Aí está a primeira grande clássica belga, a Omloop het Nieuwsblad! Com uma equipa fortíssima, a Visma-Lease a Bike vai tentar fazer o “hat trick” num percurso que já é sobejamente conhecido.

 

Percurso

O percurso da clássica belga mantém-se fiel à sua base, a corrida terá 13 subidas e 12 setores de empedrado, por isso é de esperar uma prova bastante atacada e semelhante a edições anteriores.

Com cerca de 202 quilómetros, é de esperar que a corrida possa ter alguma movimentação a 100 quilómetros do fim, com o Katteberg (900 metros a 5,7%). Seguem-se 3 setores de empedrado, com o Leberg (900 metros a 4,1%) pelo meio, antes de Hostellerle e Valkenburg, novos setores de empedrado para terminar a primeira sequência mais complicada.



O setor de Holleveg antecede o Wolvenberg (600 metros a 7%), a cerca de 54 kms da meta. Depois dois setores de empedrado (Kerkgate e Jagerij), surgem 4 colinas em apenas 12 quilómetros: Molenberg (500 metros a 6,6%), Leberg (1000 metros a 3,9%), Berendries (900 metros a 6,8%) e Vossenhol-Elverenberg (1400 metros a 3,6%).

Para finalizar as dificuldades do percurso temos o mítico Kapelmuur (1200 metros a 7,2%) e o Bosberg (800 metros a 6,5%), que fica a 12 kms da meta. Um factor que pode ser importante e até mesmo decisivo é o espaço entre a 2ª e 3ª sequência, feita maioritariamente em estradas estreitas e sinuosas, o que pode dificultar perseguições organizadas.

 

Clima

Vai ser um dia algo agreste na Bélgica, nada que surpreenda nesta altura do ano. Temperaturas a rondar os 8 graus, pouco sol, algum vento (20 km/h com rajadas de 40 km/h) e a possibilidade de aguaceiros especialmente a meio da tarde.

 

Tácticas

Olhando para o passado desta prova, esta é uma corrida que até agrada minimamente aos sprinters, uma primeira parte sem dificuldades e algum espaço de recuperação até à meta leva a que esta seja discutida ao sprint ou que até haja um grupo relativamente grande (20 unidades) a disputar lugares honrosos. A Visma venceu as últimas 2 edições com Wout van Aert e Dylan van Baarle e chega com grande responsabilidade pelo bloco super potente que trás, diria que 80% dos ciclistas podem vencer a corrida e seriam líderes noutras formações. Eu acho que pela condição física neste momento os mais expostos serão Affini, Jorgenson e Benoot, nestas corridas alguns têm de se sacrificar. Curiosamente, apesar de ter Laporte e van Aert, a equipa não quer uma chegada ao sprint, tem de tentar partir os blocos dos rivais ao máximo.



Isto porque ciclistas como Jasper Philipsen, Arnaud de Lie ou Biniam Girmay estão de olho num sprint e para quê esperar pelo risco quando a formação holandesa pode tentar resolver tudo mais cedo? Primeiro tem de colocar um ritmo alto e começar a provocar cortes, isto para começar a partir os blocos da Alpecin e da Lotto, principalmente. Depois é tentar que alguém se isole ou criar um risco onde tenha superioridade numérica para atacar à vez. Poderá encontrar alguns aliados nesta luta, a Soudal e a Bahrain não têm um grande sprinter e mesmo a EF Pro Cycling pode tentar juntar-se à festa.

 

Favoritos

Jan Tratnik – É dos ciclistas que chega aqui em melhor condição física, o pódio obtido na Volta ao Algarve diz isso mesmo, é a primeira vez que me lembro de ver Tratnik assim num início de época. Já mostrou que anda bem neste tipo de provas e quanto mais duro melhor para ele, não tem problemas em atacar e ir em solitário, creio que vai ser um ciclista protegido dentro da Visma até porque é uma equipa que gosta de dar estas oportunidades aos seus gregários.

Arnaud de Lie – Perigoso em todos os cenários, é uma verdadeira besta, no bom sentido, em cima da bicicleta. É verdade que o início de temporada já foi melhor, mas foi 2º no ano passado na sua estreia e aqui é o seu terreno predilecto. Tem a vantagem de ser o único líder dentro da Lotto-Dsnty, na minha opinião, a única cartada que têm para lutar pelo pódio.

