COMO, ITALY - AUGUST 15: Arrival / Jakob Fuglsang of Denmark and Astana Pro Team / Celebration / during the 114th Il Lombardia 2020 a 231km race from Bergamo to Como / #ilombardia / @Il_Lombardia / on August 15, 2020 in Como, Italy. (Photo by Tim de Waele/Getty Images)

Está na hora do último Monumento da temporada! A “Clássica das Folhas Mortas” marca a última grande batalha entre os grandes ciclistas do pelotão internacional. Conseguirá alguém parar Primoz Roglic?

 

Percurso

Depois de vários anos de ligação entre Bergamo e Como, a organização decidiu voltar a trocar a ordem e fazer Como – Bergamo, algo que não acontecia desde 2016.



Praticamente 240 quilómetros de muita dureza, com um total de 7 subidas categorizadas e mais de 4600 metros de desnível acumulado positivo. Uma subida já habitual desde percurso é a Madonna del Ghisallo (8,8 kms a 3,9%), aparece logo ao quilómetro 30. Seguem-se os 50 quilómetros mais fáceis desta prova, até se chegar a Roncola Alta (9,4 kms a 6,7%), uma subida muito regular onde os primeiros 6000 metros são a 8,5%.

Logo de seguida, após uma curta descida surge Berbenno (6,9 kms a 5%) e, 20 quilómetros depois, aparece a sucessão de subidas mais temida da competição italiana. Falamos de Dossena (11,1 kms a 6,1%) e Zambla Alta (9,8 kms a 3,3% mas com os últimos 2,6 kms a 6,9%).

No topo desta subida ainda ficam a faltar 64 quilómetros no entanto acreditamos numa corrida já muito endurecida. Muito rapidamente os ciclistas fazem 20 quilómetros, praticamente sempre em descida, até ao sopé do Passo di Ganda (9,3 kms a 7,1%). Esta é uma subida muito dura, onde os últimos 3 quilómetros inclinam a 8,7%!

Segue-se mais uma descida muito rápida e 11 quilómetros de plano, até à ascensão final. Estaremos a 3400 metros da chegada quando aparecer o Colle Aperto (1300 metros a 7,2%, com o seu miolo a 9,4%). A partir daqui é em descida até à meta em Bergamo.

 

Táticas

As clássicas italianas não têm desiludido e esperamos mais do mesmo amanhã. Os ataques têm surgido muito cedo, os protagonistas são os mesmos, o espetáculo estará garantido. Não seria de estranhar vermos movimentos logo em Dossena, tentando, desde logo, comçar a fracionar o grupo dos favoritos para, depois, as equipas que têm mais que uma opção tentarem jogar com a sua vantagem numérica.



Jumbo-Visma e Deceuninck-QuickStep são as equipas com, pelo menos, dois ciclistas que têm capacidade para vencer, sem nunca descartar UAE Team Emirates. Primoz Roglic é o alvo a abater, vem de duas grandes exibições, será que num grupo reduzido colaborarão consigo? Muito irá depender da situação de corrida no entanto é de prever que numa primeira fase a resposta será sim e tudo se possa decidir na derradeira colina.

 

Favoritos

Primoz Roglic vem de duas exibições monstruosas, vencendo as provas com grande facilidade. O esloveno está em alta rotação, é muito forte mentalmente, e quando está bem, é difícil pararem-no. Se o deixam chegar tranquilo à subida final nunca mais o apanham. Jonas Vingegaard e Steven Kruijswijk terão um papel fundamental.



O seu compatriota Tadej Pogacar está a ir de menos a mais nestas últimas clássicas e chega ao último objetivo da temporada muito motivado. Numa das últimas provas, Pogacar atacou muito cedo, poderá voltar a fazê-lo. Bastante explosivo e muito rápido em grupos restritos, pode vencer em vários cenários. Poderá vencer dois Monumentos na mesma temporada!

 

Outsiders

Se há ciclista que temos quase a certeza que vai atacar cedo é Remco Evenepoel! Já começa a ser uma imagem de marca do belga os seus ataques ainda bastante cedo e o incrível é que quase sempre tem sucesso, a última das quais na Coppa Bernocchi. O medo da descida parece já ultrapassado. Tem contas a ajustar com a prova, depois da queda do ano passado.

Com Evenepoel ao ataque, João Almeida fará a marcação aos restantes favoritos, seguindo as rodas dos seus rivais e os possíveis ataques. Com dois pódios nas últimas duas provas, a confiança do português está em grande. Não se pode dar muito espaço a João Almeida, é muito explosivo. A vantagem numérica pode ser importante.



Adam Yates foi um dos grandes destaques da Milano-Torino, não esteve no corte decisivo, conseguiu fazer a ponte e apenas não fez descolar Roglic. O britânico está a acabar a temporada muito bem e admitiu que este é um grande objetivo. Tem que chegar isolado para vencer, na forma em que está é possível.

 

Possíveis surpresas

Michael Woods é um corredor que gosta deste tipo de provas mas por incrível que parece apenas conseguiu um top-5 aqui. Está a andar bem e pode ser um ciclista menos marcado, pelo que se tiver boas pernas pode conseguir surpreender. David Gaudu vem em crescendo, dois top-10 nas últimas clássicas, e é um corredor bastante explosivo e tal como Woods, pode gozar de alguma liberdade, se os grandes favoritos se marcarem entre si. A terceira carta da Deceuninck-QuickStep é o campeão do Mundo Julian Alaphilippe. Se estiver bem fisicamente e não sentir o cansaço, o francês é um dos grandes candidatos, pois a subida final é perfeita para si, resta saber se consegue chegar em condições até lá. Jonas Vingegaard pouco correu desde o Tour mas se vem a esta prova é porque está bem. O dinamarquês não tem grande historial em clássicas, mas poucas fez na sua curta carreira. Será o braço direito de Roglic mas se a oportunidade surgiu, Vingegaard pode muito bem aproveitar, basta estar no grupo certo. Vincenzo Nibali, Dan Martin, Thibaut Pinot e Bauke Mollema são os 4 antigos vencedores presentes, será muito complicado vê-los a triunfar outra vez mas a destacar um nome seria o do holandês da Trek-Segafredo, é um poço de regularidade neste tipo de competição. Por fim, atenção a Davide Formolo, Sergio Higuita, Alejandro Valverde e Nairo Quintana, todos se mostraram com boa condição física nas recentes clássicas.




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Os nossos super-jokers são Fausto Masnada e Diego Ulissi.

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