Ainda nem um mês passou e o World Tour está de regresso ao País Basco! Os ferverosos adeptos bascos voltam a receber o ciclismo, naquela que é a única clássica espanhola do World Tour.

 

Percurso

Em relação aos últimos anos, a organização decidiu endurecer bastante o percurso, colocando mais subidas na parte final. 230 quilómetros com mais de 4000 metros de acumulado, o que torna esta corrida própria para trepadores que gostem de pendentes muito elevadas. A primeira fase da corrida tem cerca de 130 kms, 3 subidas e aí o mais importante é poupar energia para o que aí vem.



Uma primeira definição, muitas vezes com ataques de figuras secundárias acontece em Jaizkebel, com 6,9 kms a 6,1%. É uma ascensão que engana muito porque tem 2 kms praticamente planos a baixar a média. Os primeiros 3 kms têm 7,5%, por exemplo. Segue-se a subida de Erlaitz, com os seus 10,4% durante 4000 metros, um momento decisivo na corrida, uma subida que anda sempre entre os 9% e os 12%. Por norma, apenas existia mais uma subida no menu, no entanto este ano haverá duas.

A cerca de 40 quilómetros do fim surge Mendizorrotz (4,1 kms a 7,3%) e, caso ainda haja diferenças para fazer, há a subida de Murgil Tontorra, à falta de 7 quilóemtros para a meta, à qual se segue uma rápida aproximação ao final. A derradeira ascensão tem Tem 2100 metros a 9,8%, terrível quando as forças já escasseiam.

 

Táticas

Estando situada logo após o Tour de France, muitos dos ciclistas que participam na Grande Boucle fazem esta prova aproveitando o seu momento de forma. Assim, na grande maioria das vezes são ciclistas que fizeram o Tour que estão na discussão da corrida. Basta ver que nas últimas 10 edições, 7 dos vencedores correram o Tour, as únicas exceções foram Michal Kwiatkowski, em 2017, e Remco Evenepoel, em 2019 e 2022. É muito curioso ver que desses 10 ciclistas, somente 1 deles (Alejandro Valverde, em 2014) tinha terminado o Tour no top 10.

Esta costuma ser uma corrida muito atacada, as duras subidas do País Basco fazem enormes diferenças e numa prova tão longa e dura, as rampas inclinadas pagam uma grande fatura no pelotão. Soudal-QuickStep, Bahrain-Victorious e UAE Team Emirates são os blocos mais fortes, para além de um líder definido têm segundas linhas muito interessantes, capazes de triunfar em San Sebastian. De forma a não se desgastarem na perseguição podem atacar de longe e obrigar outras formações a perseguir, no entanto têm líderes ofensivos e não nos admirávamos que também eles dinamitassem a corrida de muito longe, como muitas vezes acontecesse.

 

Favoritos

Remco Evenepoel tem contrariado a história, não faz o Tour mas nas últimas duas vezes que participou venceu. Aos poucos, esta está-se a tornar uma das provas favoritas do ciclista belga que, regressa à competição após estágio e antes dos Campeonatos do Mundo. Subidas curtas e inclinadas são a praia de Evenepoel que não tem medo de atacar de longe e quer despedir-se do arco-íris com um trinufo. James Knox, Julian Alaphilippe e Mauri Vansevenant para preparar o ataque!



Felix Gall acabou o Tour em grande, o que o austríaco fez na última semana foi incrível, enormes exibições na alta montanha. Aproveitando o pico de forma, Gall quererá mais um excelente resultado no World Tour e pode ser capaz disso. É certo que as subidas finais não são perfeitas para si, um motor como o de Gall preferiria subidas mais longas, mas numa corrida tão longa a condição física será essencial. Também não tem medo de atacar de longe, sendo que terá o apoio de Ben O’Connor.

 

Outsiders

Os alarmes soaram na passada terça-feira, quando Juan Ayuso caiu e começou a queixar-se do cotovelo. Tudo não passou de um susto e o espanhol continua a sua preparação rumo à Vuelta. Ciclista muito explosivo, o jovem da UAE Team Emirates gosta de dar espetáculo e, contagiado pelos fãs bascos, podemos esperar animação. Marc Hirschi e Diego Ulissi têm experiência aqui, serão importantes.

Pello Bilbao conhece estas estradas como ninguém e, depois de ter acabado muito bem o Tour, quererá dar seguimento ao bom momento de forma. O basco não esteve ao seu melhor quando o Tour passou por aqui, acreditamos que vai querer redimir-se, numa corrida onde, curiosamente, nunca conseguiu resultados de relevo. Muito completo, atacar a descer pode ser o momento decisivo.

Se um ataque de longe tiver o seu sucesso, Ben Healy é um dos ciclistas que encaixa neste perfil. O campeão irlandês tem no seu ADN a combatividade e um corredor que gosta de arriscar, veja-se as suas vitórias. Vem de ser 2º na Ordizialo Klasika, e numa equipa onde tem liberdade pode conseguir arriscar de longe.




Possíveis surpresas

Subidas curtas, inclinadas e explosivas são a praia de Michael Woods. O canadiano adora corridas de um dia com este perfil, veremos se consegue colocar toda a sua qualidade na estrada, por vezes anda desaparecido em combate, algo que acontece desde que venceu em Puy de Dome no Tour. Após muito trabalho, Tiesj Benoot tem a oportunidade de liderar a Jumbo-Visma. O belga acabou o Tour em grande forma e, apesar de não ser um trepador e um corredor explosivo, tem muita capacidade de sofrimento e endurance, essencial para as clássicas. Sabe que para ganhar tem de atacar de longe. Santiago Buitrago é uma alternativa muito séria dentro da Bahrain-Victorious, um enorme talento que quando menos se espera consegue sacar um grande resultado. Não corre desde o Giro, o seu estado de forma é uma pequena incógnita mas estando bem é corredor para atacar de longe, tal como Mikel Landa dentro da mesma equipa. Na UAE Team Emirates deve ser tudo em prol de Juan Ayuso, no entanto não podemos descartar Marc Hirschi de um bom resultado. O helvético é capaz do melhor e do pior, vem de uma vitória, a confiança deve estar em alta. Romain Bardet regressa após o abandono do Tour, esta é uma prova ao seu jeito, veremos como respondem as pernas. A Lidl-Trek traz o bloco que esteve no Tour, veremos se Giulio Ciccone e Mattias Skjelmose acusam o desgaste de tantas fugas, numa equipa que tem Bauke Mollema, o Sr. San Sebastian, já que é o ciclista com mais top-10 na história. Carlos Rodriguez caiu no final do Tour, se está aqui é porque recuperou, ele que costuma ser muito discreto mas eficaz, sempre entre os melhores neste tipo de provas. Dos nomes vindos do Tour, olho, ainda, em Maxim van Gils, Guillaume Martin, Ion IzagirreJhonatan Narvaez, Romain Gregoire e Roger Adria são outros nomes a ter em conta, corredores que estão a andar bem mas têm feito uma preparação mais alternativa para os objetivos finais da temporada.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Georg Zimmermann e Chris Harper.

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