Começa a semana das Ardenas! A Holanda recebe a primeira das três clássicas naquela que é a prova mais aberta e que tem um maior leque de potenciais vencedores.
Percurso
A Amstel Gold Race tem mudado de percurso nos últimos anos, a prova deixou de terminar no Cauberg para ter o seu final logo a seguir a esta mítica colina. No entanto, desde 2016 que a meta está mesmo situada longe da última passagem pelo Cauberg e mais afastada da última subida do percurso. Enrico Gasparotto ganhou em 2016, Philippe Gilbert em 2017 e Michael Valgren em 2018.
A prova tem mais de 260 kms e quase 3500 metros de acumulado, mas mesmo assim é a única dentro das 3 da Semana das Ardenas em que os sprinters têm alguma hipótese. São 35 pequenas subidas ao longo do percurso, e como é óbvio não iremos mencionar todas e as suas características, passemos ao essencial.
Entre o quilómetro 105 e 185 pode ser uma fase essencial da corrida, são 14 subidas em 80 kms, e a velocidade a que for feita esta fase condicionará o desfecho da prova. O Loorberg, a 53 kms da meta, começará a fase de todas as decisões e onde os ataques acontecerão. O Gulpenberg (400 metros a 9%) está logo aí, seguido pelo Kruisberg (700 metros a 7,5%) e pelo Eyserbosweg (1,1 kms a 7,6%). O Fromberg (1,2 kms a 4,4%) e o Keutenberg (1,2 kms a 6,5%) vão estar antes de nova transição.
A última passagem pelo Cauberg (900 metros a 6%) está a 18 kms do final, com o Geulhemmberg (700 metros a 4,5%) logo de seguida. A última chance para fazer diferenças a subir é o Bemelerberg, 1,1 kms a 3,9%, que está somente a 6,5 kms do risco de meta.
Tácticas
Nas últimas corridas vimos um elemento desestabilizador, que pode voltar a acontecer. Falamos de Mathieu van der Poel. O campeão holandês de estrada tem aberto as corridas de longe e nas provas importantes tem-se dado bem como isso, isto é uma novidade para o status quo e tem baralhado alguns directores-desportivos. Mesmo já sabendo que isso deve acontecer, será impossível evitar um ataque de longe de van der Poel, que deve voltar a ocorrer.
Para isso resultar o holandês tem de encontrar aliados e quem salta à vista é logo a Astana, que não tem nenhum homem rápido e tem de endurecer a corrida ao máximo. O mesmo acontece com a Jumbo-Visma, a Lotto-Soudal e a UAE Team Emirates, van der Poel pode ter aliados num percurso que complicado para perseguições e que tem premiado os ciclistas ofensivos nos últimos anos.
Favoritos
A Bora-Hansgrohe falhou quase por completo as clássicas do empedrado, Peter Sagan foi uma desilusão, no entanto a equipa alemão tem estado em grande nas provas de 1 semana. Um dos nomes em destaque foi Maximilian Schachmann, que reúne as condições necessárias para um triunfo aqui, está em grande forma, moralizado, anda bem sozinho e tem uma boa ponta final numa discussão em grupo reduzido.
Os dinamarqueses têm estado em destaque nesta prova, principalmente com o triunfo de Michael Valgren. Jakob Fuglsang está a ter a sua melhor temporada de sempre numa Astana que está autenticamente a voar. Fuglsang por norma aparece sempre bem nesta semana e acabou em alta a Volta ao País Basco, onde um companheiro seu ganhou. Precisa de uma corrida dura e a Astana tem equipa para fazer isso.
Outsiders
Mathieu van der Poel tem de ser encarado como um dos grandes candidatos ao triunfo, principalmente depois do que fez na Brabantse Pijl. Já mostrou que está na discussão no final de provas longas e que tem uma excelente ponta final depois de esforços longos. Tem doois grandes problemas, ninguém o vai querer levar para o risco de meta e estará quase sempre em inferioridade numérica.
Em muitos cenários Julian Alaphilippe é o maior candidato, a questão é que todos sabem disso, têm medo do francês principalmente depois do que ele faz na Milano-SanRemo no sprint. Sem dúvida que Alaphilippe está em grande forma, mas não tem grande historial aqui, nunca fez top 5, talvez porque este traçado se adapta melhor aos atacantes, aos que se antecipam aos demais.
Tadej Pogacar também não tem demonstrado medo de atacar de longe, o esloveno está a ter uma primeira temporada no World Tour de sonho, ganhou a Volta ao Algarve e foi 6º na Volta ao País Basco. Desce bem, rola bem sozinho e tem um bom sprint. Com a ausência de Daniel Martin repartirá a liderança com Rui Costa.
Possíveis surpresas
Como já dissemos, confiamos que o vencedor da corrida sairá de um ataque que se forme relativamente longe da meta. Corredores como Tim Wellens (muito bem na Brabantse Pijl e corre sempre assim), Alexey Lutsenko (ganhou no Tirreno-Adriatico assim) e Wout van Aert (desnível pode ser no limite para ele) têm de ser mencionados. Alejandro Valverde chega aqui num momento de forma duvidoso, não parece ser o Valverde de anos anteriores, mas estará certamente entre os melhores. Philippe Gilbert ganhou o Paris-Roubaix e está nas nuvens, já ganhou neste percurso e será a 2ª cartada da Quick-Step. Nesse dia Gilbert bateu precisamente Michal Kwiatkowski, que realisticamente é o único líder da Team Sky, abandonou no País Basco e a sua condição física é uma incógnita. Daryl Impey irá jogar ao ataque desta vez, a Mitchelton-Scott tem Matteo Trentin para um sprint. O sprinter com mais possibilidades de estar na discussão é mesmo Michael Matthews, o australiano chega aqui com pouca competição e a melhorar de dia para dia, mas mesmo assim aguentou os ataques de van der Poel, Alaphilippe e Wellens na Brabantse Pijl. Alberto Bettiol está a viver o melhor momento da carreira e deverá ser a aposta da EF Education First, o italiano é rápido. Atenção ainda a Enrico Gasparotto e Michael Valgren pela Dimension Data, a Romain Bardet, Oliver Naesen, Bauke Mollema e Ion Izagirre.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são Bjorg Lambrecht e Valentin Madouas.
Tips do dia
Maximilian Schachmann no top 10 -> odd 1,55 (stake 1)
Julian Alaphilippe melhor que Peter Sagan -> odd 1,53 (stake 2)
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