A entrada no fim de semana faz-se com o regresso da montanha. É certo que a dureza não é extrema mas é possível fazerem-se algumas diferenças.
Percurso
Será um início de etapa certamente animado, todos sabem que este terreno ondulado pode oferecer mais uma vitória de etapa à fuga. Se a escapada sair nos primeiros 25 kms aí é vantagem para os roladores, se não se formar até aí existe uma fase de 4 kms a 6% onde os trepadores terão grande vantagem a cerca de 35 kms para a meta.
A grande dificuldade da jornada é a subida para Bocca Della Selva, que tem 19 kms a 4,6% de inclinação média, estando situada a 50 kms da meta. É uma ascensão longa, mas relativamente acessível, tem a meio 3 kms a cerca de 7%, tendo também fases de 3 e 4%. Segue-se uma longa descida, com quase 40 kms e que leva praticamente os ciclistas à subida final. É uma descida íngreme nos primeiros quilómetros e que depois aligeira e tem algumas fases planas.
A contagem de montanha final tem 3,1 kms a 6,6%, só que na verdade os corredores vêm já em falso plano desde os 11 kms para a meta. Em relação à subida final, os 2 kms iniciais são os mais duros, a 7,3%, e depois aligeira para os 5% no quilómetro final.
Tácticas
Vamos à pergunta da praxe, quem vai perseguir a fuga? Na perspectiva da Groupama-FDJ qualquer ciclista que esteja a mais de 6 minutos tem mais que autorização para ir para a fuga, a equipa francesa até aceita de bom grado, quanto menor o ritmo durante a etapa, menores as probabilidades de Attila Valter perder a rosa pois haverá menos diferenças na última subida.
Em relação a equipas da geral talvez a Deceuninck-Quick Step ou a Ineos-Grenadiers tivessem algum interesse nas bonificações porque Bernal e Evenepoel são favoritos, mas não vemos isso a acontecer por 3 motivos. Primeiro potencialmente ficariam com a camisola rosa e mais desgaste em dias consequentes, segundo a etapa de amanhã tem mais potencial para diferenças e o objectivo deve ser guardar energia, e terceiro, poderia ser muito trabalho para pouco proveito.
Cremos que este final é duro demais para Peter Sagan e para além disso para Sagan passar 19 kms a 4,6% o ritmo teria de ser algo baixo. Sagan e a Bora-Hansgrohe terão os olhos postos na etapa 10. Potenciais candidatos à etapa serão Dan Martin e Diego Ulissi. Só que Ulissi ainda não parece na sua melhor forma e tem uma equipa fraca para perseguir neste tipo de terrenos (Covi, Gaviria, Molano e Richeze são ciclistas rápidos, Dombrowski abandonou, Formolo está pela geral, sobra … Conti).
Favoritos
Esta é uma etapa ideal para Ruben Guerreiro. O português tem estado bastante bem no apoio a Hugh Carthy quando a estrada inclina e o tempo perdido hoje poderá dar-lhe alguma liberdade. A subida final é perfeita para si, tem a extensão e inclinação ideal para a sua capacidade explosiva.
Acreditamos que Bauke Mollema vai continuar a tentar até vencer uma etapa e amanhã é mais um dia para tal. O holandês não foi o mais forte ontem mas também é certo que teve que gastar muitas energias para chegar à frente. Numa fuga será sempre dos mais fortes e sabemos da capacidade de Mollema em ler a corrida e atacar no momento correto.
Outsiders
A Astana é uma equipa que costuma dar liberdade aos seus corredores mesmo tendo um líder para a geral. Gorka Izagirre é o nome que se destaca na formação cazaque, um corredor muito completo, sobe bem e tem uma boa ponta final, e que quando tem como objetivo uma fuga raramente fara. Veremos se amanhã é dia.
Andrea Vendrame veio com o foco de vencer uma etapa de média montanha e, depois de ter tentando no dia em que venceu Joe Dombroswiki amanhã é mais um dia que se adapta às suas características. O italiano é mais que um sprinter, é um puncheur que se adapta bem à média montanha e a chegada de amanhã está “no ponto” para si.
Não tendo capacidade para colocar a sua equipa a perseguir, Diego Ulissi deverá tentar imiscuir-se na fuga. É claro que o italiano não apresenta a forma do ano passado mas tem vindo em melhoria e tendo aqui uma etapa que lhe assenta que nem uma luva tem que tentar. Tanto pode seguir rodas e confiar no seu sprint como vencer isolado.
Possíveis surpresas
Várias equipas têm mais que uma alternativa. A EF Education NIPPO tem em Alberto Bettiol um sério candidato, ele que tem vindo em subida de forma e, apesar de não ser um trepador tem apresentado boa condição física. Na Trek-Segafredo destacamos Gianluca Brambilla, numa etapa ideal para si, ele que já apresentou muito boa forma em 2021. Darão as equipas da classificação geral liberdade aos “caçadores de etapas”? Felix Grosschartner, Koen Bouwman, Mikkel Honoré, Jhonatan Narvaez ou Gianni Moscon seriam, em condições normais, candidatos mais sérios, veremos se terão a liberdade necessária numa tirada não muito dura para os homens da geral. Por fim, atenção a Harm Vanhoucke, Tony Gallopin, Einer Rubio e Clement Champoussin. Caso a luta pela etapa caia para os homens da classificação geral, Dan Martin, Egan Bernal, Giulio Ciccone e Remco Evenepoel são os maiores candidatos.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Quentin Hermans e Rudy Molard.