O fim-de-semana de abertura das clássicas continua e quem não esteve tão bem no dia de hoje quererá redimir-se amanhã! Mais um dia com animação garantida.
Percurso
O fim-de-semana de abertura terminar com um total de 195 kms. Ao contrário de outros anos, a primeira metade de corrida é, também ela, bastante complicada, com 6 colinas. Após 16 kms surge o famoso Tiegemberg (1500 metros a 3,5%), surgindo, ainda, o Katteberg (900 metros a 5%) e o Boembeek (1200 metros a 4,8%) até aos 55 quilómetros. Pelo meio, o setor de empedrado de Holleweg. Depois de algum período de acalmia, e em apenas 11 quilómetros, segue-se Bossenaarstraat (600 metros a 7,3%), Berg Ten Houte (1100 metros a 5,8%) e o La Houppe (1800 metros a 4,2%).
Entrarmos na fase decisiva da corrida, com a maioria das colinas e troços de empedrado em menos de 40 quilómetros. Em rápida sucessão aparecem Hameau des Papins (1200 metros a 6,4%), Le Bourliquet (1300 metros a 6,3%), Mont Saint Laurent (1300 metros a 7%), Kruisberg (1300 metros a 5%), Hotond (1200 metros a 3,1%), Côte du Trieu (1200 metros a 7,2%) e Kluisberg (1100 metros a 5,4%).
Esta última colina está ainda a 50 kms da meta, o que permite reagrupamentos antes do final caso as diferenças não sejam extremas. A corrida termina com 2 voltas num circuito de 15 kms nos arredores de Kuurne. A última curva situa-se a 600 metros da meta, e é um ponto decisivo desta chegada se ainda houve comboios para lançar os sprinters.
Tácticas
Do fim-de-semana de abertura das clássicas a Kuurne-Bruxelles-Kuurne é aquela que mais vezes termina em sprint, com um grupo de maior ou menor dimensão, em 2021 Mads Pedersen venceu num grupo de 35 elementos, em 2020 apenas Kasper Asgreen escapou ao sprint de 60 ciclistas, em 2019 Bob Jungels chegou isolado com 30 corredores no seu encalce, em 2018 Dylan Groenewegen triunfou num pelotão de 70 ciclistas.
Trata-se, portanto, de uma guerra entre os sprinters e quem não tem sprinters. Parece-nos que este ano existe uma grande vantagem e um grande poderio das equipas dos sprinters. Em primeiro lugar temos a Lotto-Soudal de Caleb Ewan, desesperada por pontos para o UCI World Ranking, não têm outra grande alternativa e o australiano é excelente em colinas. A Quick-Step saiu ferida de hoje e com a noção de que Fabio Jakobsen, em grande forma, é a sua melhor carta. Para além destas 2 equipas há ainda a Intermarche Wanty de Alexander Kristoff, a Alpecin-Fenix de Tim Merlier e a Israel-Premier Tech de Giacomo Nizzolo, nenhuma destas formações tem uma grande alternativa interna para um grupo de 5/10 elementos e que dê garantias ao sprint.
Por outro lado as mais interessadas em animar a corrida serão a Ag2r de Avermaet e Naesen e a Ineos de Pidcock e Narvaez, às quais se pode juntar a Groupama-FDJ para preparar o terreno para Stefan Kung e a Bahrain-Victorious e a Trek-Segafredo, na tentativa de deixarem sprinters para trás, beneficiado Colbrelli e Stuyven, respectivamente. A atitude da Jumbo-Visma pode decidir o desenrolar a corrida, têm um colectivo muito forte, sem Wout van Aert, mas com o regresso de Christophe Laporte, que também precisa de um grupo mais reduzido, já que não tem a velocidade dos puros sprinters.
Favoritos
A Lotto-Soudal está a ser o mais pragmática possível com as armas que tem e até poupou Caleb Ewan para esta corrida nos últimos dias. O australiano está a passar colinas muito, muito bem e sabe colocar-se, o problema é que não terá ao seu lado Florian Vermeesch e Victor Campenaerts, veremos se este não será um erro craso da formação belga.
Fabio Jakobsen já esteve bastante próximo do triunfo nesta corrida, o percurso é no limite da dureza para o poderoso sprinter holandês. Quando ferem a matilha da Quick-Step, geralmente a resposta é bastante positiva, sendo notório que algumas das armas da formação de Patrick Lefevere ainda não estão a 100% e que Jakobsen está em grande forma, a aposta deve passar por infiltrar ciclistas disruptivos nos ataques que apareçam.
Outsiders
A Jumbo-Visma foi impressionante hoje, mesmo sendo a estreia de alguns corredores competitivamente em 2022 e consideramos que Christophe Laporte é um perigo muito sério num grupo de 20/30 ciclistas. A equipa holandesa, com Teunissen, Benoot e van der Sande tem capacidade para armadilhar a corrida e fazer a diferença,
Olhando para o histórico nesta prova, aquele que tem o melhor é Jasper Stuyven, vencedor em 2015, 2º em 2016 e 5º em 2020, são números impressionante para o ciclista da Trek-Segafredo que em 2021 se entregou de corpo e alma ao triunfo de Mads Pedersen. Desta vez é ele o líder, mas é daqueles ciclistas que precisa de uma corrida atacada de longe e que não haja a presença de puros sprinters no final.
Nesse cenário um nome muito forte e que hoje mostrou já estar em boa forma é o de Sonny Colbrelli. O italiano foi capaz de acompanhar praticamente todas as ofensivas e foi aqui 3º em 2018, 7º em 2020 e 6º em 2021, para além de que ganhou o sprint no grupo perseguidor hoje. Precisa que Haussler, Wright e Sutterlin esvaziem o tanque e que Mohoric o proteja na parte final.
Possíveis surpresas
A Quick-Step já ganhou aqui 2 vezes com ataques a solo de bons contra-relogistas, os únicos que estamos a ver com alguma capacidade para tal são Yves Lampaert e Florian Senechal, sendo que noutras formações é preciso não descartar neste cenário Tiesj Benoot, Greg van Avermaet e Stefan Kung. Há alguns bons sprinters aqui presentes e que é preciso mencionar, os casos de Tim Merlier (nunca se deu muito bem nestas provas), de Alexander Kristoff (costuma estar na discussão destas corridas), de Giacomo Nizzolo e Bryan Coquard. No entanto, estes 4 nomes não deverão aguentar uma corrida muito dura e no caso de Jakobsen e Ewan estarem presentes, têm uma ponta de velocidade inferior. A Intermarche Wanty tem uma boa alternativa num grupo reduzido que é Andrea Pasqualon, enquanto a Ineos-Grenadiers tem de tentar ver a melhor forma de jogar as suas cartas Jhonatan Narvaez e Thomas Pidcock, que deverão estar em ataque. Na Bora-Hansgrohe Nils Politt vai tentar seguir os melhores, enquanto Jordi Meeus fica na retaguarda para o sprint, enquanto será importante ver sinais positivos da parte de Peter Sagan, já não falta assim tanto para os grandes objectivos. Na mesma equipa Anthony Turgis caiu e veremos se sequer vai partir amanhã. A UAE Team Emirates, com a ausência de Fernando Gaviria, é outra das formações que vai ter de mexer na corrida para beneficiar Alessandro Covi e Matteo Trentin.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Amaury Capiot e Oliver Naesen