Mais cedo que o habitual, o pelotão desloca-se até aos Países Baixos para a primeira clássica das Ardenas. Vindo de vencer o Tour de Flandres, conseguirá alguém para Mathieu van der Poel?

 

Percurso

Depois de em 2021 termos tido uma Amstel Gold Race em circuito, quase ao estilo de grande campeonato, está de volta um traçado com a mesma génese de 2019, com o final longe do Cauberg, em Berg en Terblijt. Ao todo serão 33 subidas categorizadas, fora alguns pequenos topos e falsos planos, totalizando 3400 metros de acumulado.



A corrida tem 2 fases decisivas, a sequência de subidas (com passagem pelo Cauberg) a 85 kms da meta e do km 200,5 ao km 244,5, com 9 subidas compactadas em 44 kms. Como aqui não há subidas em empedrado, será mais fácil de acompanhar a corrida com uma listagem das subidas em vez da descrição em texto, portanto aqui segue:

1 – Slingenberg – 1000 metros a 5.3% – Km 9.1
2 – Adsteeg – 1000 metros a 2.3% – Km 13.8
3 – Lange-Raarberg – 1400 metros a 3.8% – Km 24
4 – Bergseweg – 2500 metros a 3.3% – Km 37.7
5 – Sibbergrubbe – 1800 metros a 4% – Km 49.4
6 – Cauberg – 800 metros a 6.6% – Km 53

7 – Geulhemmerberg – 700 metros a 6.6% – Km 58.3
8 – Wolfsberg 900 metros a 3.4% – Km 76.6
9 – Loorberg – 1400 metros a 5.3% – Km 79.5
10 – Schweibergerweg 2300 metros a 4.6% – Km 91
11 – Cameron – 3700 metros a 4.2% – Km 98.7
12 – Drielandenpunt – 3000 metros a 3.8% – Km 111
13 – Gemmerich – 900 metros a 6% – Km 114.1
14 – Vijlenerbos – 1400 metros a 5.5% – Km 121.2
15 – Erperheide – 2100 metros a 4.7% – Km 126.1
16 – Gulpenberg – 500 metros a 9.8% – Km 135.6
17 – Plettenberg – 1000 metros a 3.5% -Km 138.7
18 – Eyserweg – 2000 metros a 4.6% – Km 140.8
19 – St Remigiusstraat – 1400 metros a 5.2% – Km 145.3
20 – Vrakelberg – 500 metros a 7.6% – Km 150.6
21 – Sibbergrube – 1800 metros a 4% – Km 158.3
22 – Cauberg – 800 metros a 6.6% – Km 162.7



23 – Geulhemmerberg – 700 metros a 6.6% – Km 167.3
24 – Bemelerberg – 1000 metros a 4.4% – Km 180
25 – Loorberg – 1400 metros a 5.3% – Km 195.1
26 – Gulperbergweg – 500 metros a 9.8% – Km 203.3
27 – Kruisberg – 700 metros a 7.3% – Km 210
28 – Eyserbosweg – 1100 metros a 7.6% – Km 211.9
29 – Fromberg – 1700 metros a 3.8% – Km 216.3
30 – Keutenberg – 1600 metros a 5.2% – Km 220.2
31 – Cauberg – 800 metros a 6.6% – Km 230.2
32 – Geulhemmerberg – 700 metros a 6.6% – Km 234.8
33 – Bemelerberg – 1000 metros a 4.4% – Km 246.8

 

Tácticas

Esta é uma start list bastante estranha, talvez a mais fraca dos últimos anos devido ao novo posicionamento da prova no calendário internacional, entre o Tour des Flandres e o Paris-Roubaix. Significa que há muitos ciclistas a preparar a Fleche Wallonne e a Liege-Bastogne-Liege no País Basco e que não vão estar presentes e a juntar a isto as ausências por lesão ou doença, as baixas são muitas e há responsabilidade acrescida para um ciclista.

Esse ciclista é Mathieu van der Poel, vencedor desta corrida em 2019 e que triunfou no último Domingo no Tour des Flandres. Já se sabe que o holandês gosta de atacar de longe e o mais provável é que faça isso novamente, a grande questão é quem é que o vai conseguir acompanhar no momento do ataque. A Alpecin-Fenix deve protegê-lo ao máximo nos momentos iniciais e na fase final da corrida van der Poel está por conta própria. Ele não vai querer ir sozinho no momento do ataque, o ideal é alguém como Tadej Pogacar e que neste caso seria Tom Pidcock, caso o britânico esteja bem.



