Após uma etapa para a história, os sprinters voltam a ter uma nova oportunidade para lutar pela vitória. Na teoria, o dia pode ser acessível, só que o vento pode aparecer e fazer estragos. Quem irá vencer em Dijon?
Percurso
Se a etapa de hoje era acessível para os sprinters, o mesmo podemos dizer de amanhã. Ao contrário dos dias anteriores, uma distância mais “simpática”, com 164 quilómetros entre Mâcon e Dijon. Os pontos de interesse estão nos primeiros 30 quilómetros, primeiro com uma contagem de montanha de 4ª categoria e depoi com o sprint intermédio. Um dia longo na bicicleta, onde os quilómetros finais serão stressantes. Depois de uma longa reta, os ciclistas têm uma curva à esquerda a 3100 metros do fim, praticamente um quilómetro em linha reta e depois duas curvas ligeiras. Apesar de ligeiras, a 1700 metros a estrada estreita (numa das referidas curvas).
Os ciclistas voltam a ter uma linha reta, passando a flamme rouge no entanto ainda têm um obstáculo final, a cerca de 700 metros, com uma rotunda a ter de ser ultrapassada pela direita. Reta da meta com 600 metros de extensão e 7 metros de largura.
Táticas
Dois sprints no Tour de France e dois sprints muito confusos. Não tem havido um comboio a dominar, nem um sprinter que se tenha destacado. Isto é a Volta a França! Muito nervosismo dá nestes resultados e os grandes nomes ainda não corresponderam ao trabalho das suas equipas. A pressão começa a aumentar, os resultados têm de aparecer. Olhando para o final, é necessário estar bem colocado, as curvas na parte final vão fazer alongar muito o grupo. Se os sprints continuarem a ser muito confusos também será precisa uma pontinha de sorte para estar no sítio certo à hora certa. Tal como referimos ontem, Jayco, AlUla, Lotto-Dstny e Alpecin-Deceuninck têm de fazer muito melhor, são dos comboios mais completos e têm sido uma grande confusão, parece que não andaram a correr juntos durante parte da época.
Um fator extra amanhã será a possibilidade de bordures! Entre os 85 e os 50 quilómetros pelo fim, o pelotão irá passar por zonas extremamente expostas, existindo a possibilidade de o grupo principal se fracionar.
Favoritos
Jasper Philipsen ainda não acertou com o seu sprint. Queda na etapa 2, hoje ficou sem comboio e não teve pernas para ultrapassar Cavendish. Apesar de tudo, e com esta concorrência, continua a ser um dos ciclistas mais rápidos. A pressão é cada vez maior, a vitória tem de surgir senão fica complicado para vencer na primeira semana. A Alpecin-Deceuninck tem estado muito escondida, é preciso um lançamento exímio de Mathieu van der Poel.
Hoje Dylan Groenewegen não teve oportunidade de sprintar, amanhã há nova oportunidade. O neerlandês é daqueles ciclistas que quando menos se espera aparece para um grande resultado. Todos sabemos da sua velocidade, ainda é capaz de ombrear com os melhores, se Luka Mezgec o deixar bem colocado esse momento pode acontecer em Dijon. O neerlandês adapta-se ao vento.
Outsiders
Arnaud de Lie pode não gostar destes sprints confusos e em pelotão compacto mas tem sido dos ciclistas mais regulares. O belga tem tido um apoio incrível da sua equipa e isso tem sido fundamental para estar sempre entre os primeiros. Se conseguirem fazer um lançamento como aconteceu nos Nacionais da Bélgica, a primeira vitória no Tour pode aparecer. Quanto mais dura a corrida, melhor para o belga.
Se o vento aparecer com força, pode ser o dia para Wout van Aert. O belga ainda não disputou nenhum sprint em pelotão compacto, não querendo arriscar no meio da confusão. Com o vento, o grupo será, certamente, mais pequeno e, como tal, as possibilidades de ver Van Aert sprintar aumentam. Uma corrida mais dura também o favorece.
Porque não pensar que Mark Cavendish consegue prolongar o conto de fadas? Será muito complicado voltar a acontecer mas se há ciclista capaz de o fazer é o britânico. Já sem a pressão de conquistar a 35ª vitória, os resultados podem surgir com mais naturalidade. Como se viu hoje, Cavendish adora estes finais confusos, onde tem de andar a surfar de roda em roda. Teremos mais um recorde?
Possíveis surpresas
Phil Bauhaus adora estes finais confusos e nervosos. Hoje sofreu uma série de toques e ficou afastado da luta, algo que pode acontecer a qualquer um no sprint. O pouco apoio que tem tido até o tem deixado bem posicionado, veremos como o alemão corresponde amanhã. Não fosse a queda de hoje e Mads Pedersen era um dos principais favoritos. Não só pela natureza da chegada, pois tem um bom comboio, mas também devido à possibilidade do vento. Veremos como o seu corpo reage. Alguém falou em vento? É música para os ouvidos de Alexander Kristoff e da Uno-X, uma equipa que adora dificultar a vida aos principais sprinters. Se há etapa onde o Viking tem hipóteses é esta.
Biniam Girmay já venceu uma etapa mas não tem o apoio da sua equipa que recai em Gerben Thijssen. Dois galos para um poleiro, o que torna mais difícil o trabalho para ambos mas se há alguém que pode vencer é o eritreu. Pascal Ackermann até estava bem colocado hoje, lançou o sprint da frente mas cedo ficou sem pernas para disputar com Cavendish. Precisa das condições ideais para um grande resultado. Fabio Jakobsen espera uma etapa mais acessível, só assim vemos o neerlandês na disputa, já que a sua durabilidade tem sido pouca. Fernando Gaviria, Sam Bennett, Arnaud Démare e Bryan Coquard esperam por uma corrida mais endurecida, nos seus melhores dias conseguem ultrapassar o vento e lutar por um bom resultado.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Marijn van den Berg e Axel Zingle.