O Monte Farinha é o palco da última chegada em alto da Volta a Portugal, naquela que é a derradeira oportunidade para os trepadores fazerem diferenças. Conseguirá Afonso Eulálio reforçar a sua liderança?

Percurso

A derradeira etapa de alta montanha da Volta a Portugal! 4 contagens de montanha, 3 delas de 1ª categoria compactadas em 170,8 kms e achegada mítica à Senhora da Graça. A primeira grande subida aparece com 74 quilómetros percorridos, no entanto para trás há um terreno bastante ondulante com vários pequenos topos. A subida em questão é a escalada à Serra do Marão (19,5  kms a 3,9%), seguida do Velão (5,5 kms a 3,1%) e da subida do Barreiro. Esta montanha deve partir por completo o pelotão, são 10,2 kms a 6,2% e novamente a média é estragada por um quilómetro praticamente plano (os últimos 3500 metros são a 8,5%).



Segue-se uma longa descida e a entrada em Mondim de Basto. A subida da Senhora da Graça é conhecida por todos, 8400 metros a 7,5% com os últimos 2 quilómetros a serem especialmente duros, acimados 8%.

 

Táticas

A última etapa de montanha, última oportunidade para os trepadores fazerem diferenças! Muito ainda por jogar na classificação geral com os puros trepadores a terem a derradeira chance de fazerem diferenças antes do contra-relógio final. Tal como nos últimos anos, a combinação Barreiro/Senhora da Graça deverá fazer muitas diferenças, acreditamos numa corrida endurecida numa primeira fase, para rebentar no Barreiro.

Quem irá pegar na corrida? A ABTF Betão-Feirense sabe que com esta diferença Afonso Eulálio não tem certezas de vencer a Volta a Portugal por isso acreditamos que o possa tentar, no entanto não tem equipa suficiente para o fazer desde cedo. A Team Vorarlberg está na mesma situação, o bloco de montanha é curto, por isso olhamos para a Euskaltel-Euskadi, com várias opções para poderem dinamitar a corrida, como Joan Bou e Mikel Bizkarra. A Sabgal/Anicolor e a Efapel estão afastadas da geral mas querem vencer a eapa, portanto também se devem juntar à festa e atacar desde cedo.

 

Favoritos

Diego Camargo tem sido um dos corredores mais ofensivos da Volta a Portugal. Atacou na Torre e atacou em Torneiros, dando sinais que quer sair com algo mais desta competição. O colombiano irá voltar a tentar amanhã, é um corredor muito combativo e tem uma equipa focada em si. Edgar Cadena será o principal apoio, deverá ter um papel parecido ao que teve em Torneiros. Na marcação entre os grandes candidatos pode vencer.



Afonso Eulálio também tem sido um corredor muito ofensivo. Esteve perto de vencer na Torre, vencer na Senhora da Graça com a a camisola amarela vestida seria um feito incrível. O português sabe que tem de ganhar mais tempo mas também sabe que apenas tem de se preocupar com a roda de Colin Stussi e, depois, aproveitar o desgaste do suíço para desferir o ataque final.

 

Outsiders

Até agora ainda não vimos Colin Stussi ter um momento de fraqueza na Volta a Portugal. Venceu no Observatório de Vila Nova, a subida à Torre foi mais tática mas conseguiu deixar todos do seu grupo para trás e, a partir daí tem atacado sempre que pôde, apenas não conseguindo distanciar Eulálio. Amanhã vai voltar a tentar, não será tarefa fácil mas num frente-a-frente é um corredor explosivo.

Mikel Bizkarra é alguém muito experiente que tem uma grande oportundidade de amanhã poder vencer. O basco é um corredor bastante frágil no contra-relógio e, estando a alguma distância dos 2 primeiros, pode ter alguma liberdade para atacar no terreno que tanto gosta. Numa Euskaltel-Euskadi muito ofensiva, Bizkarra vai querer deixar a sua marca na Volta a Portugal.

António Carvalho já venceu duas vezes neste local, porque não pensar numa terceira? É certo que o seu companheiro de equipa Afonso Eulálio é o líder no entanto vemos o experiente português a vencer numa corrida mais tática, em que tenha de seguir movimentos dos seus adversários, cobrindo esses ataques. Depois pode resguardar-se para atacar no final e voltar a vencer no Monte Farinha.



 

Possíveis surpresas

Jon Agirre deve ser um dos ciclistas mais motivados para amanhã. O espanhol perdeu muito tempo ontem devido a um problema mecânico, saindo do top-10. Terá mais liberdade para atacar e tentar tirar algo de positivo da Volta a Portugal. Até agora foi 3º e 4º nas chegadas em alto, muita regularidade. Ainda na Equipo Kern Pharma, atenção a José Felix Parra. Para além de Bizkarra, a Euskaltel-Euskadi tem outras duas alternativas, para serem lançados de mais longe. Na subida do Barreiro, ou até da fuga, Luis Angel Maté é a opção mais fiável, sendo que Joan Bou será um ciclista a atacar de mais longe, desgastando os rivais. A Burgos-BH não tem os melhores trepadores, terá que jogar por antecipação. Ander Okamika é um corredor combativo e se tiver a oportunidade irá fazê-lo, com Sergio Chumil a ficar mais na expectativa, devido à sua boa ponta final.

Passando para as equipas nacionais, e como já referimos, Sabgal/Anicolor e Efapel Cycling devem ser as equipas mais interventivas. O duo Frederico Figueiredo e Artem Nych pode voltar a funcionar se estiverem em fuga ou atacarem de longe. O russo já está mais perto na geral mas ainda goza de uma certa liberdade para poder atacar. Já a equipa de José Azevedo não vai querer sair da Volta a Portugal de mãos a abanar e, na última etapa de montanha da carreira na Volta a Portugal, Henrique Casimiro vai querer dar espetáculo e tentar vencer, formando uma dupla perigosa com Abner Gonzalez, um corredor que tem feito uma Volta em crescendo, aparecendo nos últimos dias. Luís Fernandes teve um dia mau em Boticas, hoje já tentou atacar, amanhã deve fazer o mesmo. Jesus del Pino, Helder Gonçalves e Delio Fernandez querem tirar algo positivo da Volta a Portugal, têm uma derradeira oportunidade para o fazer no terreno onde mais se destacam.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Joaquim Silva e Tiago Leal.



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