A Vuelta entra no fim-de-semana e regressa a montanha! Mais um final num muro, imagem de marca da prova espanhola, na primeira tentativa de começar a recuperar tempo face a Ben O’Connor.

 

Percurso

Úbeda recebe a partida do 8º dia da Volta a Espanha, uma etapa curta, apenas 159 quilómetros e relativamente simples. Os primeiros 100 quilómetros são os mais fáceis, apenas alguns pequenos topos mas nada de muito complicado. O Puerto Mirador de las Palomas (7,3 kms a 5,6%) aparece nesse momento, será o primeiro momento-chave da etapa. No alto, a corrida torna-se muito rápida, já que se seguem praticamente 27 quilómetros de descida, com duas curtas colinas pelo meio.



Depois do sprint bonificado, a 20 quilómetros do fim, a estrada começa a subir, apanhando 1900 metros a 5,2%, um aperitivo para o que será a subida final em Cazorla. Será somente uma terceira categoria, mas um tradicional final nos muritos espanhóis. 4800 metros a 7,2%, uma subida onde o primeiro e o último quilómetro são os mais duros, a 8,6% e 9,9% respetivamente.

 

Táticas

Regressam as etapas de montanha na Vuelta. É certo que ainda não chegou a alta montanha, é mais um final num muro espanhol, algo já característico desta competição mas é possível fazer diferenças. Em 2015, quando a Vuelta terminou neste local, Esteban Chaves venceu isolado, no entanto as diferenças foram curtas, os primeiros 23 ciclistas chegaram separados por apenas 11 segundos. Por isso, não esperem diferenças grandes no final, claro que vão existir diferenças mas não serão enormes.

A Red Bull-BORA mostrou hoje que quer endurecer a corrida ao máximo, já admitiu que ontem foi um erro dar tanto tempo a Ben O’Connor e agora têm de correr atrás do prejuízo. O terreno não é assim tão duro para endurecer a corrida, não achamos necessários colocar assim tantos ciclistas a controlar durante a primeira fase da etapa. Depois a missão fica encarregue dos trepadores, principalmente Florian Lipowitz e Aleksandr Vlasov. A subida final é perfeita para Primoz Roglic, veremos se o esloveno está bem. Também a UAE Team Emirates tem de fazer algo, Marc Soler e Pavel Sivakov têm estado ao ataque, agora é hora de se colocarem ao serviço de João Almeida. Ben O’Connor vai correr na expectativa, seguir os rivais, ele não gosta de subidas muito explosivas, vai ser um dia para saber sofrer.

 

Favoritos

Primoz Roglic tem de aproveitar as suas oportunidades e se há etapa onde pode recuperar tempo é esta. O esloveno adora estas pendentes mais duras e, depois rematar com a sua poderosa ponta final, um clássico desde que vem à Vuelta. Essa é a imagem de marca de Roglic que, agora, corre contra o tempo para recuperar os quase 5 minutos. Vlasov e Lipowitz serão fundamentais.



Lennert van Eetvelt esteve perto de derrotar Roglic em Pico Villuercas, faltou-lhe mais experiência. O jovem belga é um ciclista muito irreverente, não tem medo de atacar e isso, por vezes, passa fatura pois tem de se saber resguardar para os momentos mais importantes. Está em grande forma e poderá não ser muito marcado.

 

Outsiders

Estas subidas mais curtas e inclinadas não são ideais para João Almeida mas o português sabe, como poucos, gerir o seu esforço, as clássicas Almeidadas. O ciclista da UAE Team Emirates sabe sofrer quando tem de sofrer, aguentando as pendentes mais agressivas é um ciclista que pode atacar na parte final, quando as forças dos seus rivais já estiveram mais justas.

O pequeno Matthew Riccitello é um ciclista talhado para este tipo de finais, basta ver o que fez em Pico Villuercas e em provas passadas. O norte-americano perdeu muito tempo nos últimos dias e, por isso, já tem liberdade para poder atacar, seja através do grupo dos favoritos ou tentando imiscuir-se na fuga do dia.



Não tem sido a melhor Vuelta para Richard Carapaz. O equatoriano já perdeu algum tempo mas, se não pensasse na geral, não tinha ido às bonificações hoje, portanto é mais um ciclista que tem de recuperar tempo. Muito combativo, Carapaz não tem medo de atacar, um ciclista que prefere quebrar do que não tentar.

 

Possíveis surpresas

A Vuelta traz sempre a melhor versão de Enric Mas, parece que o espanhol está o ano todo à espera deste prova. O espanhol não é um ciclista ofensivo, tem melhorado nos últimos tempos, mas na Vuelta Mas pode surpreender, ele que foi dos mais fortes em Pico Villuercas. Entre os homens da geral, Mattias Skjelmose é um dos mais explosivos, veremos como aguenta o ritmo mais endurecido dos seus rivais, não passando bem na primeira chegada em alto. Antonio Tiberi, Mikel Landa e Sepp Kuss não são ciclistas explosivos, vai ser um dia para limitar perdas e chegar na frente, só aproveitando hesitações podem surpreender.

A fuga também hipóteses de chegar, tudo vai depender da atitude de Red Bull-BORA e UAE Team Emirates. Olhando para esse cenário, e se a UAE não quiser controlar no pelotão, pode entrar em fuga com Marc Soler. O espanhol tende sempre a render muito na Vuelta, hoje esteve muito perto de o conseguir. Jhonatan Narvaez é uma opção óbvia, o equatoriano sobe relativamente bem, é um ciclista explosivo e deve ter facilidade em integrar a fuga na fase mais plana. Oier Lazkano também preenche os mesmos requisitos, a correr em casa a Movistar quer sempre vencer e colocar ciclistas nas fugas mais importantes. David Gaudu tentou na parte final da etapa de hoje, está com vontade de mostrar serviço, amanhã tem nova oportunidade. Ciclistas irreverentes como Mauro Schmid, Mauri Vansevenant, Giulio Ciccone e Michael Woods são opções muito válidas para a fuga, ciclistas explosivos e que gostam deste tipo de finais.




Super-jokers

Os nossos super-jokers são Kobe Goossens e Max Poole.

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