A E3 BinckBank Classic é mais conhecida por E3 Harelbekee viu nos últimos anos as vitórias de Niki Terpstra, Greg van Avermaet e Michal Kwiatowski. Realisticamente é o último grande teste antes do Tour des Flandres.

Percurso

No menu estão 16 subidas e 10 sectores de empedrado, uma mistura atractiva numa clássica com cerca de 200 kms. Como já é habitual podemos dividir as dificuldades em fases, principalmente tendo em conta que os 3 primeiros sectores de empedrado e as 4 primeiras subidas não terão grande influência.




Fase 1 – Entre 100 e 80 kms para o fim, será feito aqui algum endurecimento da corrida, a fuga deve começar a perder unidades e pode haver algumas figuras secundárias a atacar no pelotão: Knokteberg (1,1 kms a 8,3%), Hotondberg (0,8 kms a 4,4%), Kortekeer (1 km a 6,5%) e a subida em paralelo do Taaierberg (0.8 kms a 6%).

Fase 2 – Entre 75 e 55 kms para o fim, os ataques no pelotão vão começar a sério, vai começar a jogar tacticamente a corrida, algumas equipas que falhem os principais movimentos serão obrigadas a perseguir e isso pode custar caro: Berg Ten Stene (1,3 kms a 5%) Varentberg (empedrado de 1500 metros), Boigneberg (1,2 kms a 5%), Stationberg (1,5 kms a 5%) e o Kapelberg (0,7 kms a 5%, integrado num sector de empedrado de 2100 metros).

Fase 3 – Entre 50 e 30 kms para o fim, a corrida vai decidir-se aqui, é onde há mais potencial de fazer diferença devido às dificuldades do percurso, atenção aos intervalos entre subidas, por vezes é aí que se lançam ataques mortíferos: Kapelberg (0,7 kms a 3,8%), Paterberg (400 metros a 12,2%), Oude Kwaremont (2,2 kms a 4,3%, subida em paralelo) e o Karnemelkbeekstraat (1,5 kms a 5%).




A 23 kms da meta ainda há o paralelo no Varenstraat, num total de 2100 metros e nos últimos 20 kms não há dificuldades.

Tácticas

Até que ponto a presença de Peter Sagan muda a dinâmica da corrida? O eslovaco tem aqui um grande privilégio, dos sprinters que passam bem as dificuldades, talvez tenha mesmo a melhor equipa para as clássicas, a par de Sonny Colbrelli. Mas coloca-se a eterna questão, ninguém vai querer levar Sagan para a linha de meta. Provavelmente veremos Sagan ao ataque a seguir os principais ataques ou mesmo a fazer a selecção, e isso deixá-lo-á numa posição vulnerável naqueles 20 kms finais.

Muitas equipas estão aqui mais fortes, mais reforçadas, a única excepção será a Mitchelton-Scott, que perdeu Alex Edmondson e Luke Durbridge lesionados, e isso custará caro a Matteo Trentin.

Favoritos

Yves Lampaert foi dos poucos especialistas em clássicas da Deceuninck-Quick Step que ainda não picou o ponto. Fez top 10 na Kuurne-Bruxelles-Kuurne e na Omloop het Nieuwsblad, está em boa forma depois de ajudar Alaphilippe a vencer na Strade Bianche e na Milano-Sanremo. Ciclista possante, bom no contra-relógio e bom finalizador, pode beneficiar da superioridade numérica que a equipa belga terá.




Oliver Naesen andou muito bem na Milano-Sanremo, tal como de resto mencionámos na antevisão, o belga de 28 anos procura afirmar-se e o 2º posto no primeiro Monumento do ano certamente deu-lhe muita confiança. Naesen é ciclista para num grupo de 10/15 fazer pódio e amanhã contará com a ajuda de Silvan Dillier.

 

Outsiders

Apesar dos problemas na preparação Peter Sagan esteve muito bem na Milano-SanRemo, pelo menos fisicamente, já que voltou a cometer erros no quilómetro final. Com Marcus Burghardt, Jempy Drucker e Daniel Oss, conta com um trio de luxo para o ajudar a fechar espaços e manter-se bem colocado. Vai ter de tentar selecionar um grupo onde só esteja 1, no máximo 2 ciclistas da Quick-Step.

Com 2600 metros de desnível, esta clássica fica no limite para as capacidades de Wout van Aert, o belga que surpreendeu por estar na luta pela Milano-Sanremo, já que  está habituado a esforços bem mais curtos. A Jumbo-Visma tem uma equipa de clássicas muitas vezes subvalorizada, corre este tipo de provas de forma muito compacta e pensada, van Aert é um perigo.




Os grandes objectivos aproximam-se e o pico de forma de Philippe Gilbert também estará à porta, o experiente belga nesta fase da carreira praticamente só está focando nas maiores provas e esta é uma delas. Muito bom tacticamente, já contribuiu de forma indirecta para os triunfos dos companheiros de equipa.

 

Possíveis surpresas

Há mais alguns nomes que temos de mencionar, Greg van Avermaet é sempre um ciclista a ter em conta nestas corridas, no entanto desiludiu um pouco ao não estar no primeiro grupo na Milano-Sanremo. Tiesj Benoot está em grande forma, fez um excelente Tirreno-Adriatico, mas na Lotto-Soudal só Jens Keukeleire tem um grande pedigree nas clássicas. Matteo Trentin terá de ser muito perspicaz, agora que perdeu o seu escudeiro Luke Durbridge, esperará que no final haja um sprint em grupo reduzido. A Quick-Step ainda tem mais opções para além de Lampaert e Gilbert, Bob Jungels e Zdenek Stybar já ganharam e podem perfeitamente repetir a façanha. Niki Terpstra é o campeão em título, fez pódio na Kuurne e na Le Samyn, só que não tem demonstrado tanta capacidade física, agora na Direct Energie. A Trek-Segafredo é outra formação com muitos ciclistas capazes de andar bem, com Jasper Stuyven, John Degenkolb e Mads Pedersen. Alexander Kristoff, Arnaud Demare e Magnus Cort tentarão aguentar o melhor possível nas colinas para depois tentaram sprintar caso chegue um grupo grande. A Team Sky tem Luke Rowe e Owain Doull em grande forma e cuidado ainda com Michael Valgren, Sebastian Langeveld e Matej Mohoric, corredores que adoram atacar de longe.

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