A região da Figueira da Foz volta a acolher o pelotão internacional para a segunda edição da clássica! Num percurso ainda mais duro que no ano passado, quem irá suceder a Casper Pedersen?

 

Percurso

222,1 quilómetros com 2690 metros de desnível acumulado positivo é o que o pelotão terá pela frente. Partida da Figueira da Foz, do mesmo local onde os ciclistas irão chegar, com os primeiros 101 quilómetros a serem feitos num terreno mais acessível, antes da entrada no circuito final, onde estão as grandes dificuldades. Apesar de tudo, ainda existe algumas pequenas subidas, que irão começar a desgastar as pernas dos ciclistas.



Falando do circuito este será percorrido por 4 vezes (mais umaque na temporada passada) e tem um total de 29 quilómetros. Após 4 quilómetros surge um pequeno topo com 300 metros a 6,8%, e 3 quilómetros passados é a vez da subida da Rua Parque Florestal (2100 metros a 8,5%, com o quilómetro final a 10,9% de média). No topo ficam a restar 22,5 quilómetros de circuito, 14 deles a serem muito rápidos até à subida de Enforca Cães. Pela frente um autêntico muro, 900 metros a 7,3%, a rampa de lançamento perfeita para os ataques. Até ao final restam 6200 metros, os últimos 4000 em terreno plano para o fim na Praia do Relógio.

 

Tácticas

Em 2023 havia uma grande incerteza em torno do desfecho desta Figueira Champions Classic, um percurso de média montanha com a principal colina ainda um pouco longe da meta e com espaço para todo o tipo de ciclistas. Tudo terminou num sprint com pouco mais de uma dezena de corredores em que o mais forte foi o dinamarquês Casper Pedersen. Para 2024, temos um traçado ainda mais endurecido, a organização colocou mais 1 volta ao circuito e teremos portanto mais quilometragem, mais montanha e mais desnível. Cerca de 220 kms nesta fase da época é uma distância monstruosa para os ciclistas, alguns vão encarar como um grande treino de fundo e creio que este percurso mais duro conjugado com a chuva e o vento que se prevê para o sábado torna a vida dos homens mais rápidos muito complicada.

Para sábado temos então prevista chuva para a parte da manhã, depois com algumas abertas a seguir ao almoço, mas o vento permanecerá moderado, com rajadas de 50 km/h predominantemente de Norte. Temos uma start list de luxo, mesmo sem 2 dos portugueses que correm no World Tour, Rui Costa e João Almeida são 2 ausências de última hora. As equipas claramente sentiram que se no ano passado o sprint já foi complicado, este ano ainda mais difícil se tinha tornado, então tirando a EF e a DSM praticamente ninguém está a apostar nesse cenário. No entanto, obviamente os pontos para o ranking UCI são importantes e é crucial ter aqui ciclistas que passem bem a montanha e tenham uma boa ponta final, nem que seja para disputar lugares mais secundários. Julgo que a responsabilidade está nos ombros da Soudal-Quick Step, ganharam esta corrida no ano passado e são das principais formações aquela que vem com  mais corredores da primeira linha, testando já aqui uma versão do bloco de Remco Evenepoel.

 

Favoritos

Remco Evenepoel – No papel é um traçado incrível para ele, uma prova longa, com sobe e desce constante, subidas a rondar os 5/6 minutos a fazer lembrar a Liege-Bastogne-Liege. Vem com uma excelente equipa, repleta de trepadores para endurecerem a corrida e para o belga talvez atacar de forma decisiva na última volta e depois tentar fazer os últimos 20 kms até à meta em solitário, já conquistou vários triunfos desta forma.



Andrea Bagioli – Creio que será a maior ameaça a Evenepoel, é alguém que adora este tipo de colinas e que está extremamente motivado depois de ter mudado de equipa. É preciso lembrar que Bagioli acaba 2023 a fazer 2º no Giro di Lombardia. É alguém que conhece a Quick-Step internamente e que é muito perigoso num sprint a 2/3, Evenepoel não vai querer colaborar com ele caso se consigam escapar.

