A terminar o fim-de-semana, os classicómanos têm mais uma oportunidade de brilhar. Esta é uma prova menos dura, no entanto se for bastante atacada pode fazer com que os principais ciclistas consigam discutir a vitória entre si.

 

Percurso

A Gent-Wevelgem começa com 150 kms planos onde o grande perigo é o vento lateral. Há estradas expostas e uma passagem pelo tradicional De Moeren, esta é a grande oportunidade de fazer uma selecção inicial e os grandes roladores estarão certamente de olho na previsão do vento.



As dificuldades começam com 3 colinas em estrada, com a mais dura delas a ser o Baneberg (1300 metros a 6%). A primeira sequência de subidas termina com o Kemmelberg, feita em empedrado, que são 400 metros a 10,7%. Entre os quilómetros 72 e 67 para o final há 5000 metros de empedrado/gravilha, divididos por três setores. Depois os ciclistas encaminham para a última sequência de dificuldades, condensada entre os quilómetros 195 e 214.

Em rápida sucessão, surge o Monteberg (1000 metros a 5,4%)  e o empedrado do Kemmelberg (400 metros a 10,7%), passado alguns quilómetros há o Scherpenberg, uma subida não muito dura, com 1000 metros a 2,3% e por fim a sequência decisiva do Baneberg (1300 metros a 6%) e a vertente mais dura do Kemmelberg (700 metros a 10,9%). Daí até à meta são 34,3 quilómetros, onde por vezes há algumas recuperações e reagrupamentos.

 

Táticas

Das clássicas belgas desta altura da temporada, a Gent-Wevelgem é a mais difícil de prever. As dificuldades não são tantas como nas restantes, o que dá mais hipóteses aos sprinters e, por norma, as condições meteorológicas jogam um papel fundamental no desenlace da corrida. A passagem por De Moeren pode provocar cortes no pelotão e fazer diferenças maiores que nas próprias subidas. Entre a última subida e o final em Wevelgem ainda sobram muitos quilómetros, será preciso muita organização entre o grupo que se destacar no Kemmelberg.

As ausências de Mathieu van der Poel e Tadej Pogacar tornam esta uma prova muito mais aberta, o que faz com que muitos ciclistas saibam que esta é numa oportunidade única para vencer uma clássica World Tour. Sem estes dois “aliens”, também não esperamos uma corrida tão partida, nem todos têm a capacidade de explosão dos nomes já referidos. Praticamente todas as equipas trazem um sprinter, pelo que podem jogar em duas frentes. A chave da corrida estará na Lidl-Trek, um bloco com Mads Pedersen, Jasper Stuyven e Jonathan Milan como principais opções.

 

Favoritos

Mads Pedersen já sabe o que é vencer esta prova e com ataques de longe. O dinamarquês adora este tipo de provas, longas e duras, é nestes cenário que consegue os melhores resultados. O que fez ontem na E3 Saxo Classic foi de grande nível, se voltar a ser o atacante de serviço no Kemmelberg poucos o podem seguir e, num sprint final, será difícil de superar.



Tim Wellens não tem um grande historial nesta prova mas é uma prova onde se pode dar bem. O belga é um corredor muito ofensivo e numa UAE Team Emirates sem grandes opções para o sprint, apenas Rui Oliveira, o melhor é atacar. Se tiver um colega na frente na altura decisiva, a superioridade numérica poderá ser importante. Wellens sabe ler a corrida como poucos.

 

Outsiders

Em caso de sprint, Jonathan Milan tem de ser o grande nome a ter em conta. O possante italiano está um ciclista cada vez mais completo, está a passar cada vez melhor este tipo de dificuldades e numa Lidl-Trek tão completa, terá sempre apoio caso sinta dificuldades na parte mais dura. Poucos quererão chegar ao sprint contra si, é algo que não joga a seu favor. Milan pode conquistar a grande clássica da sua carreira.

Jasper Philipsen já teve tempo para recuperar da queda sofrida na Nokere Koerse e tentar mais um objetivo. Até essa prova estava a andar muito bem e o próprio belga admitiu que até Paris-Roubaix é um ciclista de clássicas. Não nos admirávamos se conseguisse seguir os melhores (ou perto disso) nas grandes dificuldades. Muito mais do que um sprint, Philipsen é a grande opção da Alpecin-Deceuninck.

É a grande opção mas não a única pois Gianni Vermeersch pode ser uma bela surpresa. Muitas vezes um dos últimos gregários de Philipsen ou Van der Poel, o belga é um excelente ciclista de clássicas que possuiu uma boa ponta final, principalmente depois de um dia muito duro. Se tiver a oportunidade de brilhar não vai querer desperdiçar, não tem muitas ao longo do ano nas principais competições.




Possíveis surpresas

Já aqui referimos que Michael Matthews é aquele ciclista fiável, sempre entre os melhores, raramente vai ao choque e isso consegue resultar em bons resultados. O australiano até preferiria uma prova mais dura mas é alguém capaz de estar no corte decisivo. Olhando para ciclistas atacantes, muito cuidado com Jasper Stuyven, Matteo Jorgenson e Florian Vermeersch, ciclistas que se adaptam que nem uma luva a este tipo de cenários. Tirando Veermersch, os outros dois têm mais opções dentro das equipas, o que pode jogar a favor de ambos. Laurance Pithie foi uma das revelações desta prova no ano passado, no entanto este ano pouco têm sido os resultados de destaque, numa Red Bull-BORA que também não tem conseguido aparecer. O neo-zelandês precisa de um grande resultado para dar o clique. Na equipa alemã, a opção para o sprint é Jordi Meeus.

Em caso de sprint as opções também são muitas. Olav Kooij é um dos poucos que sabe o que é derrotar os nomes já referidos, o neerlandês aposta muito nesta prova, quando está em forma consegue subir bem. Biniam Girmay tem tido pouca competição mas desde que regressou da Eritreia até tem conseguido algum destaque, no entanto espera-se sempre mais da estrela africana, ele que já sabe o que é vencer esta clássica. Quem será a aposta da Soudal QuickStep? Tim Merlier caiu em De Panne e levou pontos, pode não estar a 100% e isso abre as portas a Paul Magnier e Luke Lamperti, dois jovens talentos neste tipo de terreno. Por fim, olho em Madis Mihkels, Fred Wright, Amaury Capiot, Matteo Trentin e Oliver Naesen.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Tim van Dijke e Nils Politt.




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