A entrada no fim-de-semana faz-se com mais uma maratona de 200 quilómetros, onde o leque de candidatos à vitória são muitos, o que promete animar a etapa.
Percurso
Nova maratona a abrir o fim-de-semana de ciclismo em Itália, com 200 quilómetros entre Giovinazzo e Vieste. Esta etapa pode ser dividida em duas fases completamente distintas, uma primeira com 89.5 kms completamente planos e os restantes 110.5 kms bastante ondulantes.
O Monte Sant’Angelo (9.4 kms a 6,2%) é a primeira dificuldade do dia, a mais longa por sinal. Após a descida, seguem-se 4 pequenas colinas (a rondar os 3 kms e os 5-6%), antes de 8 kms a 3,7%. La Guardiola (1400 metros a 6%) antecede nova sequência de colinas, estas ainda mais curtas.
Os ciclistas passam uma primeira vez pela meta à falta de 24 kms para a chegada e, logo de seguida sobem Via Sagarat (1000 metros a 9,1%), um muro autêntico! A 3500 metros da chegada, a derradeira subida do dia, 900 metros a 2,8%, algo suave comparando com as rampas que o pelotão já teve pela frente.
Tácticas
No papel esta é uma jornada perfeita para Peter Sagan e Michael Matthews, existe dureza suficiente para deixar os restantes sprinters para trás, Arnaud Demare está a subir bem e está em grande forma, mas mesmo assim esta etapa está no limite para ele.
Se pensarmos que a etapa tem 2100 metros de acumulado em 200 kms até parece fácil, mas na verdade esses 2100 metros estão concentrados somente nos últimos 110 kms. Caso a Bora-Hansgrohe e a Sunweb queiram pegar na corrida e endurecer o ritmo basta fazê-lo nos 60 kms finais, não é necessário ser na contagem de 2ª categoria, ainda por cima quando já a Via Saragat 2 vezes no últimos 25 kms.
A questão aqui é que hoje foi um dia muito duro, 51 km/h de média, apesar da quilometragem reduzida, e amanhã é um dia potencialmente decisivo para o Giro. Tanto a Bora-Hansgrohe e a Sunweb têm um grande problema, não podem contar com 3 dos 8 elementos para trabalhar (Sagan, Matthews os sprinters, Kelderman, Hindley, Konrad e Majka no top 11 da geral). Se pensarmos que serão as equipas que têm responsabilidade de perseguir a fuga (porque é duro demais para Gaviria e a FDJ já tem 3 vitórias), não sobra muita gente.
Já vimos este cenário a acontecer no Tour, a Bora-Hansgrohe tentou controlar a corrida 2/3 vezes para Sagan e depois abdicou, enviando representação para a fuga e se amanhã isso acontecer é certinho que a escapada resulta, porque vai haver no pelotão a vontade de guardar energias para amanhã.
Favoritos
Peter Sagan parece com mais pernas do que no Tour. Hoje foi o único capaz de dar luta a Demare, já no primeiro sprint do Giro tinha tido boa explosão aquando do lançamento do sprint. A Bora-Hansgrohe vai ter de fazer uma gestão com pinças no final, se ficar sem elementos para controlar pode ser atacada de todos os lados.
Ben Swift está de regresso a um excelente nível, não só tem conseguido subir com os melhores, como fez 4º hoje. Swift sabe que, a ganhar, tem de ser através de uma fuga, não consegue deixar Matthews para trás e o australiano tem melhor ponta final que ele. A Ineos está sem pressão, já não tem líder para a geral e triunfou em 2 etapas.
Outsiders
Já vimos Arnaud Demare sobreviver a traçados semelhantes, o último terço de etapa faz lembrar o Tour de Wallonie, onde esteve brilhante. Mesmo que perca uns metros na Via Saragat é provável que a equipa fique junto do seu líder para facilitar a recolagem.
Caso a Bora-Hansgrohe opte pela estratégia de colocar homens na fuga o escolhido deverá ser Matteo Fabbro, o jovem ciclista da casa que esteve próximo do triunfo no Tirreno-Adriatico, quando Ruben Guerreiro fez 2º. Fabbro já mostrou que é capaz, sozinho, de reduzir o pelotão para metade.
Este perfil é a praia de Simon Clarke e o ciclista da EF Pro Cycling já em Matera se intrometeu entre os melhores no sprint. A sua ponta final em terreno plano é ainda melhor que em subida e já sabe o que é ganhar em Grandes Voltas, seria épico ver a formação norte-americana vencer com este equipamento.
Possíveis surpresas
No mesmo patamar de Simon Clarke está Ruben Guerreiro, apesar do ciclista português preferir um final ainda mais duro. O Ruben já esteve ao ataque, perdeu por pouco o comboio de Thomas de Gendt no dia em que ganhou Filippo Ganna. Para Michael Matthews ganhar teoricamente tem de deixar Peter Sagan para trás e não estamos a ver isso a acontecer amanhã, se o pelotão disputar a etapa um pódio é provável. Em termos de homens rápidos há mais que passam bem a montanha, mas vemos Andrea Vendrame e Fabio Felline nomes para um pódio, no máximo. A Movistar está decidida a atacar, Davide Villella é quem tem mais perfil para a jornada de amanhã, enquanto na Bahrain-McLaren Enrico Battaglin ou Jan Tratnik são nomes a ter em conta. Outros ciclistas que têm potencial para ganhar numa fuga: Matteo Sobrero, Aurelien Paret-Peintre, Giovanni Visconti, Nico Denz e Thomas de Gendt.
Super-Jokers
Os nossos super-jokers são Davide Ballerini e Mikkel Honoré.