As clássicas das Ardenas mudam-se para Bélgica, sendo a hora dos reais especialistas em subidas curtas e inclinadas ocuparem os primeiros lugares, com o famoso Mur de Huy a ser o palco de todas as decisões.
Percurso
Das três clássicas das Ardenas, a La Fleche Wallone é, claramente, a mais simples no entanto de ano para ano tem vindo a ter um percurso cada vez mais duro. Este ano, a partida será dada em Hevre para 193,5 quilómetros depois terminar no Mur de Huy. O início é feito em sobe e desce constante com a primeira colina a aparecer ao quilómetro 29,5, o Côte de Trasenter (3,4 kms a 5,1%). Segue-se o Côte des Forges (1,3 kms a 7,3%) antes de alguns pequenos topos, com os ciclistas a continuar em direção a Huy, entrando no circuito final quando estiverem percorridos 100 quilómetros.
Falando do circuito, este é constituído por 3 subidas: Cote d’Ereffe, Cote de Cherave e Mur de Huy. Analisando o circuito, este tem 31 kms e um total de 3 colinas, começando com o Cote d’Ereffe (2100 metros a 5,4%), seguindo-se o Cote de Cherave (1300 metros a 7,5%), para depois se dirigirem para Mur de Huy.
Na derradeira volta, o Cote d’Ereffe fica a 18,5 kms da meta e o Cote de Cherave a apenas 5 kms do final, que deverá ser palco de muitos ataques. À entrada do Mur de Huy a luta por posicionamento será intensa, a subida tem apenas 1300 metros mas 9,3% de inclinação média. É no miolo que se decide tudo, com o final a ser num falso plano.
Táticas
Dificilmente um ataque de longe irá vingar nesta prova. É preciso recuar muitos e muitos anos para vermos algo parecido e amanhã voltamos a acreditar no cenário tradicional. Os ataques na última volta irão acontecer mas tudo se vai decidir nas rampas do Mur de Huy. Todos sabem que Tadej Pogacar é o alvo a abater, só que desta vez não vemos o esloveno a atacar de longe, mas sim a guardar-se para o final.
Os segundos planos até se podem movimentar de longe, só que a UAE Team Emirates tem um bloco forte, principalmente George Bennett, Felix Grosschartner, Marc Hirschi e Diego Ulissi, deverão ser capazes de manter a corrida controlada e levar o seu líder bem colocado até ao sopé da subida final. Aí, como sempre, o posicionamento será fundamental, é preciso estar na frente para discutir a corrida.
Favoritos
Será alguém capaz de bater Tadej Pogacar? Esta é a questão fundamental de amanhã, o esloveno está a um nível estratosférico, ninguém se consegue aproximar de si, arranca onde quer, quando quer e faz as diferenças que quer. Das 3 clássicas das Ardenas esta é a “menos” favorável só que estamos a falar de Pogacar e para Pogacar nada é desfavorável. Só uma má colocação o pode impedir de um grande resultado pois se parte da frente, dificilmente será batido.
Tom Pidcock é uma verdadeira caixinha de surpresas! Na Amstel Gold Race voltou a estar bem até um certo momento mas depois quebrou nitidamente, aguentando, por pouco, o pódio. Um denominador comum é a longa distância das provas e, amanhã, a clássica é mais curta, o que favorece o britânico. Muito explosivo, Pidcock deverá entrar bem colocado, contando com a experiência de Omar Fraile e Michal Kwiatkowski, “só” faltará fazer o resto do trabalho, uma tarefa só por si complicada.
Outsiders
Desde o final da temporada passada que Enric Mas se tem tornado um corredor cada vez mais explosivo, deixando de ser apenas um puro trepador. É certo que não tem a explosão dos nomes já referidos, mas também já avisamos que a colocação será fundamental. Basta isto falhar e Mas estar perfeito que estão reuniadas as condições ideais para o espanhol voltar a colocar a Movistar no lugar mais alto do pódio da Fleche Wallonne.
Por falar em posicionamento … Michael Woods já deve ter tido pesadelos com este final, entra sempre mal colocado e mesmo assim já conseguiu ser 3º, 4º e 6º. Vem de uma boa Volta à Catalunha, os indicadores positivos estão lá e o canadiano sabe que esta é a melhor oportunidade que tem durante a semana para vencer.
Sergio Higuita é mais um que adora finais inclinados. O pequeno colombiano está a fazer um bom mês de Abril (2º no GP Miguel Indurain e 6º na Volta ao País Basco), que lhe dará muita confiança para a prova de amanhã. A colocação costuma ser o seu ponto fraco, veremos se a dupla com Jai Hindley irá funcionar na perfeição, pode ser meio caminho para um bom resultado.
Possíveis surpresas
A Trek-Segafredo têm em Mattias Skjelmose e Giulio Ciccone duas excelentes apostas para este final, dois corredores explosivos, que estão em boa forma e que podem surpreender. Longe de serem favoritos, o dinamarquês e o italiano já mostraram que conseguem estar entre os melhores, num dia perfeito podem surpreender. Victor Lafay pode, muito bem, ser a grande surpresa de amanhã, um ciclista pouco marcado e relativamente explosivo. Para os mais atentos já não será surpresa, o ciclista francês tem evoluído bastante e no calendário interno tem estado entre os melhores, ainda na sexta-feira ganhou o Tour du Doubs. Valentin Madouas e David Gaudu passaram ao lado da Amstel Gold Race, será que a certo ponto já se começaram a guardar para amanhã? É uma boa hipótese, ambos têm historial aqui e vêm em boa forma. A Groupama-FDJ está precisar de uma grande resultado, os seus líderes precisam de aparecer. Mikel Landa surpreendeu no País Basco, num final parecido com este, veremos como estará a forma do ciclista da Bahrain-Victorious, que não nos admiravámos se atacasse de longe. Jai Hindley, Maxim van Gils, Andrea Bagioli e Ilan van Wilder são alternativas para o top-10.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Ion Izagirre e Atilla Valter.