Segunda etapa de montanha, uma chegada em alto bem dura, será que Remco Evenepoel consegue alargar ainda mais a vantagem que tem face à concorrência ou Jumbo-Visma e UAE vão reagir?

 

Percurso

Uma clássica chegada “Unipuerto”, mas numa jornada com praticamente 4000 metros de acumulado, o que vai fazer mossa nas pernas. Ao longo do dia haverá várias colinas e inclinações, nada passível de fazer grandes diferenças até à chegada em alto. A subida do Observatorio Astrofisico de Javalambre é bem dura, totaliza 11,1 kms a 7,8%. Os primeiros 4 quilómetros são muito suaves, sempre abaixo dos 7%, depois há uma fase de 3 quilómetros a quase 11%, onde os ataques devem surgir em força, há espaço para se ganhar terreno. Os 2 quilómetros finais têm 9,3% e 8,9% de inclinação média.

 

Táticas

Creio que esta é uma jornada onde deverá haver mais diferenças entre os favoritos do que em Andorra, em que assistimos quase a um sprint em subida após algumas ofensivas. Globalmente esta etapa tem mais metros de acumulado e a última montanha é mais dura, para além disso já há mais desgaste acumulado e mais intervalos de tempo na classificação. Por isso mesmo pode existir uma tentativa por parte de Jumbo-Visma e UAE Team Emirates de controlar a fuga, procurando aumentar o desgaste em Remco Evenepoel, que não é tão eficaz em rampas constantes acima dos 10% como os seus rivais. A Quick-Step não deve perseguir e desgastar a equipa, tudo depende da atitude das 2 formações acima mencionadas, o terreno até é relativamente acessível para isso e poderá haver uma aliança. Com a superioridade numérica estes 2 grandes blocos têm de tentar isolar Remco em qualquer oportunidade, o problema é eventualmente anularem-se.




Caso contrário, a fuga tem tudo para resultar, existem boas colinas nos primeiros 50 kms para a formação de uma escapada bem sólida e numerosa, diria que precisam de 3 a 4 minutos no sopé da última dificuldade para poderem sobreviver.

Desta vez estará vento a rondar os 10 km/h, é muito fraco e não deve ter influência no resultado final.

 

Favoritos

Jonas Vingegaard – Gostará muito mais de uma subida deste género do que em Andorra, é um trepador exímio, muito leve, que não se importa nada com inclinações de 2 dígitos. No final da etapa disse que não tinha sido um grande dia, imaginem só se tiver esse dia bom.

Juan Ayuso – Esboçou uma ofensiva na chegada em alto anterior e tem uma mentalidade muito ofensiva, vai voltar a tentar se tiver pernas para isso. Entrou na Vuelta em boa forma e sabe que tem de começar a recuperar tempo para Evenepoel.

 

Outsiders

Remco Evenepoel – Se voltarmos a ter um sprint como em Andorra o belga tem de ser considerado um dos grandes candidatos, novamente. Foi impressionante a sua aceleração, tal como no duelo Vingegaard vs Pogacar, tem uma explosão subvalorizada, nem parece que ganhou a Liege-Bastogne-Liege por 2 vezes.

Cian Uijtdebroeks – Num cenário de marcação directa entre UAE e Jumbo-Visma, com Evenepoel mais à espera de um sprint ganha força um ataque surpresa e um corredor que não está a chamar muito à atenção é o belga, que está aqui para testar os seus limites e ver até onde pode ir na geral individual.

Bauke Mollema – Desta vez nem o holandês nem a Lidl-Trek vêm com o pensamento para a geral, o que liberta muito mais os seus ciclistas na caça de etapas. Mollema tem a experiência necessária para entrar na fuga certa e já está muito atrasado.

 

Possíveis surpresas

Primoz Roglic – Não me parece ainda a 100%, não me impressionou em Andorra e acho que amanhã se o ritmo for muito elevado pode passar pior.




João Almeida – Dia muito importante para as suas ambições na geral, até agora tem sobrevivido e isso é o mais valioso. O ciclista português de vez em quando saca grandes exibições em etapas destas.

Enric Mas – Finalmente está no seu território, uma Vuelta bem dura depois de um ano super complicado e claramente melhorar o seu nível face à concorrência, tem de se libertar da prisão dos grandes blocos.

Sepp Kuss – Já ameaçou as suas intenções no outro dia, se não tiver marcação por parte de Jay Vine ou Marc Soler pode eventualmente ter caminho livre para a vitória.

Michael Storer – Estava em boa forma antes da Vuelta, não perdeu essas pernas entretanto quase de certeza. É um excelente trepador e já perdeu quase 30 minutos.

Rui Costa – Acabou bem o Tour, levou o bom momento para San Sebastian, tinha tudo para entrar em boa forma nesta Vuelta. Até agora mal se viu, tem poupado energias, perdeu tempo e isso será importante para a dura subida de amanhã.

Lennert van Eetvelt – Um super talento que até está a ter uma excelente temporada de estreia a este nível. Não estando habituado a uma Grande Volta, tem aqui talvez a sua melhor chance antes do desgaste começar a afectá-lo.

Jesus Herrada – Um ciclista que geralmente é muito eficaz nas Grandes Voltas e particularmente nestas etapas, tudo depende se amanhã tiver a noção de que pode ganhar, normalmente poupa-se para 2 ou 3 dias específicos.

Max Poole – O britânico é um excelente trepador e agora já não tem de trabalhar para Romain Bardet, que perdeu muito tempo hoje, terá liberdade.




Cristian Rodriguez – O espanhol é um trepador bastante consistente e é um candidato a fazer top 20 no final, é o tipo de ciclista que teria permissão para entrar amanhã em fuga e ficar com a camisola vermelha.

Sean Quinn – A EF não está a correr propriamente para a geral de Hugh Carthy, ficar com a camisola vermelha amanhã com o norte-americano que está a andar muito bem pode ser um objectivo.

Javier Romo – Andou bem em Burgos, já se está a aventurou com Piccolo e tentou a vermelha, amanhã é mais uma chance para isso mesmo.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Marc Soler e Lennard Kamna

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