Está aí o primeiro Monumento da temporada! “La Primavera” marca o início de uma das fases mais preenchidas da temporada, onde se espera muita emoção e espectáculo.

 

Percurso

Uma longa maratona, quase 300 kms, 291 kms para ser mais preciso, com início em Milão e final em Sanremo, já bem perto de Nice e da fronteira com França. O traçado é o tradicional, esta é a vertente mais acessível, sem a subida de Le Manie no meio.




A primeira dificuldade é o Passo del Turchino, com 2500 metros a 5,6%, sensivelmente a meio da jornada, mas é a partir dos 230 kms que as coisas complicam, com a entrada nos Capos. Ao km 239,2 o Capo Mele (2 kms a 3,7), ao km 243,8 o Capo Cervo (1,2 kms a 3,7%) e o mais complicado surge ao km 252,3, o Capo Berta tem 1700 metros a 7% de inclinação média.

Depois vem outra fase da corrida, a entrada na Cipressa, que é praticamente a derradeira oportunidade de deixar sprinters para trás, principalmente devido ao comprimento da subida, com 5600 metros, já que a inclinação média é somente de 4,1%. Por fim temos o Poggio, 3600 metros a 3,7% apenas a 5,5 kms da meta, parece fácil mas depois de 285,5 kms qualquer inclinação na estrada custa. Segue-se uma descida rápida e técnica, onde também se podem fazer diferença, antes da sempre dramática recta final.

 

Tácticas

Não há grandes vertentes tácticas aqui, as equipas com sprinters puros que consigam sobreviver à Cipressa e ao Poggio vão tentar manter a corrida junta e ter ciclistas para perseguir, as restantes irão atacar a corrida, tentando um grupo o mais reduzido possível na meta. As equipas que só têm ciclistas para atacar de longe podem juntar-se no endurecimento àquelas formações que têm sprinters que precisam de uma corrida dura. Amanhã vai estar bom tempo e vento de frente em parte do percurso, bom para os sprinters.




Vamos dividir as equipas em 4 categorias, mencionando aquelas que nos parecem que podem ter um efeito relevante e directo na corrida.

Equipas que apostam tudo no sprint puro: Cofidis, Groupama-FDJ, Lotto-Soudal

Equipas que apostam tudo num ataque: Ag2r, CCC Team, Movistar, Team Sky

Equipas com sprinters que passam bem as subidas: Astana, Bora-Hansgrohe, Mitchelton-Scott, Trek-Segafredo

Equipas com várias opções: Bahrain-Merida, Deceuninck-Quick-Step, EF Education First, Israel Cycling Academy, Dimension Data, Jumbo-Visma, Katusha-Alpecin, Team Sunweb, UAE Emirates

As próprias equipas chegam aqui bem precavidas e muitas delas repletas de opções para todos os cenários. Tendo em conta as equipas mais em forma podemos ter aqui um jogo interessante. Sagan, Cort, Trentin, Alaphilippe e Kwiatkowski querem uma corrida atacada. Viviani, Ewan, Gaviria e Demare querem uma corrida mais lenta, só para dar mais alguns exemplos.

 

Favoritos

No ano passado tivemos uma vitória romântica de Vincenzo Nibali, portanto porque não mais uma em 2019? Elia Viviani a ganhar com a camisola de campeão italiano, parece plausível. Mas há prós e contras, vamos a eles. Viviani está em grande forma como se viu no Tirreno-Adriatico, tal como a Quick-Step. No ano passado passou bem as subidas, bem como no campeonato italiano, já provou que pode estar na frente. Agora, tem de melhorar o aspecto da colocação, Viviani ainda perde a roda do seu lançador com muita facilidade e o lançamento deste sprint costuma ser muito confuso. Há a sensação que não tem tanta capacidade de explosão depois de longas distâncias, mas na Gent-Wevelgem, com mais de 250 kms, já foi 2º.




