O empedrado está de volta! A antecipar um fim-de-semana recheado de ciclismo, é tempo para o último grande teste antes do Tour de Flandres.

 

Percurso

No menu estão 16 subidas e 11 sectores de empedrado, uma mistura atractiva numa clássica com cerca de 200 kms. Como já é habitual podemos dividir as dificuldades em fases, principalmente tendo em conta que os 4 primeiros sectores de empedrado e as 3 primeiras subidas não terão grande influência.



Entre 110 e 80 kms para o fim, será feito aqui algum endurecimento da corrida, a fuga deve começar a perder unidades e pode haver algumas figuras secundárias a atacar no pelotão: La Houppe (1,9 kms a 5,1%), Kanarieberg (1 km a 8,1%), Oude Kruisberg (800 metros a 5,8% e em paralelo), Knokteberg (1,2 kms a 7,3%), Kortekeer (900 metros a 6,7%) e a subida em paralelo do Taaienberg (700 metros a 6,1%).

Entre 75 e 55 kms para o fim surge a segunda fase, local onde os ataques no pelotão vão começar a sério, vai começar a jogar-se tacticamente a corrida, algumas equipas que falhem os principais movimentos serão obrigadas a perseguir e isso pode custar caro: Berg Ten Stene (1,3 kms a 4,8%), Boigneberg (1 kms a 5%), Eikenberg (1,2 km a 5% e em paralelo), Stationsberg (1,5 kms a 5%), Mariaborrestraat (2000 metros em plano mas em empedrado) e o Kapelleberg (800 metros a 5%).

Logo a seguir surge a combinação decisiva, aquela que já fez muitas vezes as diferenças finais nesta e noutras corridas nesta zona. As subidas sucedem-se muito rapidamente, o que também é um fator a ter em consideração. Paterberg (400 metros a 9%) e Oude Kwaremont (2,1 kms a 4,2%, subida em paralelo) só por si já é uma combinação dura, sendo que após ainda surge o Karnemelkbeekstraat (1,5 km a 5,3%).

A 25 kms da meta ainda há o paralelo no Varenstraat, num total de 2000 metros e o Tiegemberg (800 metros a 4,8%). A partir daí não há mais dificuldades e só o jogo tático poderá decidir a corrida, se tal ainda não tiver acontecido.

 

Tácticas

Este é um ensaio muito importante para o Tour de Flandres, agora que estamos a cerca de 1 semana do 2º Monumento do ano. Muito da corrida irá ser decidido pela Jumbo-Visma e por Wout van Aert. A Quick-Step que tem passado um pouco ao lado das clássicas e quando a matilha está enfurecida é preciso ter cuidado com ela.



Tão perto de um grande objetivo, se a vitória não estiver ao alcance, os principais ciclistas poderão sacrificar-se em prol dos seus companheiros. Há corredores que podem jogar com vários cenários, desde um ataque isolado a um sprint em grupo reduzido, espera-se uma corrida animada.

 

Favoritos

Desde Fabian Cancellara (2010 e 2011) que nenhum corredor consegue vencer em dois anos seguidos a prova, no entanto Kasper Asgreen é um nome indicado para tal. O dinamarquês foi 3º na Strade Bianche, um resultado surpreendente depois de ter contraído COVID-19. Tem trabalhado muito para a equipa desde aí e, segundo o próprio, está “onde quer estar” em relação ao estado de forma. Não tem medo de atacar de longe, sabe que isolado tem mais hipóteses de vencer apesar de não ser lento. A superioridade da Quick-Step pode ser importante.



Por falar em superioridade numérica, isso pode ser fundamental para a Jumbo-Visma. Com uma marcação cerrada dos rivais a Wout van Aert, Christophe Laporte pode seguir um dos vários ataques, ou até ele próprio atacar, e ficar num grupo muito perigoso. O francês está numa forma nunca antes vista e, num grupo reduzido, será sempre dos mais rápido.

 

Outsiders

Wout van Aert sabe que será marcado por todos e, por isso, não seria de admirar que fizesse o mesmo que fez na Omloop Het Nieuwsblad, onde não esperou pelo sprint e atacou. Tem um bloco fortíssimo, talvez o mais forte da competição, com Tiesj Benoot, o já referido Laporte, Mike Teunissen, Nathan van Hooydonck e Tosh van der Sande. Será importante ter vários elementos na parte final, caso seja necessário perseguir, pois temos visto que ninguém quer colaborar com o campeão belga, o que leva a um maior desgaste da sua parte.

Se há ciclista capaz de derrotar Van Aert ao sprint é, sem dúvida, Mads Pedersen. O dinamarquês está a ter uma temporada impressionante, já superou o belga várias vezes, o que lhe dá uma confiança tremenda. Pedersen entra, agora, nos seus grandes objetivos da primeira fase do ano. Sabemos que não é fácil seguir um ataque de Van Aert, no entanto Pedersen também é capaz disso. Jasper Stuyven e Quinn Simmons serão fundamentais.



Soren Kragh Andersen vinha a destacar-se no Paris-Nice e o seu ataque no Poggio só demonstrou que, mais tarde ou mais cedo, uma grande vitória chegará. Após um longo período fora dos bons resultados, o ciclista da Team DSM parece ter programado, na perfeição, o seu pico de forma. É daqueles ciclistas que sabemos que vai atacar, resta saber quem o conseguirá seguir.

 

Possíveis surpresas

Dentro da Jumbo-Visma mais de metade da equipa pode vencer e, para além dos dois nomes já referidos, destacamos Tiesj Benoot, que parece ter ganho uma nova vida com a sua transferência, e Mike Teunissen, tem um bom historial nesta prova e está a ser muito regular nas clássicas. Na Quick-Step Alpha Vynil a grande alternativa a Asgreen é, sem dúvida, Florian Senechal. O francês tem andado muito perto de vencer uma grande clássica, mas por diversos motivos nunca consegue, acreditamos que o dia estará perto. Anthony Turgis continua a exibir-se a grande nível na TotalEnergies, está a mostrar que as exibições do ano passado não foram um acaso. É mais um que pode atacar de longe e dinamitar a corrida. Sem Tom Pidcock, a INEOS apostará em Jhonatan Narvaez e Dylan van Baarle, corredores com características diferentes mas que se encaixam na perfeição neste tipo de prova. Stefan Kung tende a atacar sempre de longe, começa a selecionar a corrida no entanto falha no final, se atacar mais perto do final, os ataques podem ter sucesso. Matej Mohoric deve estar com a moral em alta, não podemos descartar o esloveno de outro brilharete, apesar do perfil ser bastante mais duro e não tão propício a ataques surpresa em descida. Jasper Stuyven, Victor Campenaerts, Michael Valgren, Greg van Avermaet e Ivan Garcia Cortina são alternativas aos primeiros lugares. Por fim, destacamos Rasmus Tiller, o norueguês corre muito por fora mas os seus resultados são promissores e numa UNO-X em forma pode surpreender.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Alex Aranburu e Dris van Gestel.



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