Está na hora da primeira chegada em alto do Giro! Tempo para a altitude e para o primeiro grande teste entre os candidatos da geral. Teremos algum grande nome a ceder?
Percurso
Primeiro teste em altitude para os ciclistas nesta Volta a Itália, primeira grande chegada em alto não obstante a subida não ser muito íngreme, mas já lá vamos. Os 60 kms iniciais da etapa são planos, antes de 2 subidas relativamente duras, sendo que só 1 é categorizada como 2ª categoria, a outra tem 14,4 kms a 4,6%, mas para os organizadores isso não chega. Na prática podemos passar de imediato para a subida final.
Este monstro em comprimento na realidade tem 45 quilómetros a uma média de 3,8%, é feito essencialmente por patamares. O primeiro patamar coincide com uma segunda categoria e tem 13,5 kms a 6%, é uma fase muito regular. Depois há 5 kms de falso plano antes de 9,7 kms a 4,1% e nova fase de descanso antes das rampas finais, que são as piores da longa subida. Os quilómetros finais têm 7,3%, 9,4%, 6,2% e os últimos 1500 metros 8,5%, já a mais de 2000 metros de altitude.
Tácticas
Falando numa perspectiva mais geral, esta subida é favorece na teoria os ciclistas menos explosivos, se for feita com um ritmo bem elevado, no caso de candidatos para a geral será mais talhada a João Almeida, Geraint Thomas ou Remco Evenepoel do que a Roglic ou Tao Hart. No entanto, se não houver um ritmo muito alto, aí a explosão de Roglic ou Tao Hart tem mais potencial de fazer diferenças nos 3 quilómetros finais.
Abordando agora dinâmicas de corrida, a DSM (que não vem com grandes objectivos) vai tentar manter a liderança de Andreas Leknessund. Será complicado, mas não impossível se não houver grandes ataques. Para isso é preciso que a fuga se dê nos primeiros 50 kms e que seja relativamente pequena porque aí não deverá ter muitos trepadores. Sendo que até pode ser relativamente grande, desde que não contenha ninguém a menos de 5 minutos do norueguês.
O mais provável parece-me ser que a Ineos-Grenadiers e a UAE Team Emirates peguem na corrida simplesmente para testar Remco Evenepoel, sem um pensamento específico na etapa. Tendo o belga já uma vantagem tão considerável precisam de o testar depois das 2 quedas de ontem, ainda para mais quando há relatos de estar dorido, não podem desperdiçar esta oportunidade, mesmo que seja bluff. Na luta da previsão entre favoritos e fuga dou apenas 20% de probabilidades da fuga resultar e para resultar tem de ter claramente bons trepadores.
Favoritos
Este é o tipo de etapa que Primoz Roglic gosta. O esloveno tem colecionado triunfos em chegadas como estas, subidas regulares, esperando pelo final para arrancar muito forte. Sabe que tem que começar a recuperar tempo e as bonificações serão importantes. Tem um bloco forte para controlar a subida final e manter o grupo unido.
Como já referimos, Tao Geoghegan Hart está no leque de ciclistas explosivos e pode ser um dos poucos a conseguir ombrear com Roglic. O britânico chega motivado após a grande exibição no Tour of the Alps e sabe que também tem que começar a recuperar tempo. Temos visto uma INEOS Grenadiers muito forte, não lhe faltará apoio.
Outsiders
Acreditamos que esta será uma etapa de sobrevivência para Remco Evenepoel, o belga não quererá gastar muita energia e, para além disso, a sua condição física depois das quedas pode ser uma incógnita. Estando bem, Evenepoel não terá dificuldades durante a subida e tem melhorado muito a explosão, tendo já travado alguns duelos com Roglic em 2023.
Thibaut Pinot tem estado em modo ofensivo, procurando os pontos da montanha mas, ao mesmo tempo, não está assim tão longe na geral. Amanhã vemos o francês a tentar a sua sorte de longe, deverá ter alguma liberdade por partes dos principais homens da geral, e num grupo restrito ainda consegue ser dos mais rápidos.
Em caso de fuga, Ben Healy é um dos nomes a considerar. O irlandês chegou em grande forma, tem estado mais discreto e tem que aproveitar enquanto está fresco. Uma das revelações da temporada, sabe que será muito marcado se estiver na escapada no entanto se mostrar a capacidade física das Ardenas dificilmente alguém o consegue seguir.
Possíveis surpresas
João Almeida tem uma subida ao seu jeito, longa, não muito ingrime e com um final onde consegue usar a sua explosão. O campeão nacional tem sido um dos mais regulares, quererá manter a sua prestação em grande. Dentro da UAE Team Emirates, e depois de ter perdido algum tempo, Jay Vine deverá ter mais liberdade para atacar de longe, ao estilo do que fez na Vuelta do ano passado. Entre os homens da geral, Jack Haig e Aleksandr Vlasov têm uma boa ponta final, podem ameaçar os nomes já referidos em caso de haver sprint. Para ataques de longe, olho nos combativos Damiano Caruso, Hugh Carthy e Lennard Kamna, são muito fortes a medir os ataques neste tipo de etapas. Esta é a primeira grande oportunidade para os trepadores do Giro, pelo que muito poderão integrar a fuga do dia, casos de Brandon McNulty, Jefferson Cepeda, Patrick Konrad, Harm Vanhoucke, Joe Dombrowski e Filippo Zana.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Lorenzo Fortunato e Matthew Riccitello.