Quem ache que consiga bater o corredor da Alpecin-Fenix, parece-me haver 2 formas de o fazer. A primeira é “secá-lo”, ou seja, correr o risco de não acompanhar os ataques dele para que se desgaste ao máximo e juntar as tropas cá atrás. A outra forma, para quem ache que tenha ciclistas capazes de o acompanhar, é enviar companheiros para a frente da corrida. Uma estratégia tentada pela Ineos-Grenadiers em Flandres com Dylan van Baarle, que só pecou pela incapacidade de Pidcock seguir van der Poel no momento certo, visto que depois teriam superioridade numérica numa parte final. Em termos de blocos, os que metem mais medo à Alpecin-Fenix serão os da Ineos-Grenadiers, Bahrain-Victorious e Jumbo-Visma.

 

Favoritos

O favoritismo de Mathieu van der Poel é inegável, tanto que as casas de apostas acham que ele tem tantas hipóteses de ganhar como todos os outros corredores juntos. Realmente pode vencer em vários cenários e o facto de no Tour des Flandres não ter perdido o sprint final como em outras ocasiões dá outra confiança. Tem uma equipa capaz de o acompanhar até aos 50 kms finais, com Sbaragli, Gogl, Oldani e De Bondt, todos corredores bons neste terreno. Vai tentar abrir a corrida e a partir daí ver o que se passa.



Thomas Pidcock gosta desta corrida e depois de um período complicado da temporada parece estar a ter melhores sensações, foi isso que mostrou na Dwars door Vlaanderen e no Tour des Flandres. Está a ter um pico de forma mais tardio para as Ardenas em relação a quem estabeleceu como objectivo o empedrado e faz parte de uma equipa muito forte. O britânico é uma caixinha de surpresas, às vezes anda muito bem quando menos se espera.

 

Outsiders

É um corredor muito inconsistente, mas Dylan Teuns está neste momento numa forma incrível quando se aproxima o maior objectivo da temporada. O que fez no caminho até ao Tour des Flandres deu boas indicações, que as confirmou no Monumento belga. Teuns é um ciclista muito ofensivo, que gosta de antecipar os principais ataques, vai ter de o fazer aqui novamente se quer a vitória.

Outra caixinha de surpresas é Marc Hirschi, um ciclista que impressionou na forma como subiu no Gran Premio Miguel Indurain. É aqui que começa a verdadeira época de Hirschi e o suíço quer confirmar o que alcançou na Team DSM. Pode partir ao ataque à vontade porque tem Trentin como opção de ciclista rápido na equipa e tem Juan Ayuso, ainda que o espanhol pareça não trabalhar muito bem em equipa.



A Ineos-Grenadiers vai tentar a mesma estratégia do Tour des Flandres e esperar que resulte, Dylan van Baarle esteve muito próximo da maior vitória da carreira há 1 semana, veremos se desta vez não calha a Michal Kwiatkowski atacar bem cedo e depois estar na frente na altura decisiva da corrida. O polaco deu boas indicações na Milano-SanRemo, tem vindo a preparar estas provas e a moral está em alta na formação britânica.

 

Possíveis surpresas

A Jumbo-Visma vai tentar jogar as suas cartas sem Wout van Aert. Tom Dumoulin tanto dá boas indicações como termina quase em último, Tiesj Benoot é de todos o que está mais adaptado a este tipo de terreno e Christophe Laporte deve jogar de forma mais conservadora, à espera que tudo se junte para um possível sprint em grupo reduzido. Caso isso aconteça será muito por causa da BikeExchange, que deposita muitas esperanças em Michael Matthews. No entanto, vemos isso complicado de acontecer porque Mathieu van der Poel deve partir o pelotão bem cedo. A Lotto-Soudal tem de atacar de longe e tem 2 ciclistas bons para isso, mas que têm de ser mais certeiros no momento do ataque, falamos de Tim Wellens e Victor Campenaerts, que bem gostariam de uma Amstel Gold Race com chuva. A Cofidis de Bryan Coquard, a Total Energies de Anthony Turgis, a Israel de Simon Clarke seriam outras interessadas num sprint, mas não nos parecem ter grande poder de perseguição. A Groupama-FDJ tem um alinhamento bastante perigoso, com 3 ciclistas que estão em boa forma e que se adaptam bem a este terreno (Stefan Kung, Quentin Pacher e principalmente Valentin Madouas, a grande confirmação do Tour des Flandres). Com 3400 metros de acumulado, caso haja uma corrida muito dura desde início, é benéfico para trepadores como Juan Ayuso e Jack Haig, sendo que a Bahrain-Victorious ainda tem os muito perigosos Jan Tratnik e Matej Mohoric, serão até potencialmente os maiores perigos para Mathieu van der Poel. Kasper Asgreen deverá ser a aposta na Quick-Step, Alex Aranburu a maior carta da Movistar e Michael Valgren a esperança da EF. Soren Kragh Andersen até seria um candidato, mas esteve doente recentemente.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são Andrea Bagioli e Dylan van Baarle.




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