Este é o terreno de Michal Kwiatkowski, não são as Grandes Voltas, não é a alta montanha, não são as subidas com mais de 20 minutos. Foi neste terreno que o polaco se sagrou campeão mundial e que ganhou a Milano-SanRemo em 2017, na altura batendo Sagan num sprint a 3. Kwiatkowski tem uma ponta final subvalorizada e é realisticamente a única opção da Sky, com uma equipa de luxo atrás. Está em grande forma, o que fez no Paris-Nice foi impressionante, até a performance no Col de Turini, que lhe permitiu terminar no pódio.

 

Outsiders

Tic-toc, tic-toc. Peter Sagan tem 29 anos e ainda não ganhou este Monumento, que parecia destinado às suas características, será esta a vez do eslovaco. Sagan é talvez o único capaz de bater Viviani/Ewan/Gaviria num sprint massivo e ao mesmo tempo é capaz de seguir os ataques no Poggio. Tendo em conta que tem Sam Bennett na equipa o mais provável é Sagan jogar na estratégia de 2017, o ataque, já que se sente confiante versus Trentin ou Colbrelli, por exemplo. A preparação podia ter corrido bem melhor, esteve doente 5 dias, sem treinar antes do Tirreno-Adriatico, mas foi melhorando ao longo da prova e deve chegar em boa forma a Sábado.

Enquanto Vincenzo Nibali festejava em efusivamente em 2018, em segundo plano aparecia um fulgurante Caleb Ewan, a ganhar o sprint pelo 2º posto de forma até confortável, na altura ainda pela Mitchelton-Scott. Entretanto Ewan mudou-se para a Lotto-Soudal e aparece aqui como a grande aposta da equipa, o “Pocket Rocket” tem trabalhado nas subidas curtas e ganhou de forma impressionante em Hatta Dam. É um dos grandes objectivos do ano para ele, e a Lotto-Soudal deu uma nova confiança a Ewan.




A Ag2r La Mondiale vai ter de arriscar tudo de longe, Venturini ainda não tem o nível suficiente para rivalizar de igual para igual com os melhores sprinters do Mundo. O que Oliver Naesen fez no Paris-Nice foi deveras impressionante, um ciclista de clássicas a finalizar 13º à geral enquanto trabalhou para Bardet. Apostamos numa aceleração de Bardet no Poggio e num ataque de Naesen na descida. Um dado curioso, Naesen tem 4 vitórias na carreira, 2 delas no World Tour e 3 delas em provas acima dos 230 quilómetros…

 

Possíveis surpresas

Sam Bennett é um grande nome a ter em conta, o irlandês tem um ponto a provar, quer ir ao Giro e uma boa prestação aqui será chave. A confiança está em alta e mesmo que esteja no mesmo grupo que Sagan deverá sprintar, tal como a Bora-Hansgrohe já fez este ano. Há alguns ciclistas cuja vitória é muito, muito complicada, mas são nomes seguros para o top 10. Falamos de Arnaud Demare, que é tremendamente consistente e do duo italiano composto por Sonny Colbrelli e Matteo Trentin, mas muito cuidado com Trentin, que está autenticamente a voar. Não acreditamos que Dylan Groenewegen passe as dificuldades com os melhores, já mostrou debilidades na montanha, e Fernando Gaviria também não parece na melhor forma, a UAE Team Emirates tem a alternativa de Alexander Kristoff, caso Gaviria não esteja lá no final. Alejandro Valverde regressa à Milano-SanRemo, onde não vem desde 2016, o mais provável é vermos o espanhol ao ataque na companhia de Greg van Avermaet e Julian Alaphilippe (o francês está cheio de confiança depois do Tirreno-Adriatico e é a 2ª opção da Quick-Step, caso um grupo restrito vá embora no Poggio), por exemplo, ciclistas que querem uma corrida selectiva. Michael Matthews quase não competiu e é uma grande incógnita. Tom Dumoulin e Vincenzo Nibali têm muita classe e podem perfeitamente tirar um coelho da cartola, tal como fez Nibali em 2018. Em relação aos restantes sprinters, olho em Giacomo Nizzolo, John Degenkolb e Magnus Cort.



Super-Jokers

Os nossos super-jokers são Matej Mohoric e Alberto Bettiol.

 

Tips do dia

Fernando Gaviria fora do top 10 -> odd 2,22 (Stake 1)

Matteo Trentin no top 10 -> odd 1,91 (Stake 1)

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