 

Outsiders

Marius Mayrhofer – A Tudor é uma estrutura em crescimento e altamente profissional, do World Tour sem o ser e acho que vai surpreender muitos em 2024. O alemão é um sprinter que passa este tipo de colinas como poucos, ainda recentemente em Espanha fez 2º numa clássica num grupo altamente restrito e tem a vantagem de chegar aqui com algum ritmo competitivo. Se os principais trepadores ainda estiverem longe da melhor forma a corrida pode ficar algo presa e terminar num sprint deste género.

Marc Hirschi – Em 2023 foi incrível neste tipo de clássicas, várias vitórias e inúmeros pódios ao longo do ano enquanto aproveitava as oportunidades que tinha. Vai querer continuar essa tendência em 2024, ainda com mais concorrência interna e julgo que este traçado é muito bom para ele. Num sprint a 3/4 também tem uma boa ponta final, talvez capaz de rivalizar com os melhores.

Ruben Guerreiro – Já vem com o andamento do Tour Down Under e a jogar em casa o português da Movistar faz querer fazer uma gracinha. Acho que vai ser um dos protagonistas, não estou a ver muitos cenários em que possa levantar os braços, vai ser difícil destacar-se e manter uma vantagem até à meta e ao sprint terá rivais perigosos.

 

Possíveis surpresas

Simone Velasco – Foi um dos melhores da Astana em 2023 e alguém que adora este tipo de traçados, tendo um bom sprint. Fez top 20 nas Ardenas e top 10 noutras clássicas do World Tour, aproveitou para também ganhar algum crédito interno, até diria à frente de Battistella.

Rune Herregodts – O poderoso belga foi uma das agradáveis surpresas de 2023 e vai querer aproveitar a vantagem competitiva de já ter corrido neste circuito. No entanto, não é um grande sprinter, vai ter de atacar de longe e arriscar.



Pelayo Sanchez – Um talento que a Movistar foi recrutar à Burgos e já provou o porquê nas corridas em Maiorca. Uma surpreendente vitória onde mostrou explosão, inteligência e capacidade física de aguentar junto dos melhores na montanha, certamente o motivou para os próximos dias.

António Morgado – Deu boa conta de si na estreia em corridas World Tour, agora de volta a Portugal tem um desafio complicado de ultrapassar. Ainda muito jovem, o ciclista da UAE Team Emirates não está muito habituado a estas quilometragens em competição, será um desafio, não se pode exigir nada dele.

Vincenzo Albanese – Tem aqui um traçado que se adapta bem às suas características, talvez desejasse um bocadinho menos de dureza. Começou bem o ano, encabeçou o grupo perseguidor no dia em que ganhou Pelayo Sanchez em Maiorca, bom indicador de forma, o objectivo deve ser o top 5.

James Knox/Mikel Landa – Alternativas dentro da Quick-Step caso Evenepoel não esteja num dia sim, mas ambos têm dificuldade em manter vantagem perante grupos perseguidores e más pontas finais.

Isaac del Toro – Outra alternativa dentro da UAE Team Emirates. Entrou a voar na temporada, vencendo logo no World Tour. Este tipo de subidas é muito bom para o mexicano, um ciclista explosivo.

Marijn van den Berg – No ano passado já passou as colinas à justa, creio que este ano o aumento da quilometragem e altimetria pode ser demais para o neerlandês.

Nicola Conci – Sólido candidato a top 10.

Casper van Uden – Até passa bem as colinas, mas daí a sobreviver a isto vai um grande passo.



Equipas portuguesas – O objectivo tem de passar por ir para a fuga e conseguir exposição mediática, a partir daí uma corrida endurecida até as favorece porque os nossos trepadores não têm grande ponta final. A colocação será muito importante, no ano passado César Fonte, Artem Nych, Joaquim Silva e Frederico Figueiredo terminaram no 2º grupo. Ttalvez este ano mais alguns corredores consigam top 20/top 30, nomes como Emanuel Duarte, Henrique Casimiro, Tiago Antunes, Afonso Eulálio, Luís Gomes, Hélder Gonçalves ou German Tivani.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são Mikkel Honoré e Quentin Hermans.

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