Ainda nem um mês passou e o World Tour está de regresso ao País Basco! Os ferverosos adeptos bascos voltam a receber o ciclismo, naquela que é a única clássica espanhola do World Tour.

 

Percurso

236 quilómetros com mais de 4000 metros de acumulado, um percurso muito duros por terras bascas é o que os ciclistas vão ter pela frente no dia de amanhã. A primeira fase da corrida tem cerca de 160 kms, 3 subidas e aí o mais importante é poupar energia para o que aí vem, estas devem servir apenas para aquecer os motores dos ciclistas.



Já depois da primeira passagem pela meta, os ciclistas irão iniciar a parte mais dura da prova, com a subida a Jaizkebel, com 7,9 kms a 5,5%. É uma ascensão que engana muito porque tem 2 kms praticamente planos a baixar a média. Os primeiros 3 kms têm 7,5%, por exemplo. Segue-se a subida de Erlaitz, com os seus 10,7% durante 3800 metros, um momento decisivo na corrida, uma subida que anda sempre entre os 9% e os 12%. No topo ainda restam mais de 40 quilómetros, no entanto é provável que a corrida já esteja lançada.

Descida muito rápida até San Sebastian, com os ciclistas a passarem na meta na direção oposta àquela onde vão terminar, antes de abordarem a derradeira subida do dia. Uma autêntica parede é o que está pela frente! Pilotegui tem apenas 2100 metros mas são a uns temíveis 10,8% e se nos restringirmos ao quilómetro final a média sobe para 14,5%, com rampas a 27% de inclinação! Uma brutalidade que termina a escassos 8 quilómetros do topo. A descida prolonga-se até 3 quilómetros do fim, com a chegada a San Sebastian a ser totalmente plana.

 

Táticas

Por norma, esta é uma competição situada logo após o Tour de France, o que possibilita a muitos nomes que estiveram na Grande Boucle vir aproveitar o seu momento de forma e conseguir um bom resultado. Este ano não é o caso, a presença dos Jogos Olímpicos veio empurrar a clássica basca mais à frente para o calendário, logo após a Vuelta a Burgos e aos Jogos Olímpicos, por isso serão esses os principais ciclistas a sair beneficiados.



Esta costuma ser uma corrida muito atacada, as duras subidas do País Basco fazem enormes diferenças e numa prova tão longa e dura, as rampas inclinadas pagam uma grande fatura no pelotão. Soudal-QuickStep, UAE Team Emirates e Visma|Lease a Bike são os blocos mais fortes, para além de um líder definido têm segundas linhas muito interessantes, capazes de triunfar em San Sebastian. De forma a não se desgastarem na perseguição podem atacar de longe e obrigar outras formações a perseguir, no entanto têm líderes ofensivos e não nos admirávamos que também eles dinamitassem a corrida de muito longe, como muitas vezes acontecesse. Diríamos que tudo se vai começar a decidir em Jazkibel e a movimentação final surgirá em Pilotegui, provavelmente já num grupo reduzido.

 

Favoritos

Foi com surpresa que vimos Jonas Vingegaard na lista de participantes e, se o dinamarquês está presente é porque se sente em condições de vencer. Vingegaard está longe de ser um especialista de clássicas no entanto se há prova que pode vencer esta é uma delas, bastante dura e com subidas longas. Apoiado em Sepp Kuss, Vingegaard estará, ainda mais perto de vencer. Está cada vez melhor nas pendentes inclinadas.

Marc Hirschi tem sido um ciclista muito regular, tem somado muitos pontos no calendário europeu, falta dar o salto para o World Tour, onde tem aparecido a espaços Numa UAE Team Emirates com várias opções, o helvético pode ser resguardado para a parte final, ele que se adapta muito bem a subidas inclinadas e em grupos restritos é muito rápido. Já foi 3º nesta prova, é um bom indicador.

 

Outsiders

Será que um basco consegue vencer no País Basco? Mikel Landa acabou o Tour em grande forma e, com os olhos postos na Vuelta, não pode ter perdido muito da mesma. Deve conhecer estas estradas como poucos, é a sua região e, por isso, também estará muito motivado. É daqueles que não tem medo de atacar, não olha à distância que falta para a meta para o fazer.



Julian Alaphilippe é um dos antigos vencedores presentes, isso também conta muito para esta competição. O francês conta com Landa e os dois poderão fazer uma dupla muito perigosa, se se encontram na frente os rivais terão uma tarefa muito dura pela frente. É mais um ciclista muito combativo, sem medo de atacar, seja a distância que for. Está num excelente momento de forma, o melhor em muito tempo, quererá transformar isso numa grande vitória.

Um corredor que adora este tipo de provas é Simon Yates. O britânico já tem o seu futuro definido, não corre com tanta pressão e isso pode soltá-lo para uma grande exibição. Ciclista muito atacante, o ideal para este tipo de competição, já finalizou duas vezes no top-10. As pendentes inclinadas não o assustam, é quando consegue fazer mais diferenças.

 

Possíveis surpresas

Daniel Martinez nem sempre se destaca nas clássicas, no entanto o colombiano é um ciclista que se adapta perfeitamente a este percurso. Regressou nos Jogos Olímpicos, com uma participação nada má e, com a Vuelta em perspetiva, tem de se apresentar bem, ainda para mais tendo Sergio Higuita no seu apoio. A UAE Team Emirates é uma das equipas com mais opções, para além de Hirschi, Brandon McNulty e Isaac del Toro são opções muito fiáveis, principalmente se forem usados com ataques de longe. Del Toro pode ser a primeira opção atacante, McNulty jogado mais à frente, um ciclista que anda muito bem no contra-relógio e que já somou várias vitórias dessa forma.



A Lotto-Dsny é uma equipa que corre um pouco por fora mas tem duas excelentes alternativas em Lennert van Eetvelt e Maxim van Gils. O primeiro é mais trepador, o segundo será resguardado para a última subida, um ciclista mais explosivo que deu um salto qualitativo impressionante em 2024. Santiago Buitrago tem-se dado muito bem nas clássicas que tem feito, com destaque para as mais duras em termos de perfil. Amanhã é mais uma oportunidade para o colombiano brilhar, um ciclista ofensivo. Outros ciclistas ofensivos são Giulio Ciccone e Romain Bardet, dois trepadores que correm com menos pressão, sabem que não favoritos e por isso, não têm nada a perder. Entre os puncheurs, destacamos Jhonatan Narvaez, Alex Aranburu e Roger Adriá, terão de sofrer muito para aguentar com os melhores mas sabem que se o conseguirem têm uma oportunidade de ouro para conquistar a vitória.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Marc Soler e Jefferson Cepeda.

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