É hoje que se disputa a única clássica espanhola presente no World Tour, a Clasica San Sebastian. Duras subidas e adeptos fervorosos caracterizam esta região do País Basco, prometendo espectáculo.

 

Percurso

225,5 quilómetros é a extensão da prova que começa e acaba em San Sebastian. Após uma fase plana, surge a primeira dificuldade do dia, a Meaga (3,9 kms a 3,3%), ao km 24. Nada de muito duro, servindo apenas para se formar a fuga do dia. Seguem-se Iturburu (7 kms a 5%) e Alkiza (4,8 kms a 5,6%), estando estas dificuldades ultrapassadas com 76 quilómetros percorridos.



A dureza da prova vai-se começar a sentir a 100 kms da chegada. Primeiro sobe-se o Alto de Jaizkibel (8 kms a 5,4%) e depois Erlaitz (8,1 kms a 6%). Após esta subida, os ciclistas dirigem-se para a meta, passando lá pela primeira vez a 50 quilómetros da chegada.

Faltam duas dificuldades mas também as mais duras. Mendizorrotz (3,5 kms a 7,8%) é a primeira, seguindo-se Murgil Tontorra (1,9 kms a 10,2% mas com rampas a 20%), que é parte da subida anteriormente referida. No topo ficam a faltar 8 quilómetros, 5 numa descida muito técnica que pode fazer diferenças, sendo os últimos 3000 metros planos.

 

Tácticas e “pernas do Tour”

Esta é uma clássica que por vezes tem resultados muito surpreendentes. O Tour acabou há menos de 1 semana e os ciclistas que foram ao limite estão longe de estar recuperados, é uma incógnita como as pernas vão reagir a subidas tão duras. Para além disso algumas das figuras da Volta a França andaram de um lado para o outro a correr em critérios onde os resultados já estão definidos à partida, desgastantes mentalmente mas não deixam de ser um bom complemento financeiro.

Nos últimos 6 anos 5 dos vencedores correram o Tour, a única excepção foi Michal Kwiatkowski em 2017. É muito curioso ver que desses 5 somente 1 deles (Alejandro Valverde em 2014) tinha terminado o Tour no top 10.

 

Favoritos

Alejandro Valverde terminou o Tour muito bem, foi impressionante o que ele fez numa subida tão longe como Val Thorens, tão longe de ideal para as suas características. Chega aqui fresco o suficiente e a prova é boa para ele, vencedor aqui em 2008 e 2014, também integrou o pódio em 2007, 2013, 2015 e 2016. A Movistar faz regressar alguns dos elementos do Giro para esta prova.



Por muito mal que o Tour corra a Bauke Mollema o holandês consegue sempre aparecer aqui em boa condição física. Nas 7 participações que tem nesta prova fez sempre top 10 e pódio em 4 delas (2013, 2016, 2017 e 2018). Pode eventualmente acusar o desgaste de ter feito Giro e Tour, no entanto também o fez em 2017 e esteve no pódio em San Sebastian.

 

Outsiders

Outro ciclista que fez Giro-Tour em 2019 e parte com legítimas aspirações é Simon Yates, principalmente por no Tour mostrou boa forma e não foi ao limite todos os dias, venceu 2 etapas, ainda esboçou uma luta pela classificação da montanha, mas em muitas das etapas poupou-se.

Depois de ter ido completamente ao limite no Tour Julian Alaphilippe tem aqui uma prova em que vai ou racha, ou faz pódio ou fica a pé depois de um esforço que nunca tinha feito na carreira. Correu alguns critérios, não descansou completamente, veremos como estará.

Aos 25 anos o que Gregor Muhlberger fez no Tour foi deveras impressionante. Quando se pensava que Patrick Konrad seria o braço direito de Emanuel Buchmann, acabou por ser Muhlberger a fazer esse papel na montanha, pelo que fez em Val Thorens e por ter conseguido acompanhar Simon Yates na etapa que este ganhou faz-nos pensar que pode ser uma grande surpresa apesar dos grandes nomes na lista de partida.



 

Possíveis surpresas

Como estará Egan Bernal? Essa é a grande questão, o colombiano andou num carrossel de critério pelo Mundo fora e deve chegar cansado, no entanto um fenómeno é um fenómeno… A aposta da Team INEOS deverá ser Wout Poels, um corredor que se dá bem nas clássicas e que terminou o Tour bem fresco. Já depois de uma fase de selecção a Movistar pode ter superioridade numérica, com Mikel Landa a ser um nome a ter em conta. Correu Giro e Tour para a geral e isso pode pesar. Michael Woods fracturou uma costela no Tour mas melhorou na 3ª semana, agora com 1 semana de descanso aparecerá aqui bem melhor e estas subidas inclinadas são mel para ele. Tony Gallopin tem um grande historial aqui ( 3 pódios em 4 participações), só que parece estar completamente fora de forma. A Groupama-FDJ tem uma equipa interessante com os jovens talentos David Gaudu e Valentin Madouas acompanhados por Anthony Roux que costuma obter bons resultados aqui, tal como Julien Simon na Cofidis, apesar do traçado parecer duro demais para eles. Greg van Avermaet será a aposta da CCC e um nome óbvio para o top 10. Já a UAE Team Emirates tenta ultrapassar um Tour para esquecer, de lá seguem Rui Costa e Daniel Martin, reforçados com o talento Tadej Pogacar, a equipa bem precisa de regressar aos bons resultados. Atenção, para além de Gregor Muhlberger, aos outros austríacos da Bora-Hansgrohe: Felix Grossschartner e Patrick Konrad.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Mark Padun e Remco Evenepoel.




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