Está na hora da primeira chegada em alto do Giro e para o primeiro verdadeiro teste entre os candidatos à vitória final. Teremos mais favoritos a claudicar?

 

Percurso

Os primeiros quilómetros da etapa serão muito importantes. A jornada começa com 2 kms a 7,5%, ao qual se seguem 30 kms maioritariamente planos. A fuga deve dar-se nesta altura, se a fuga sair logo o mais provável é ser constituída essencialmente por trepadores, se ocorrer mais tarde deve ter um misto de roladores e trepadores. A meio da tirada surgem 2 contagens de montanha que devem abrir o apetite a quem está a lutar por essa classificação.



A contagem de 2ª categoria é particularmente dura, com 10,5 kms a 7,3%, não deve haver grandes movimentações no pelotão, mas deverá ser dura demais para Vincenzo Albanese, um ciclista que está claramente apostado nesta classificação. Depois da 3ª categoria há uma longa fase de descida até à última subida do dia, a coincidir com a meta.

O Ascoli Piceno é claramente uma subida de 2 fases e não é extremamente complicada, ao todo são 15,5 kms a 6%. Os primeiros 10 kms são claramente mais fáceis, quase sempre a rondar os 5%, depois é nos últimos 5 kms que tudo complica, raramente baixa dos 7% e têm mesmo 7,5% de inclinação média.

 

Tácticas

A etapa de hoje parecia inofensiva, mas terá grandes implicações no futuro deste Giro, começando já pelo dia de amanhã. Haveria 2 equipas bastante interessadas em fazer diferenças tendo em conta o que vimos ontem. A Bahrain-Victorious de Mikel Landa assumiu a corrida para o ataque do basco, seria a formação que mais tentaria fazer diferenças na alta montanha devido às debilidades de Landa no contra-relógio, tudo caiu por terra hoje com a sua queda e consequente abandono.



A Ineos Grenadiers também seria outra potencial interessada, a equipa geralmente controla este tipo de etapas e Bernal pareceu o melhor dos favoritos nesse dia. Em provas de 3 semanas é preciso aproveitar quando se está bem para ganhar tempo. Só que sem Pavel Sivakov essas intenções poderão ser travadas, falta o maior protector de Bernal na alta montanha e alguém que poderia seguir a maioria dos ataques.

A Israel Start-Up Nation vai querer manter a rosa, no entanto estaria contente se uma fuga grande, com ciclistas a mais de 6/7 minutos na geral ganhasse terreno. Caso a escapada tivesse ciclistas a 3 ou 4 minutos seria o condenar dessa fuga. De Marchi irá tentar manter a liderança, tem 1:30 para os homens da geral, como a subida não é muito dura no seu início, é possível para o veterano italiano.

 

Favoritos

Bauke Mollema será um nome a ter em conta para amanhã. O holandês da Trek-Segafredo está claramente focado na conquista de etapas, vem a perder tempo praticamente desde o primeiro dia e isso torna-se ainda mais óbvio porque fez top 10 na Fleche Wallonne e na Liege-Bastogne-Liege, vinha em boa forma. Mollema está já a 14 minutos e não é um perigo para a geral.



A exibição de Egan Bernal foi impressionante ontem, colocou todos em dificuldades e vai querer continuar essa tendência. A etapa é relativamente fácil de controlar e a Ineos-Grenadiers não teria de gastar muitos recursos, tendo Moscon e Martinez para controlar a maioria da subida. A única reserva é que Bernal este ano tem estado melhor nos esforços curtos e não nas montanhas mais longas.

 

Outsiders

Uma chegada em alto é perfeito para Jefferson Cepeda, a maior aposta da Androni Giocattoli-Sidermec. O equatoriano esteve brilhante no Tour of the Alps e também tem adoptado a estratégia de perder tempo cedo. Não tem experiência a entrar neste tipo de fugas, irá precisar da ajuda de, por exemplo, Simon Pellaud.

Geoffrey Bouchard está mesmo no limite em relação ao atraso na geral para entrar numa fuga destas, mas o francês deve estar a estregar as mãos ao ver uma chegada em alto no menu. Os 9:30 devem-lhe conferir alguma liberdade e é alguém que está habituado a fugas deste género.



Entre os ciclistas da geral gostámos muito de ver a forma de correr de Giulio Ciccone ontem e ante-ontem. Bastante ofensivo, sem medo de atacar, nota-se que ainda não é um corredor muito marcado neste pelotão, e por isso também terá alguma liberdade neste cenário.

 

Possíveis surpresas

Caso haja uma subida mais controlada, com os favoritos na discussão existem alguns ciclistas que estão de olhos nisso, os casos de Remco Evenepoel ou Dan Martin, que têm maior explosão que os outros. Simon Yates gosta deste tipo de Unipuertos e nunca se deu propriamente muito bem com etapas como as de ontem, com muita chuva, deverá estar melhor aqui. Hugh Carthy e Aleksandr Vlasov também se mostraram em boa forma e devem estar entre os primeiros, mas cremos que ambos gostariam de ainda mais desnível positivo. Caso haja marcação entre os maiores favoritos, também gostamos das perspectivas de vitória de Damiano Caruso e Davide Formolo. Caso a fuga resulta, um cenário que consideramos muito plausível, há mais alguns candidatos. O duo suíço da Groupama-FDJ, composto por Sebastien Reichenbach e Matteo Badilatti (ambos não estiveram mal no Tour de Romandie) vai gostar deste perfil, tal como o experiente Tony Gallopin, que já tentou alguma coisa no dia em que ganhou Taco van der Hoorn. Harm Vanhoucke já mostrou o seu talento este ano em chegadas em alto, tem liberdade interna e já está muito atrasado. A Team DSM também poderá tentar algo amanhã, Chris Hamilton e Michael Storer são 2 bons trepadores que já têm alguma experiência a este nível. Olho também em Felix Grossschartner, Kilian Frankiny e Matteo Fabbro.



 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Remy Rochas e Victor Lafay.

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