Esta é uma etapa que os sprinters têm debaixo de olho, será que o final traiçoeiro em Limoges vai proporcionar uma vitória a outro homem rápido que não Jasper Philipsen?

Percurso

Uma jornada plana durante 125 kms e de média montanha nos últimos 75 kms, onde estão concentradas algumas colinas e a larga maioria do acumulado desta tirada. Uma contagem de terceira categoria abre as hostilidades e segue-se uma série de colinas não categorizadas antes de 2 colinas categorizadas e a rampa final. A 16 kms da meta há 1300 metros a 5,3%, a 9,5 kms do final há 1200 metros a 5,4%, sendo que os últimos 800 metros empinam novamente a 4,3%. Todas estas pequenas subidas são relativamente regulares, não há assim partes de 500 metros a 10%, o que também agrada aos sprinters presentes.

Tácticas

Esta é daquelas tiradas que no final da segunda semana é quase certo ir para a fuga, mas tendo em conta que o único sprinter que ganhou até agora foi Jasper Philipsen e que há tantos ciclistas com boas pontas finais em subida isto deve resultar em sprint em grupo reduzido. Wout van Aert já disse estar a pensar nesta etapa, Girmay também e mesmo a Lidl-Trek já mostrou ambições, devem ser 3 das equipas a querer controlar a corrida. Para isso têm de se certificar que a escapada tem 4/5 elementos de equipas mais discretas para conseguirem gerir a diferença. Esta etapa oferece também um dilema à Jumbo-Visma, para Wout van Aert o melhor seria um ritmo alucinante nas subidas de modo a sufocar os outros sprinters, o problema é que isso também abre as portas das bonificações a Pogacar, que é melhor num final deste género do que Vingegaard, acho que a formação holandesa não quer esse cenário e o belga vai ter de bater os rivais mano a mano.

Favoritos

Biniam Girmay – Seria um concretizar de um sonho e este final creio que lhe assenta que nem uma luva, viu-se no Giro como competiu contra um Mathieu van der Poel em grande forma mano a mano. A Intermarche aposta muito nesta jornada, certamente que a estudaram ao pormenor e pelo 3º posto de hoje viu-se que o problema de Girmay nos sprints tem sido a colocação, não a falta de pernas. Amanhã tem de se focar nisso mesmo e em não abrir o sprint cedo demais porque estará vento frontal, tem tendência a fazer isso de vez em quando.



Bryan Coquard – Foi 2º na última chegada a Limoges, é um final mesmo agonizante este. O francês está em grande forma e adora estes finais em subida, é onde se destaca até. A vitória de Victor Lafay retirou pressão ao resto da equipa, que agora sente que não tem nada a perder, “Le Coq” quer consolidar também o seu 2º lugar na classificação por pontos, nunca se sabe se acontece algo a Philipsen.

Outsiders

Wout van Aert – Depois de tantas colinas é dos sprinters que vai chegar mais fresco ao final devido à sua facilidade em passar este tipo de terreno, isso joga a favor dele, bem como a sua fome de vencer depois do que já aconteceu e o facto de se ter poupado hoje. Não acho que seja propriamente a especialidade dele este tipo de finais, mas estamos no Tour, esta é uma corrida em que ele brilha e não vai querer sair daqui de mãos a abanar. Por outro lado, com a equipa focada em Vingegaard poderá não ter assim tanta ajuda.

Mads Pedersen – Outro dos especialistas dos sprints em subida. A Lidl-Trek teve uma etapa terrível ontem, Ciccone abdicou de vez da geral e perdeu terreno na montanha, Skjelmose cedeu muito tempo na geral e vão querer lamber essas feridas. De todos os sprinters Pedersen é dos que se tem visto menos, mas os sprints massivos não são muito a onda dele e o comboio não tem funcionado muito bem, a minha grande questão foi o sprint de hoje, estava bem colocado e de repente começou a andar para trás. Foi para a fuga na primeira etapa de montanha e viu-se que está a subir bem até.

Caleb Ewan – Esteve muito bem nas primeiras 2 chegadas ao sprint em termos de pernas e colocação, ontem colocámo-lo nos favoritos claro que falhou o objectivo, saiu de cena assim que começaram os toques. É outro corredor que demonstrou muita ambição para esta jornada e no papel isto é canja para quem já ganhou no Hatta Dam, com uma colocação decente certamente que a ponta final de Ewan vai fazer estragos aqui.

Possíveis surpresas

Jasper Philipsen – Só não está nos favoritos porque não sei bem como a Alpecin-Deceuninck vai funcionar amanhã. É certo que Philipsen vai lá estar, tem de estar pela classificação por pontos e porque tem hipóteses genuínas de vitória. A minha dúvida é no papel de Mathieu van der Poel, é que boa parte dos triunfos do belga se devem aos lançamentos do holandês e amanhã ele poderá ter carta livre.

Mathieu van der Poel – A tal questão da carta branca, será que vai ficar amarrado a lançar Philipsen 90% do Tour? Ele adora este terreno, estas colinas não muito empinadas onde pode usar a sua capacidade explosiva, parece ainda não estar a 100%, mas costuma aparecer nos grandes momentos, será que vai provar isso novamente? Não seria uma surpresa completa atacar na penúltima colina a 10 kms da meta para abrir a corrida.




Alexander Kristoff – Um grande fã destes longos finais em falso plano, esteve na discussão da etapa em 2016 quando acabou aqui em Limoges e na teoria é um final que lhe assenta melhor do que um puro sprint.

Tadej Pogacar – Vai querer estar entre os primeiros por causa dos cortes e é um grande ciclista de clássicas, com uma corrida muito endurecida tem hipóteses legítimas de pódio.

Julian Alaphilippe – Outro ciclista que adorava ter uma corrida muito acelerada, com Jakobsen debilitado deve ser a aposta da equipa e já viu que na montanha ainda não tem pernas e que no Dauphine a capacidade explosiva está lá.

Magnus Cort – Ainda não se viu nesta Volta a França, vai aparecer um dia destes, só resta saber se o dia será nas colinas de Limoges.

Phil Bauhaus – Um dos sprinters mais regulares desta edição, espero outro top 10 amanhã, o alemão não é assim tão mau quanto isso nestas chegadas e a Bahrain não tem ninguém no top 10 da geral, vai passar a apostar mais nele.

Jordi Meeus – Um corredor bastante competente neste tipo de chegadas e que tem um bom lançador como Danny van Poppel com ele. O holandês também é um bom finalizador, veremos se amanhã não vai ser cada um por si.

Alex Aranburu – Aparentemente está em grande forma, muito cuidado com ele porque está a subir bem e é explosivo, será outro que quer uma corrida bem acelerada e um grupo mais reduzido.

Corbin Strong – Creio que é a melhor hipótese de pódio que vai ter em todo o Tour, foi ele que encabeçou o segundo grupo logo na dura jornada inaugural.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são Mark Cavendish e Christophe Laporte

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