Venha a alta montanha! Após um dia que já foi de muito espetáculo, amanhã as míticas subidas do Tour irão marcar presença. Teremos mais algum favorito à geral final a ceder?

 

Percurso

Está aí a alta montanha! Este é o dia mais duro do Tour até agora, aquele que vai mostrar como estão as pernas dos candidatos à vitória na alta montanha. O início, com 5 kms a 6,6%, vai permitir que a fuga tenha alguns trepadores porque os ciclistas mais poderosos vão passar dificuldades.



A jornada é indubitavelmente marcada pelos 50 kms finais, que têm 3 contagens de montanha de 1ª categoria extremamente duras. A primeira é o Cote de Mont Saxonnex, com 6,1 kms a 8,2% de média, uma média enganadora pois o último km tem 4,5%. Segue-se aquela que pode dar para fazer mais diferenças, o Col de Romme, com 8,8 kms a 9%. Tem uma entrada bastante dura, com 3 kms a cerca de 10% e volta a atingir essa dureza no penúltimo quilómetro.

Não há tempo para descansar pois o Col de la Colombiere, com 7,6 kms a 8,3% está aí. É uma ascensão que de uma forma geral vai endurecendo até ao topo, o penúltimo quilometro tem 10,1% e os últimos 600 metros 12%, antes da descida que vai levar os ciclistas até Grand Bornand, não vai haver muito espaço para recuperações.

 

Tácticas

Diz-nos a tradição que a primeira etapa de montanha do Tour cai para os homens da geral, foi assim na era de domínio da estrutura da Ineos, muitas vezes controlando o Tour a partir daí. A questão é que nessas edições não havia tantas diferenças na geral antes da primeira etapa de montanha, este ano houve as quedas e o contra-relógio a baralhar as contas. Isso abre a janela de oportunidade aos trepadores que já perderam muito tempo e que têm margem para entrar na fuga.



Depois está a questão da camisola amarela, a UAE Team Emirates não quer propriamente ficar com essa responsabilidade já à 8ª etapa e sabe que estas subidas são duras demais para Mathieu van der Poel, não vai querer propriamente perseguir a fuga para ficar com a camisola. A Jumbo-Visma, vai estar mais resguardada, agora que Primoz Roglic está fora da luta e tem Jonas Vingegaard e Wout van Aert bem colocados. Na Ineos-Grenadiers também Geraint Thomas ainda parece convalescente, ele que hoje chegou a passar algumas dificuldades. Essa pode ser a motivação para algumas equipas forçarem o ritmo, como a Movistar que precisa de recuperar tempo e a Quick-Step, que tem Alaphilippe em excelente forma. Quem sabe a própria UAE não tente descartar já Roglic das contas da geral.

Dito isto, o sucesso ou insucesso da fuga estará muito dependente da constituição da mesma e das intenções da UAE Team Emirates, parece-nos um 50/50 para amanhã.

 

Favoritos

Depois do show que deu no contra-relógio não seria descabido pensar que Tadej Pogacar pode ver na etapa de amanhã a oportunidade de dar praticamente o xeque-mate neste Tour. O esloveno está a voar baixinho e pode ganhar em vários cenários, será sempre um dos mais rápidos, senão o mais rápido do grupo dos favoritos e parece ser o mais forte neste momento.



Michael Woods é um dos ciclistas que vinha lutar por um top 10 na geral, mas que já está muito atrasado. O canadiano perdeu muito tempo na 1ª etapa, mas o 11º posto na 2ª jornada leva-nos a crer que não ficou muito afectado pela queda. Desde aí que tem vindo a poupar energias e terá esta etapa certamente marcada no livro de prova.

 

Outsiders

Warren Barguil é outro corredor já muito atrasado na classificação geral, a mais de 17 minutos da frente. Caso Barguil tenha como objectivo a classificação da montanha, algo que é possível, tem de estar na frente amanhã, com 3 contagens de 1ª categoria. Outro ciclista que tem vindo a perder tempo.

A Bahrain-Victorious é uma das equipas do momento, venceu hoje, e este perfil é do agrado de Dylan Teuns. O belga já não tem um líder para proteger pois Jack Haig foi para casa e tem dado boas indicações nas etapas mais duras que houve até agora.



Julian Alaphilippe pode perfeitamente ter este dia marcado, as subidas não são extremamente longas e a etapa também não, o que é bom para o francês. Sabe que alguns dos rivais na geral estão algo debilitados e o final em descida também é muito bom para ele, dos melhores descedores do pelotão.

 

Possíveis surpresas

Se pensamos numa fuga temos de pensar em ciclistas da Astana, nomeadamente Omar Fraile e Ion Izagirre, que já estão muito atrasados na classificação geral. Ambos descem bem e ambos parecem minimamente recuperados. Entre os ciclistas da geral não vemos muitos com hipóteses de vencer, a Jumbo-Visma poderia tentar lançar Jonas Vingegaard para pressionar a UAE Team Emirates. Os ciclistas a uma distância média da frente e que poderão tentar alguma coisa são Richie Porte, Pello Bilbao e Miguel Angel Lopez, para tentar voltar a aproximar-se da frente. Ruben Guerreiro seria um bom nome para hoje, será que terá liberdade para entrar na fuga estando a cerca de 5 minutos na geral? Só se a UAE Team Emirates quiser que outro corredor fique com a camisola amarela, aí também Ben O’Connor, Aurelien Paret-Peintre e Tiesj Benoot podem entrar neste lote. Outros nomes fortes para a fuga são Elie Gesbert, Cristian Rodriguez, Valentin Madouas e Patrick Konrad.



 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Tao Hart e Guillaume Martin.

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