A primeira longa semana da Vuelta termina com mais uma chegada em alto. Terá a fuga o seu sucesso ou vamos ver os favoritos à vitória final na luta?
Percurso
185,5 quilómetros para terminar a longa primeira semana de competição, uma etapa que se resume a duas subidas mas com tudo para decidir no final. Depois de 50 quilómetros planos surge o Puerto de Casas la Marina la Perdiz (12,1 kms a 4,9%), uma longa subida que irá servir para desgastar os ciclistas uma vez que ultrapassada esta escalada o terreno torna-se mais acessível. Existem alguns pequenos topos pelo caminho mas nada de muito duro.
A 15 quilómetros do fim, novo momento importante, com o sprint bonificado. A subida final para o Alto Caravaca de la Cruz (8,2 kms a 5,4%) é muito mais dura do que a média aparenta, uma vez que é feita em patamares. Os primeiros 5 quilómetros são relativamente acessíveis, nunca passa dos 6%, antes de um quilómetro a 10,5%! Segue-se um quilómetro de descida antes dos 1200 metros finais a 9,2%.
Táticas
Última etapa antes do dia de descanso e com montanha à mistura é sinónimo de muita luta pela fuga do dia. Podem-se gastar mais energias que o habitual já que segunda-feira dá para recuperar um pouco e, para muitos, não há nada a perder. A Jumbo-Visma tem já duas vitórias e a liderança, não vemos a formação neerlandesa a desgastar-se para perseguir a fuga, tal como aconteceu no dia de hoje, ainda para mais a orografia não perdia um desgaste tão grande como ontem.
Desta forma, a fuga tem grandes hipóteses de vingar, agora depende onde se irá formar, se nos primeiros 50 quilómetros planos ou apenas na primeira subida do dia, onde os puros trepadores saem favorecidos. Luta intensa, muitos ataques e uma etapa bastante rápida é o que esperamos.
Favoritos
A INEOS Grenadiers tem que se focar nas etapas e hoje já vimos Egan Bernal a tentar integrar a fuga. O colombiano está, aos poucos, a recuperar as melhores sensações, está cada vez mais competitivo e com a ajudar dos seus companheiros estará na fuga. A subida final encaixa nas suas características. Um triunfo aqui seria um marco importante na sua carreira.
Acreditamos que, depois de muito ajudar o seu líder hoje, Michael Storer terá liberdade para estar na fuga. A etapa não é muito complicada e a subida final o apoio não será assim tão importante. O australiano chegou em grande forma, está a provar isso mesmo no apoio a Lenny Martinez, chegou a hora da sua glória pessoal.
Outsiders
Romain Bardet bem tem tentado, já por duas vezes esteve em fugas, no entanto a sorte não tem estado do seu lado. Indubitavelmente um dos melhores trepadores do pelotão, se integrar a fuga certa será um dos mais fortes, tudo depende se acontecesse como nos últimos dias ao ser atacado antes do final.
Santiago Buitrago está a ter algum azar, esteve com os melhores na primeira etapa de montanha, caiu nos dias seguintes e já integrou uma fuga para recuperar algum tempo. Vemos o colombiano a voltar a tentar, num final perfeito para si. Raramente falha numa Grande Volta, costuma picar sempre o ponto.
Se os favoritos lutarem pela vitória, não vemos ninguém a superar Primoz Roglic. O esloveno está na sua praia, estas são as subidas que Roglic gosta, não muito longas e bastante inclinadas. Normalmente espera pelo sprint, onde é praticamente imbatível, mas já o vimos a atacar nesta Vuelta.
Possíveis surpresas
Já com mais de uma semana de competição, os ciclistas a destacar para a fuga começam a ser “repetições”, com várias etapas de montanha já deu para perceber quem está em forma e com motivação para atacar as etapas. Einer Rubio é capaz do melhor e do pior, num dia bom pode sonhar com o triunfo, Damiano Caruso também tem tentado bastante mas falta-lhe uma pontinha de sorte, tal como acontece com Rui Costa. O português já esteve na fuga por duas vezes e ontem mostrou-se muito bem. Olho, ainda, em Andreas Kron, Cristian Rodriguez e, quem sabe, se Wout Poels não tenta estar na frente, de olho na camisola vermelha. Na luta pela geral, Remco Evenepoel voltou a mostrar-se bem, estas subidas encaixam bem no seu perfil, um corredor cada vez mais explosivo. Se sentir a oportunidade, Sepp Kuss poderá aproveitar a oportunidade. A marcação direta entre os maiores candidatos pode abrir a porta a Marc Soler e João Almeida, dois ciclistas que têm estado muito forte. Dificilmente vemos Jonas Vingegaard a vencer, a subida não é ao seu jeito.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Lennert van Eetvelt e Javier Romo.