A entrada no fim-de-semana faz-se com o regresso da montanha e das chegadas em alto! Teremos nova demonstração de força de Remco Evenepoel?

Percurso

O fim-de-semana começa com um complicado dia de montanha, 3700 metros de desnível acumulado positivo dividido por 6 contagens de montanha. Logo a abrir surge o Alto de la Colladona (7 kms a 6,3%) e, ainda na primeira metade da etapa estão o Alto de la Mozqueta (7,2 kms a 6%) e o Alto de Santo Emiliano (5,8 kms a 5,3%).

Puerto de Tenebredo (5,9 kms a 5,4%) e Puerto de Perlavia (3,8 kms a 7,8%) aparecem em menos de 20 quilómetros mas ficam ainda longe da chegada, a última escalada termina a 30 quilómetros do começo da subida final. Tudo se vai decidir no Colláu Fancuaya (10,2 kms a 7,8%), uma subida que vai em crescendo de dificuldade e tem nos últimos 1300 metros praticamente 10% de inclinação média.

Táticas

Remco Evenepoel e a Quick-Step já afirmaram que querer levar a camisola vermelha, pelo menos, até ao contra-relógio, ou seja, vão defendê-la como puderem. Assim, a fuga só terá liberdade para sair quando não houver ciclistas perigosos para a classificação geral. Depois de ontem, o líder da Vuelta deu um sinal muito importante da sua forma mas daqui para a frente é que vai começar a ser testado.

Equipas como a INEOS Grenadiers, BORA-hansgrohe e Movistar (corre em casa) podem assumir a perseguição, não só a pensar na etapa mas também para verem se algum homem da geral passará dificuldades, viu-se no Pico Jano que a forma de alguns ainda não era a melhor. Dito isto, a fuga tem hipóteses, depende é de quem está nele e em que altura é formada.

Favoritos

Remco Evenepoel tem que aproveitar enquanto está fresco e sabe que está na sua zona de conforto para continuar a ganhar tempo. Depois daquilo que fez ontem, os seus rivais irão olhá-lo de outra forma mas se o belga voltar a estar forte, irá impor o ritmo na frente do grupo e … logo se verá quem o conseguirá acompanhar.

Terá sido apenas um dia menos bom de Primoz Roglic? O esloveno mantém a confiança, não fosse ele o triplo campeão da Vuelta, sabe o que é preciso para levar de vencida a prova e, ele mais que ninguém sabe a sua forma. Este é o seu tipo de subida, constante e com um final mais ingrime, onde conseguirá usar toda a sua explosão quem sabe, para a 11ª vitória da carreira na Vuelta.

Outsiders

Enric Mas foi uma das agradáveis surpresas no Pico Jano, o único a conseguir seguir Evenepoel. O espanhol parece estar, finalmente, a encontrar a sua melhor forma e entra no seu terreno predileto. Não é ciclista de atacar, mas sim de seguir rodas, mas se sentir a oportunidade não quererá desperdiçar, ainda para mais a Movistar precisa de vitórias.

Pavel Sivakov é, por agora, a melhor opção da INEOS Grenadiers. O francês entrou bastante confiante nesta Vuelta e vai querer aproveitar a oportunidade. A equipa britânica tem vários ciclistas entre os melhores, pode jogar a seu favor em caso de superioridade numérica. Não tem medo de atacar de longe.

Em caso de fuga, Carlos Verona é outra carta que a Movistar tem. O trepador espanhol está a ter um excelente ano, sempre muito regular, e quando é possível tem conseguido bons resultados. A correr em casa, a equipa espanhola tende a dar mais liberdade aos seus ciclistas, Verona é a melhor aposta.

Possíveis surpresas

Simon Yates foi quem abriu as hostilidades na primeira chegada em alto, o britânico é alguém que não tem medo de atacar e tem aqui uma boa oportunidade mas … nunca sabemos quando terá o seu característico dia mau. Juan Ayuso aproveitou a oportunidade de ontem, a UAE Team Emirates deverá dar-lhe liberdade enquanto estiver bem. O espanhol é um fenómeno, não nos surpreenderia se amanhã conseguisse vencer. Jai Hindley, João Almeida, Fino Mader, Wilco Kelderman e Miguel Angel Lopez são ciclistas que parecem estar a apontar mais à terceira semana, vão querer estar entre os melhores. A forma como Jay Vine venceu ontem não pode ser ignorada, foi à base da força, pouco tempo perdeu para Evenepoel, é uma séria ameaça quer numa fuga quer antecipando os favoritos. Mark Padun foi o mais forte da fuga nesse dia, veremos se está de volta ao seu grande nível ou se foi sol de pouca dura. Nomes como Santiago Buitrago, Alexey Lutsenko, Esteban Chaves e Quentin Pacher têm que ser, também eles, destacados.

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Luís Leon Sanchez e Wout Poels.