Antes do primeiro dia de descanso o Tour tem mais uma jornada de montanha nos Pirenéus. Com um perfil semelhante ao de hoje, será que a fuga é novamente capaz de vingar?

 

Percurso

A criatividade não foi imensa ao desenhar o percurso do Tour nos Pirenéus e a amanhã será muito parecido à etapa de hoje. Vamos ter novamente uma fase plana com cerca de 55 kms para começar a jornada, perfeito para a fuga se formar. Logo de seguida uma subida bem dura, a mais dura do dia: 11,8 kms a 8,3%.



Uma longa fase de transição torna inviável praticamente qualquer ataque de longe, o Col d’Ichere só chega a 40 kms da meta e tem 4,5 kms a 6,1%, antes do Col de Marie Blanque, com 7,3 kms a 8,7%, uma montanha bem dura, mas que ainda fica a 18,5 kms da chegada, com 7 kms planos depois da descida do Col de Marie Blanque.

 

Tácticas

Todos nós queremos ciclismo de ataque, ofensivas de longe e corredores a arriscar, mas neste momento não é esse o estado de espírito do pelotão. Hoje passaram coisas muito estranhas pela cabeça dos responsáveis da Jumbo-Visma e de Roglic, os holandeses colocaram toda a equipa ao trabalho, inclusivamente Tom Dumoulin, para o esloveno depois simplesmente marcar ataques e seguir na roda, deixando um perigoso Tadej Pogacar recuperar bastante terreno.

E porquê? A única explicação é que ainda não querem a amarela, mas para quê desgastar os gregários num dia destes? A Mitchelton-Scott não se importa de ter o símbolo de liderança, mas não está para perseguir fugas e a Ineos soma algumas derrotas face à Jumbo-Visma nas últimas semanas, não está 100% segura da condição física de Egan Bernal. A UAE Team Emirates de Pogacar até poderia pegar na corrida, mas não nos parece que tenha estrutura para isso. Estas dinâmicas são ainda mais esquisitas atendendo ao facto de não haver garantias que o Tour acabe tendo em conta as circunstâncias da pandemia.



Sendo assim, e tendo em consideração o perfil, vemos outra fuga a ter sucesso amanhã. A parte inicial é propícia a isso pois é acessível, é normal vermos um grupo de 10 a 20 elementos escapar-se e a Mitchelton-Scott, depois de verificar que o grupo não tem perigos para a geral, deixar ganhar vantagem. Se a etapa começasse com uma subida aí poderíamos ver uma etapa bem diferente pois homens da geral poderiam sentir dificuldades, assim esperamos um grupo misto, com roladores e trepadores já longe da geral.

 

Favoritos

A Bora-Hansgrohe tem tido um Tour infeliz depois de chegar à prova com metade da equipa a recuperar de problemas físicos. Entretanto Maximilian Schachmann tem vindo a recuperar e a mostrar sinais de algumas melhorias, terminou no grupo da frente na 2ª etapa e no grupo principal no Mont Aigoual. Com a perda de tempo de Emanuel Buchmann terá liberdade acrescida.

Pierre Latour tem perdido tempo há vários dias, o francês que está de saída a Ag2r La Mondiale chegou ao Tour em boa forma e vinha só com o pensamento em etapas, com o triunfo de hoje a equipa também fica com menos pressão e Latour é outro corredor que já ganhou em Grandes Voltas.

 

Outsiders

Luis Leon Sanchez tem passado longos períodos na parte traseira do pelotão a poupar energias, quando integrar a fuga vai estar mais fresco que a concorrência, resta saber se terá essa liberdade e capacidade amanhã. É um ciclista que desce bem e que tem uma boa ponta final.



Numa Sunweb que veio somente a pensar na conquista de etapas, Marc Hirschi é uma opção muito válida. O campeão do Mundo sub-23 em 2018 esteve muito perto logo no 2º dia em Nice, a condição física é boa e a partir daí tem vindo sempre a perder tempo. É muito jovem e a conquistar uma jornada na sua primeira Grande Volta o mais provável é que seja relativamente cedo.

A confiança que Tadej Pogacar mostrou ontem, quando perdeu tempo, e hoje ao atacar e sair assim sozinho do grupo, é impressionante. O esloveno não tem medo de atacar de longe e o mais provável é que teste novamente os rivais na última subida. Se a UAE Team Emirates decidir pegar na corrida e ter um aliado é o maior candidato.

 

Possíveis surpresas

Com as estranhas dinâmicas entre as equipas da geral a Jumbo-Visma pode-se lembrar de perseguir a fuga para Primoz Roglic tentar ganhar tempo antes do 1º dia de descanso, o esloveno seguiu hoje facilmente o ataque de Pogacar e as pernas estão lá. Dentro dos favoritos aqueles que podem ter mais liberdade para atacar são Mikel Landa (por estar longe) e Romain Bardet juntamente com Guillaume Martin, por serem maus contrarrelogistas. Olhando para este perfil, parece perfeito também para Ion Izagirre da Astana, uma equipa que tem várias opções, e o basco já ganhou jornadas parecidas. Outro espanhol que pode tentar recuperar tempo é Marc Soler, estando já a 11 minutos terá liberdade para ir para a fuga e a Movistar tem de tentar algo. A EF tem colocado Neilson Powless ao ataque, mas a equipa ganharia mais se Daniel Martinez conseguisse integrar o grupo dianteiro, veremos se o consegue fazer amanhã. Jesus Herrada pode perfeitamente amanhã tentar de novo depois de ficar tão perto do triunfo no dia em que Lutsenko ganhou. Olho ainda em Tiesj Benoot, Lennard Kamna, Simon Geschke e Rudy Molard.



 

Super-Jokers

Os nossos super-jokers são Pello Bilbao e Julian Alaphilippe.

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