A longa primeira semana da Vuelta encerra com uma etapa de montanha muito complicada, com dupla passagem pelo Alto de Hazallanas. Teremos nova reviravolta na classificação geral?

 

Percurso

Etapón para acabar a primeira semana da Vuelta! 179 quilómetros com praticamente 4500 metros de desnível acumulado positivo, a maioria concentrado em apenas 80 quilómetros. A primeira grande dificuldade surge ao quilómetro 88 no entanto desengane-se se o terreno será fácil até lá chegar uma vez que para trás ficam, pelo menos, 20 quilómetros totais em subida, divididos por 4 subidas. Puerto de El Purche (8,9 kms a 7,7%) é uma subida que engana, já que tem 5 quilómetros acima dos 9% e 3 deles acima dos 10%.



Rápida descida de 11 quilómetros e entrada no circuito do dia. Uma subida de 5 quilómetros a 5,3% antecede a grande dificuldade do dia, a subida para o Alto de Hazallanas. 7100 metros a 9,6%, uma subida brutal que tem 12,1% no primeiro quilómetro e ainda mais 2 quilómetros a 13,4% e 11,7% na primeira parte da subida. Não bastava uma ascensão, com os ciclistas a fazerem esta combinação novamente, com o alto a ficar a 22,5 quilómetros do fim. Terreno quase sempre em descida até ao quilómetro final na chegada a Granada.

 

Táticas

A primeira semana de competição termina com a primeira grande etapa de montanha! Apesar de não terminar em alto, esta etapa tem tudo para ser espetacular e provocar grandes diferenças na classificação geral. As subidas do dia são extensas e muito duras e, depois do que se passou hoje, esperamos uma corrida ainda mais atacada. Ben O’Connor mostrou sinais de debilidade e Primoz Roglic e a Red Bull-BORA-hansgrohe vão querer aproveitar para testar o australiano e ver até onde este pode durar.

Não nos admirávamos de ver ataques na primeira ascensão ao Alto de Hazallanas, no entanto acreditamos mais numa primeira seleção no grupo dos favoritos, pois ainda ficam a faltar muitos quilómetros até ao final. Não será fácil ver um ciclista isolar-se na segunda passagem pelo Alto de Hazallanas e depois chegar sozinho à meta, tudo vai depender das diferenças feitas a subir. Caso contrário será um pequeno grupo a discutir a vitória. O’Connor cedeu tempo ontem, o que significa que será ainda mais atacado hoje.

 

Favoritos

Primoz Roglic já soma duas vitórias na Vuelta, sempre nos tradicionais muritos. Chegamos à alta montanha mas esta é uma subida perfeita para o esloveno, pendentes muito inclinadas e não muito extensa. O esloveno respira confiança, ainda ninguém o conseguiu derrotar no mano-a-mano, quererá mais. Isolado ou num pequeno grupo, é o mais rápido dos favoritos.



Carlos Rodriguez mostrou uma melhor versão de si na etapa de ontem, parece em crescendo de forma, mesmo a tempo da chegada da alta montanha. Seguir os melhores a subir pode ainda ser complicado, terá de sofrer bastante, no entanto se há ciclista que desce bem é o espanhol, ele que já venceu uma etapa deste género no Tour do ano passado.

 

Outsiders

Chegamos a Agosto e à Vuelta e aparece a melhor versão de Enric Mas! O espanhol parece um ciclista transformado, tem sido aquele que mais perto tem estado de Roglic e só perde na aceleração final. É por isso que será mais complicado ao ciclista da Movistar vencer, não pode estar num duelo direto, terá de existir mais corredores no grupo e aproveitar uma hesitação.

Mikel Landa deve estar a esfregar as mãos pela chegada das subidas mais longas. Até agora, tem sido para limitar perdas, o basco não se adapta tão bem aos muritos e tem-se safado muito bem, pelo que a forma está lá, veremos como responde no seu terreno predileto. Tal como com Mas, o sprint não é o seu ponto forte, tem se vencer via jogada tática.



Esta é uma etapa importante para aferir a capacidade de Mattias Skjelmose lutar pelos primeiros lugares. O dinamarquês não é um puro trepador mas preparou a sua época a pensar neste objetivo por isso deve saber o que esperar. Se não perder muito tempo na subida consegue reentrar na descida e, para além disso, é capaz de ser o único ciclista que pode dar luta a Roglic num sprint.

 

Possíveis surpresas

Sepp Kuss ainda não conseguiu demonstrar o seu valor nesta Vuelta. As chegadas em alto/topos que já existiram não o favoreceram, tem estado muito discreto. Se quer algo mais tem de melhorar, amanhã é o terreno para isso para um dos grandes puros trepadores do pelotão mundial. Qual será a versão que iremos ver de Antonio Tiberi? O italiano não tem primado pela regularidade nesta Vuelta, mas mesmo assim tem sido dos ciclistas mais regulares. Também sabe descer bastante muito bem, é um ponto importante para esta chegada. Se Ben O’Connor for ao choque, tal como hoje, vai acabar por ceder mas se for mais conservador é mais provável conseguir aguentar mais e, quem sabe, chegar na frente. Richard Carapaz tem mostrado muita vontade mas falta mais. Falta a forma física que ainda não é a ideal e que tem deixado o equatoriano para trás. Hoje chegamos ao seu terrneo predileto, é na montanha que pode aparecer. Lennert Van Eetvelt não é um puro trepador, as suas chegadas são os muritos, por isso será um ciclista que terá de sofrer para não perder muito, Irreverente, deverá arriscar na descida e chegar à frente, onde num sprint pode surpreender.



Uma fuga não terá tarefa nada fácil, acreditamos numa corrida muito atacada. A UAE Team Emirates tem de mudar o chip e Adam Yates pode já procurar a vitória amanhã. Veremos se já está recuperado da queda sofrida, se estiver bem é um dos melhores do Mundo nestas pendentes. Pavel Sivakov tem sido um ciclista muito ofensivo, um trepador que não tem medo de atacar. Eddie Dunbar foi uma das agradáveis surpresas de hoje, o irlandês está a melhorar, com o dia de descanso a chegar pode testar-se. David Gaudu, Cristian Rodríguez, Lorenzo Fortunato e Guillaume Martin são outros ciclistas a ter em atenção para fuga.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Jack Haig e Isaac del Toro.

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