Aí está a segunda prova desta semana das Ardenas! A La Flèche Wallonne promete um final emocionante no habitual Mur de Huy e candidatos não faltam.

 

Percurso

Os ciclistas vão ter a oportunidade de reconhecer o final e de testar sensações, a organização decidiu colocar um circuito que engloba 4 passagens pelo Cote d’Ereffe (2,2 kms a 5,4%) e 4 passagens pelo Mur de Huy (1,3 kms a 9,6%), sendo que em Huy os últimos 800 metros são a mais de 12%, uma autêntica parede. Já nos últimos anos a parte final desta clássica tinha sido em circuito, mas com o Cote de Cherave a tornar tudo mais duro, este ano a Fleche Wallonne é claramente mais acessível.

 

Tácticas

Esta é uma das corridas mais peculiares do ano, uma espécie de Milano-Sanremo só que em vez do Poggio e da Via Roma temos a emoção toda guardada para a duríssima subida do Mur de Huy. Esta prova tem algo também de incrível, há sempre alguma expectativa que se faça diferenças antes da última colina, no entanto como os fugitivos precisam de 30 ou 40 segundos para serem bem sucedidos e há uma grande luta pelo posicionamento, isso nunca se materializa. Acho que o cenário se vai repetir, não há um claro favorito, então várias equipas pensam poder triunfar, por isso deve haver algumas forças de perseguição. Para encontrarmos os maiores favoritos temos de fazer um cruzamento entre o histórico nesta corrida, as características dos ciclistas e o momento de forma.



Favoritos

Mattias Skjelmose – O foco em Mathieu van der Poel e o facto de ter Bauke Mollema da frente não deixou ver a real condição física do dinamarquês que, entre os ciclistas que andam a disputar provas de 1 semana, é dos mais explosivos e por isso tem legítimas ambições aqui. Ainda para mais foi 2º classificado em 2023, só atrás de Tadej Pogacar.

Thomas Pidcock – Será que o britânico finalmente encontrou a consistência ao mais alto nível que lhe faltou nos últimos anos? É que tendo em conta a falta de puncheurs de nível superlativo ele tem uma oportunidade de ouro para se afirmar nesse nicho e as características para tal. No papel ,acho que esta subida é incrível para ele, por isso estranhei ele em 2023 ter feito 3º na Amstel Gold Race, 2º na Liege-Bastogne-Liege e … 18º na Fleche Wallonne, principalmente porque em 2021, na estreia, fez 6º.

 

Outsiders

Maxim van Gils – Tem um potencial tremendo para estas corridas, quando no ano passado fez 8º na sua estreia fiquei logo com o belga na retina e quando começou 2024 da melhor maneira ia sempre entrar aqui nas primeiras categorias. Resta saber se a Lotto-Dstny o consegue proteger na melhor maneira. Nota-se que tem já a responsabilidade de liderança, na Amstel Gold Race não arriscou nada.

Marc Hirschi – Na lista de partida só estão 2 antigos vencedores desta prova e Marc Hirschi é um deles. Curiosamente ganhou em 2020, na sua estreia, quando fez uma campanha de clássicas inacreditável, e depois nunca mais fez top 10. Espera mudar essa estatística este ano e creio que vai ter a protecção da UAE, se isso é sequer possível. McNulty, João Almeida e Juan Ayuso estão muito longe da sua explosão e o pódio na Amstel Gold Race deu-lhe certamente confiança.



Dylan Teuns – É dos ciclistas aqui presentes com melhor registo na Fleche Wallonne, 1º em 2022 ao bater Valverde, 3º em 2017, apenas batido por Valverde e Dan Martin. A Israel tem conseguido maximizar os resultados em 2024 e parece estar a andar bem, Teuns fez um excelente Tour des Flandres, foi 2º na Brabantse Pilj e foi daqueles que ficou com Mathieu van der Poel na Amstel Gold Race, será que ainda tem explosão para sair vitorioso?

 

Possíveis surpresas

Michael Matthews – Quem olhe à primeira vista pensa imediatamente que é demasiado duro para ele, mas Matthews é hoje em dia um ciclista que sobe muito bem estas subidas. O senhor consistência foi 5º em 2018 e 8º em 2019 e parece-me que está a andar a um nível semelhante a essas épocas. Se a corrida for relativamente lenta tem potencial para fazer um pódio.

Benoit Cosnefroy – Uma caixinha de surpresas este francês, não esteve ao nível que esperava na Amstel e foi demasiado conservador. Em 2020 foi um surpreendente 2º classificado aqui e nos anos seguintes nunca conseguiu confirmar este resultado. É daqueles que não seria totalmente surpreendente se ganhasse, mas também não seria uma surpresa vê-lo fora do top 10.

Tiesj Benoot – Está em subida de forma desde Março, e prova disso é o pódio na Amstel Gold Race. Sempre achei Benoot um bocadinho pesado demais para esta corrida, ainda assim já fez 7º em 2023 e 11º em 2022 e desta vez deverá ter mais protecção da Visma.

Aleksandr Vlasov – Começou muito bem a época, quase a querer mostrar à equipa que Roglic não era o único líder ali e estas corridas são muito boas para o russo, que até tem alguma explosão. Fez esta corrida por 1 ocasião, em 2022, e foi 3º.

Santiago Buitrago – Foi daqueles nomes que ainda ponderei colocar na categoria acima. Começou o ano a andar muito bem, o que fez no Paris-Nice não é para todos e parece-me que tem tudo o que é preciso para andar bem aqui, um trepador pequeno, leve, explosivo. É preciso lembrar que em 2023 faz 3º na Liege-Bastogne-Liege, não veio aqui correr porque estava no Tour of the Alps.



Bauke Mollema – Obteve o melhor resultado dos últimos meses agora na Amstel Gold Race, está a andar bem. Não acho que seja o líder da equipa, mas tem muita experiência nesta corrida e é preciso lembrar que já esteve por 5 vezes no top 10.

Quinten Hermans – Sem Mathieu van der Poel aqui presente a Alpecin deverá trabalhar para ele, é o segundo melhor ciclista da equipas nas clássicas e já fechou por 2 vezes no top 20.

David Gaudu – Se estivesse a 100% era um sério candidato ao pódio pelas suas características, mas julgo que ainda não está nessa condição física não obstante a recente vitória numa corrida francesa.

Roger Adriá – Tenho um feeling que pode surpreender e fazer top 5, a sua evolução depois de sair da Kern Pharma é notória. Esteve em destaque na Amstel Gold Race e atenção que no ano passado faz 12º aqui.

Ilan van Wilder – É a opção mais conservadora dentro da Soudal Quick-Step, o que neste tipo de corridas dá bom resultado. Vansevenant deve atacar de mais longe. Van Wilder é um ciclista pequeno e já deu bons sinais em sprints em subida.

Romain Gregoire – É uma incógnita saber como se vai adaptar a uma subida destas. Já mostrou ser explosivo no terreno plano, ainda agora esteve entre os melhores no grupo perseguidor da Amstel Gold Race, mas ter capacidade explosiva quando as rampas passam os 10% é outra coisa.

Stephen Williams – Creio que o líder da Israel para esta corrida será claramente Dylan Teuns, no entanto não se pode descartar um ciclista que já mostrou ser muito explosivo, que ganhou de forma surpreendente o Tour Down Under e que é capaz de aparecer nos momentos mais inesperados.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são Kevin Vauquelin e Samuele Battistella.

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