Depois de três etapas para os sprinters está na hora da mini-Strade Bianche. O pelotão do Giro d’Itália ingressa no sterrato numa etapa que promete espetáculo. Teremos novo solo de Tadej Pogacar?
Percurso
Esta promete ser uma jornada muito interessante e talvez seja mexida para a classificação geral. Os primeiros 70 quilómetros são planos, vai ser curioso ver se alguma equipa envolvida na luta pelo top 10 da geral tenta colocar algum corredor na fuga. Essa contagem de 4ª categoria tem 8,6 kms a 4,6% e seguem-se 50 quilómetros com alguns pequenos topos, nada de muito assinalável.
A cerca de 50 kms da meta começa a sequência de sterrato, o primeiro sector tem 4300 metros e o segundo 4600 metros, sendo que este segundo tem incorporada uma subida de 3300 metros a 5%, diria que este será o momento mais importante da etapa. O último sector está a 16 kms da meta e entre o 2º e o 3º sector há algumas colinas, cerca de 4 ou 5 com 1 quilómetro a 5%, mais coisa menos coisa. A 4300 metros do final há um topo duríssimo, 700 metros a 10,7%, antes de uma rápida aproximação à meta, em que os últimos 500 metros são em ligeira subida.
Táticas
Esta etapa tem tudo para ser muito interessante. Será que a UAE Team Emirates vai desgastar a sua equipa a controlar este dia? É certo que no dia seguinte é o contra-relógio, dá para fazer algum descanso ativo, por isso não seria de estranhar ver a equipa de Tadej Pogacar perseguir para o seu líder. Por outro lado, será que alguém vai ajudar na perseguição ou as equipas adversárias vão colocar alguém na fuga?
Já vimos noutras edições do Giro que este tipo de etapas pode sorrir à fuga, com os favoritos a esperar por momentos mais decisivos. Outro fator a ter em atenção é o vento, amanhã espera-se vento frontal na parte final o que pode impedir um ataque de longe de Pogacar pois será muito complicado chegar isolado ao final. Estamos a falar de Pogacar por isso, tudo é possível. Amanhã acreditamos que é 50/50% entre o pelotão e a fuga.
Favoritos
Sterrato e Itália é a combinação perfeita de Tadej Pogacar. Vencedor das últimas duas edições da Strade Bianche, o esloveno está na sua praia e, apesar de serem apenas 3 setores, todos sabemos que irão ser feitas diferenças. Pogacar adora este tipo de etapas, é ali que se diverte e acreditamos que quererá fazer mais diferenças antes das montanhas voltarem. Sozinho ou acompanhado, é complicado derrotar o esloveno que acreditamos que ataque em Grotti.
Julian Alaphilippe parece um ciclista rejuvenescido, quando comparado com o início da temporada. O francês preparou o Giro com afinco e quer mostrar a Patrick Lefevere que ainda tem muita qualidade. O antigo campeão do Mundo é um ciclista muito combativo e já vimos que não tem medo de seguir Pogacar. O problema pode ser mesmo esse, seguir o esloveno e depois explodir. Terá de aproveitar um momento de hesitação para escapar. Também não será de descartar ver o francês na fuga.
Outsiders
Quem foi capaz de seguir Pogacar no primeiro dia foi Jhonatan Narvaez. O equatoriano é um bom ciclista de clássicas, não só de asfalto mas também do empedrado e este é mais um terreno que lhe assenta bem. A INEOS Grenadiers tem dado oportunidades aos seus ciclistas, sempre muito bem colocada na frente e isso é fundamental neste tipo de etapas. Se tiver Geraint Thomas ao seu lado, Narvaez pode voltar a surpreender Pogacar.
Quinten Hermans foi um dos ciclistas que aguentou a dureza do primeiro dia não sendo um homem da geral. Chegamos a uma etapa perfeita para si, um ciclista que tem raízes no ciclocrosse e que manobra a bicicleta muito bem neste tipo de terreno. Numa Alpecin-Deceuninck sem ambições à geral, será um corredor protegido nos momentos importantes. Para além de passar bem as subidas, é rápido em grupos restritos e, se estiver bem, não tem medo de atacar.
Será desta que Laurence Pithie consegue uma vitória importante? O neozelandês foi uma das revelações das clássicas, falhou sempre na parte final, fruto das longas quilometragens desse tipo de provas. Amanhã a história é diferente, dia mais curto e com algumas subidas que irão deixar os outros rápidos em dificuldade. Uma etapa atacada será perfeita para Pithie que, em grupos mais reduzidos, já demonstrou ser muito rápido.
Possíveis surpresas
Tem sido muito bom ver Maximilian Schachmann a conseguir boas prestações, a fazer lembrar outros tempos. O alemão é um ciclista muito ofensivo, adora este terreno ondulante e quererá aproveitar enquanto a forma está no topo. Temos visto uma Visma|Lease a Bike a apostar nos seus líderes, acreditamos que está na hora de dar alguma liberdade a alguns ciclistas e Jan Tratnik é o nome ideal para amanhã. O experiente esloveno gosta deste terreno, a fazer lembrar as clássicas e já sabe o que é vencer no Giro. Attila Valter é outra opção, no entanto o húngaro caiu no dia de hoje e pode estar combalido. A Decathlon AG2R não é equipa de prender todos os seus ciclistas a Ben O’Connor, será possível que um dos irmãos Paret-Peintre esteja na frente. Tanto Valentin como Aurelien são ciclistas explosivos e este terreno faz lembrar as clássicas francesas. Andrea Vendrame é outro nome na equipa gaulesa, um ciclista que anda sempre bem no Giro, principalmente nas etapas de média montanha.
Mikkel Honoré deve ter esta etapa marcada, o dinamarquês tem estado muito ativo e é sinal que está em forma e motivado. A Tudor tem que ter as setas apontadas à fuga, tanto Marius Mayrhofer como Matteo Trentin são dois corredores muito completos que se adaptam perfeitamente a este estilo de correr. Kevin Vermaerke é outro ciclista a ter em atenção, o norte-americano tem estado às portas de um grande triunfo. Por fim, Mauri Vansevenant é um corredor muito perigoso, o belga não tem medo de atacar e se estiver bem vai fazê-lo diversas bem. Alguma delas pode correr bem. Entre os sprinters, Kaden Groves é aquele que vemos com maiores reais hipóteses de sobreviver e poder discutir a vitória. Jonathan Milan teve uma grande evolução nas clássicas, não pode ser descartado.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Henok Mulubrhan e Nicola Conci.