças absurdas. A ABTF Betão Feirense está na posição primordial na classificação geral, mas não têm uma equipa propriamente talhada para a alta montanha e nunca vai conseguir controlar a corrida sozinha, o mesmo se aplica com a Voralberg de Colin Stussi, o melhor que têm a fazer é tentar colocar alguém na fuga para, eventualmente, ser útil mais tarde.




Acho que amanhã vai ser um dia para ciclistas da classificação geral, mas também considero que dificilmente vão chegar juntos a Torneiros, corredores mais talhados para a média montanha não só poderão ter algumas dificuldades em Torneios, mas também vêm aí 2 dias onde têm grandes oportunidades, nas chegadas a Paredes e Fafe. As últimas 2 vezes que a Volta a Portugal passou por Torneiros a etapa acabou sempre na Serra do Larouco.

 

Favoritos

Henrique Casimiro – Anunciou no dia de descanso que termina a sua carreira como ciclista profissional no final desta época e que bonita recompensa seria uma vitória de etapa na última Volta a Portugal. Acho que é um corredor que preenche muitos requisitos, está relativamente longe na geral (a 5:21), tem liberdade para entrar na frente e conhece como poucos a subida de Torneiros. De realçar que nessas etapas com final da Serra do Larouco esteve sempre na discussão da etapa.

Afonso Silva – A formação de Tavira é aquela que mais armas tem para jogar dentro do top 20, com 3 elementos, isso retira alguma pressão táctica e permite mais flexibilidade como colocar o talentoso Afonso Silva na frente da corrida. Este terreno ondulado assenta bem nas suas características e no passado não acusou o desgaste de vários dias de Volta.

 

Outsiders

Iñigo Elosegui – Uma opção mais virada para uma “fuga de la fuga”, é um corredor que não vai ser minimamente marcado e globalmente a Kern Pharma está bem posicionada na geral. Está a andar bem e vai querer colocar ciclistas na frente da corrida, para eventualmente serem úteis mais tarde, gosto da opção Elosegui.

Ander Okamika – Com Chumil e Okamika relativamente perto da geral, mas nenhum deles sendo bom contra-relogista, a Burgos-BH vai ter de fazer algumas coisa para mudar a situação e vai ter de adoptar uma postura ofensiva neste tipo de etapas porque depois diferenças grandes só se poderão fazer na Senhora da Graça. Chumil já atacou muito, é a vez de Okamika.




Colin Stussi – Na eventualidade dos favoritos à vitória final chegaram juntos a Torneiros e com a fuga relativamente perto o suíço tem de ser um dos grandes candidatos. A sua demonstração em Miranda do Corvo, em rampas deste género, foi impressionante e mesmo na Torre quando arrancou fez logo diferenças, ainda parece estar em grande forma.

 

Possíveis surpresas

António Carvalho – Poderá adoptar uma postura mais defensiva, de marcação directa a Colin Stussi, para defender a liderança de Afonso Eulálio, e com isso poderá poupar energias e sprintar para a vitória na etapa.

Afonso Eulálio – Fez uma grande subida na Torre, na Guarda mostrou que tem uma grande capacidade de explosão, resta saber como se vai defender nas rampas de Torneiros. Pareceu ter mais debilidades nesse departamento em Miranda do Corvo, mas por vezes a camisola amarela dá asas.

Luís Fernandes – Impressionou em Miranda do Corvo, é um puro trepador que tem a noção que o contra-relógio lhe será prejudicial face aos rivais, veremos se vai tentar fazer diferenças.

Abner Gonzalez – Muito prejudicado pela avaria que sofreu no prólogo, poderia estar 1 minuto mais próximo na geral. As coisas não estão a correr bem à Efapel e acredito que terão uma atitude muito combativa, Gonzalez mostrou ter uma boa capacidade de recuperação quando venceu a juventude e o dia de descanso pode ter servido para limpar a cabeça.

Joan Bou – Pode ser a jogada de mestre da Euskaltel-Euskadi, o basco é 7º e tem Mikel Bizkarra ainda mais acima. Está muito próximo na geral, mas as outras equipas podem pensar que o podem controlar à distância, ciclista muito completo acho que vai ser um perigo à solta amanhã.

José Felix Parra – Esteve ao ataque hoje, porque não voltar a tentar recuperar tempo na classificação geral amanhã visto que têm Jon Agirre mais acima na geral? O espanhol é um trepador que não tem medo destas rampas e para além disso já fez esta ascensão no passado.

Sergio Chumil – Depois de perder muito tempo em Miranda do Corvo tem estado constantemente ao ataque e agora está numa boa posição para a geral, pode optar partir para o ataque novamente ou ficar com os melhores, já se viu que é um corredor relativamente frio.

Hugo Nunes – Ciclista muito combativo que ainda não se viu muito nesta Volta a Portugal, certamente tinha objectivos ligados à geral e a partir do momento em que viu que não era possível definiu outros objectivos e esta orografia é boa para o seu perfil.

Edgar David Cadena – Se a Petrolike quiser atacar a corrida com Camargo o mais provável é que tente colocar o mexicano, um bom trepador, na frente da corrida.




Julen Amezqueta – Ciclista muito completo e presença habitual em fugas, só tenho dúvidas se não prefere poupar energias para as jornadas de média montanha que vêm a seguir.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Mikel Bizkarra e Hélder Gonçalves.

By admin