A alta montanha está de volta com a primeira grande etapa de montanha deste Giro! O Blockhaus é das subidas mais complicadas desta edição, senão a mais difícil, e promete fazer diferenças na classificação geral.
Percurso
Esta não é uma simples chegada em alto, a etapa vai ser relativamente complicada de controlar, especialmente os primeiros 40 kms, onde estão 3 contagens de montanha. São 3,4 kms a 5,6% logo a abrir a etapa, havendo ainda 10 kms a 6% e 7,8 kms a 5,7%, já a mais de 1000 metros de altitude. Um início de jornada destes geralmente indicia uma fuga bastante forte.
Depois de uma longa descida e de algumas colinas os ciclistas entram na primeira grande sequência de subidas deste Giro, que começa com o Passo Lanciano. Estas montanhas têm a característica que para além de serem muito duras, não têm uma aproximação fácil. O Passo Lanciano tem 9 kms a 4%, antes da subida em si começar, sendo que a mesma tem 10,4 kms a 7,4%. O início é particularmente duro, com os primeiros 2000 metros a terem 8,3%.
Com o Blockhaus acontece precisamente o mesmo, há cerca de 10 kms a 4% antes para aquecer os motores. O Blockhaus é um monstro, estatisticamente é a subida mais difícil deste Giro com os seus 13,6 kms a 8,5%. É entre o quilómetro 9 e 11 da ascensão que há mais potencial para fazer diferenças, com uma fase de 3000 metros a 10,5%.
Tácticas
Este será o primeiro grande dia para a classificação geral, um mau dia aqui custa minutos, muitos minutos. Cremos que deveremos ver pela primeira vez as equipas dos grandes candidatos a assumir a corrida, nomeadamente a Ineos-Grenadiers, que já fez um pouco desse trabalho em dias anteriores. Já estamos na 9ª etapa e não é preciso guardar energias para depois, Segunda-Feira é dia de descanso para recuperar forças. As últimas 2 tiradas foram disputadas a um ritmo muito elevado, o que vai expor ainda mais as forças e fraquezas do pelotão e todos sabem disso.
Acreditamos que a força impulsionadora será a Ineos-Grenadiers, a BikeExchange pode jogar um pouco mais defensivo com Simon Yates e a UAE Team Emirates vai avaliar a situação da geral depois desta etapa. A formação britânica poderá receber ajuda da Bahrain-Victorious, depende da confiança de Landa e Bilbao. A fuga vai ser forte e vai ter candidatos à classificação da montanha, a questão é que precisa de uma grande vantagem antes do Blockhaus, talvez mesmo 3 minutos para cima, e basta alguma equipa da geral perseguir para isso ser complicado de alcançar.
A última vez do Blockhaus no Giro foi em 2017, na altura Nairo Quintana ganhou com 24 segundos sobre Thibaut Pinot e Tom Dumoulin, num dia de “Unipuerto” e onde mesmo assim o 10º na etapa chegou a mais de 2:30. Isto dá uma boa ideia do potencial para haver diferenças.
Favoritos
Se há alguém pleno de confiança e sem grande pressão é Simon Yates. O britânico é o melhor dos favoritos à partida na geral e teoricamente esta subida é perfeita para ele, é um corredor muito baixo e leve, que fez algumas excelentes exibições em pendentes inclinadas, como no Monte Zoncolan. Yates já tem muita experiência em Grandes Voltas, sabe que se estiver a sentir-se bem neste momento tem de aproveitar para fazer diferenças.
Em pequenos momentos da corrida onde é preciso perseguir ou colocar o seu líder a Ineos-Grenadiers tem sido das equipas que mais destaque tem tido. Esta subida não é propriamente a praia de Richard Carapaz, mas conta muito a condição física e a do equatoriano parece estar a aproximar-se do seu melhor. Carapaz gostaria de mais dureza antes e que não houvesse tanta inclinação.
Outsiders
No Tour of the Alps vimos um excelente Romain Bardet, este vai ser um teste muito importante para ver se o francês está mesmo de volta a um nível muito próximo do seu melhor. O corredor da Team DSM conta com o apoio de Hamilton e Arensman e espera que esta subida lhe assente bem pelas pendentes inclinadas.
João Almeida não é propriamente um puro trepador, mas no recente estágio em altitude que fez trabalhou muito nesta vertente não tendo feito, coincidentemente um grande contra-relógio. No Giro do ano passado vimos como na semana final esteve muito próximo do nível de Yates e Bernal na alta montanha, precisa de se apresentar nessa forma.
Uma boa hipótese para a fuga é Davide Formolo, que já provou aqui no Giro que está com uma mentalidade ofensiva e que está em boa forma, vimos isso ontem. Hoje teve um dia mais calmo e não é considerado propriamente uma ameaça para a geral, está a mais de 7 minutos da liderança.
Possíveis surpresas
Os líderes da Bahrain-Victorious têm aqui um teste decisivo, até para definir a hierarquia interna. Parece-nos que o Blockhaus é demasiado longo para Pello Bilbao e demasiado inclinado e explosivo em certas partes para Mikel Landa. Na Bora-Hansgrohe tanto Jai Hindley como Wilco Kelderman têm a motivação extra para justificar que as exibições de 2020 não foram um mero acaso. Ambos precisam de regressar a esse nível para serem uma séria ameaça à classificação geral. A subida é claramente dura demais para Alejandro Valverde, mas um Hugh Carthy em boa condição é ciclista para brilhar aqui, o britânico adora este tipo de ascensões, já fez boas exibições. Guillaume Martin seria um sério candidato ao top 10 da etapa, mas o desgaste de hoje pode passar factura, já Ivan Ramiro Sosa está discretamente ainda na luta por um top 10 final na geral. Juan Pedro Lopez e Lennard Kamna vão tentar minimizar perdas, e estamos muito curiosos para ver o que Thymen Arensman, Giulio Ciccone e Domenico Pozzovivo conseguirão fazer, um top 10 aqui colocam estes ciclistas muito bem na geral. Para a escapada há mais alguns nomes perigosos, a Movistar tem estado quase sempre com ciclistas na fuga e Antonio Pedrero é um excelente trepador. A Androni tem de começar a aparecer e Jefferson Cepeda e Eduardo Sepulveda têm as características certas. Atenção também a Joe Dombrowski, Wout Poels e James Knox.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Lorenzo Fortunato e Jonathan Caicedo.