A longa primeira semana do Giro termina com uma etapa de média montanha, a fazer lembrar uma clássica. Após a grande etapa de hoje, teremos novamente espetáculo?
Percurso
214 quilómetros, a já longa tradicional etapa a fazer lembrar as clássicas italianas no Giro d’Itália. Início bastante rápido, os primeiros 50 quilómetros são quase todos eles em descida, depois existe um pequeno topo e nova descida. Com tudo isto, 100 quilómetros já estão realizados e depois, muito rápido, fazem-se mais 75 quilómetros planos que leva os ciclistas em direção ao circuito final de Nápoles.
A primeira subida aparece a 40 quilómetros, falamos do Monte di Procida (4,1 kms a 3,1%), uma subida que engana já que tem duas fases planas, entre um quilómetro a 6,2% e o final a mais de 10%. Esta é a única subida categorizada mas ainda restam muitas colinas pela frente. Logo de seguida, Lucrino (1100 metros a 6,7%), Solfatara di Pozzuoli (2 kms a 4,9%) e Posillipo (3,2 kms a 4,4%). Estas duas últimas dificuldades ficam a 19 e 7 quilómetros da meta respetivamente. Depois de ultrapassada a última o terreno é muito rápido, com uma descida a levar para os derradeiros 3 quilómetros finais planos.
Táticas
Creio que este perfil engana bastante e é mais acessível do que parece, muitas equipas podem ver esta jornada como uma oportunidade para os sprinters, com menos de 2000 metros de acumulado, muitos sprinters ainda sem vencer e ainda muitas formações completas ou quase completas. O terreno inicial não é fácil para se formar uma fuga, mas esses 50 quilómetros serão mesmo decisivos, se uma escapada com mais de 6/7 elementos sair é quase certo que ela chega.
Favoritos
Jonathan Milan – É um dos ciclistas mais perigosos do pelotão internacional neste momento, o possante italiano passa colinas, especialmente estas sem grande inclinação e a Lidl-Trek tem um alinhamento incrível para este tipo de jornadas, o comboio Stuyven-Consonni-Milan dá garantias e tanto Stuyven como Consonni podem ir para a fuga cobrir um sprint em pelotão compacto.
Kaden Groves – A Alpecin-Deceuninck mostrou as suas intenções numa jornada mais complicada e acredito que queira novamente controlar esta etapa até porque o australiano tem estado cada vez melhor neste Giro. Só que desta vez tem de gerir muito melhor as forças e apostar na perseguição nas alturas certas.
Outsiders
Tim Merlier – Estas subidas estão no limite para o sprinter belga, na minha opinião. Tem uma equipa forte com ele e desta vez podemos ver um Julian Alaphilippe mais em funções de gregário, para além que Luke Lamperti se adapta bem a este terreno também. O ciclista da Soudal é dos mais consistentes e destemidos no que toca ao posicionamento.
Marius Mayrhofer – Dainese já teve as suas oportunidades, creio que este terreno é mais a praia de Marius Mayrhofer, mas o germânico precisa que o grupo esteja reduzido praticamente a metade se quer ter hipóteses perante os sprinters mais possantes. Para isso será crucial a acção de Matteo Trentin, Mayrhofer é também uma opção para a fuga.
Olav Kooij – Ainda não vimos o sprinter da Visma-Lease a Bike a brilhar como já fez diversas vezes nos últimos meses e sem Christophe Laporte será ainda mais complicado. Kooij sabe que não tem muitas oportunidades como esta em que a etapa tem alguma dureza, talvez capaz de eliminar alguns dos seus rivais, creio que num sprint completamente plano não tem chances contra o comboio da Lidl-Trek.
Possíveis surpresas
Jhonatan Narvaez – Uma opção bastante válida caso a etapa seja incrivelmente dura e reste um grupo quase só com os elementos da geral, não vejo esse cenário a acontecer porque Pogacar não deve atacar, mas com tanta dureza nos últimos 8 dias nunca se sabe.
Danny van Poppel – Sprinter que passa muito bem as subidas e que sabe que não tem grandes hipóteses num sprint plano, os sinais dados por Danny van Poppel antes do Giro não foram os melhores, parece estar a melhorar progressivamente.
Phil Bauhaus – Tem um comboio razoável dentro da Bahrain e a equipa agora já não precisa de proteger Caruso, que está dedicado à causa Tiberi/Bauhaus, pode ser um reforço importante numa etapa destas.
Laurence Pithie – Outro ciclista que precisa de muita dureza durante a etapa para vingar, a equipa está aqui para trabalhar somente para ele e vejo a Groupama-FDJ como dos maiores interessados em reduzir o grupo.
Matteo Trentin – Em caso de escapada a resultar é claramente dos maiores favoritos e de muito longe, o veterano italiano tem uma experiência e sabedoria única nestes casos e quer oferecer à Tudor a maior vitória da história da equipa.
Quentin Hermans – Outra hipótese para a fuga, o belga, especialista em clássicas, está em excelente forma e tem uma ponta final a ter em conta num dia destes, que é bem longo como ele gosta.
Tobias Lund Andersen – A equipa já viu que Fabio Jakobsen não está em boa forma, principalmente quando há subidas por ultrapassar, tem de proteger o jovem dinamarquês que deu excelente sinais antes deste Giro. Caiu no contra-relógio e isso obviamente não é bom para amanhã.
Andrea Vendrame – Corredor muito completo, astuto e perigoso neste tipo de jornadas, é alguém que muitas vezes está na escolha certa e vai ter liberdade neste dia para procurar a glória.
Andrea Piccolo – Vejo em Piccolo um ciclista mais para um ataque na última subida e depois resistir até ao fim, já tentou fazer isso há alguns dias, não resultou porque o pelotão não tinha apanhado a fuga original.
Luka Mezgec – Foi uma enorme surpresa no dia em que ganhou Pelayo Sanchez, o esloveno aguentou com os melhores nas subidas e é sinal que está em excelente forma. Já ganhou em Grandes Voltas, a equipa já viu que Caleb Ewan está ainda longe da sua melhor versão e Mezgec poderá ser o salvador da pátria.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Filippo Ganna e Juan Molano