Outsiders

Christophe Laporte – Se Wout van Aert e Dylan van Baarle venceram nas respectivas estreias, Laporte também o pode fazer para completar o hat-trick para a Visma. O francês por vezes é “usado” para marcar rivais num grupo perseguidor, não trabalha, vai a poupar esforços e a descoordenar a perseguição com a noção de que num sprint reduzido neste cenário é até bastante favorito, veremos se é essa a estratégia amanhã. Poderia ter obtido resultados melhores em certas clássicas com uma pontinha de sorte.



Jasper Philipsen – Secundado por uma equipa até bastante forte para este terreno, o melhor sprinter de 2023 faz a sua estreia em 2024 depois de um merecido descanso. A Visma nos últimos 2 anos desmistificou um pouco a questão de ter ritmo para ganhar esta corrida, tanto em 2022 como em 2023 estavam a estrear-se na respectiva temporada, o mesmo de Philipsen, que tem a noção de que esta liderança neste tipo de provas caberá a Mathieu van der Poel num futuro próximo.

Thomas Pidcock – Não esteve nada mal na Volta ao Algarve, em 2023 com a mesma preparação fez 5º nesta corrida e até gostei mais dele este ano em estradas algarvias do que no ano passado. Sem Ganna e sem Narvaez vai estar mais protegido, o problema vai ser a inferioridade numérica face aos Visma.

Possíveis surpresas

Wout van Aert – Creio que ainda está um pouco longe da melhor forma, para uma temporada como a que está a planear fazer não pode estar a top agora, só daqui a cerca de 1 mês e isso viu-se na Volta ao Algarve. Por isso mesmo pode ser um pouco mais conservador na abordagem.

Dylan van Baarle – Nesta altura do campeonato já todos conhecem o seu “modus operandi”, não que seja por isso mais fácil de parar, mas é mais fácil de o marcar. Tem a desvantagem de não ser um incrível finalizador, tem de chegar a solo para triunfar quase obrigatoriamente com este pelotão. Seria daqueles que beneficiaria com chuva.

Matej Mohoric – Começou bem a época e sente-se que é um perigo cada vez maior nestas corridas. O esloveno gosta de mexer na corrida de longe e está sempre bem colocado, só que por vezes fica em situações complicadas de inferioridade numérica e tem de se contentar com um lugar mais secundário.

Tim Wellens – Outro corredor que deu boas indicações nas corridas espanholas, tendo sido prejudicado pelo que aconteceu na Andaluzia. Tem a oportunidade de liderar uma estrutura como a UAE Team Emirates numa corrida desta dimensão e habitualmente anda melhor agora do que em Abril.

Matteo Trentin – Contratado para liderar e somar muitos pontos precisamente neste tipo de provas, a Tudor tem uma escolha a fazer, ou coloca Trentin ao ataque para tentar o pódio, ou opta por uma estratégia mais conservadora para garantir bons pontos para o UCI World Ranking.



Jasper Stuyven – Quer deixar para trás a má campanha de clássicas que realizou em 2023 e este ano também por si decidiu aquecer os motores na Volta ao Algarve, veremos se isso compensa para um ciclista que tem de aproveitar a ausência de Mads Pedersen.

Oier Lazkano – Tem um motor incrível e acho que tem um perfil muito bom para este tipo de corridas, um pouco como Matej Mohoric. Lazkano não pode esperar pelos últimos quilómetros, um pódio já seria extraordinário e os potenciais rivais também sabem disso.

Axel Zingle – Alguém que tem evoluído a olhos vistos nas últimas temporadas e que supostamente estará a chegar perto do seu melhor nível. Exímio em pequenas subidas, tem uma boa equipa com ele e fez um bom Tour de la Provence, pode ser uma surpresa no top 5, é explosivo.

Alberto Bettiol – Vencedor do Tour des Flandres em 2019, há algum tempo que não o vemos com o mesmo destaque nestas corridas, é alguém que de vez em quando aparece em grande nível numa prova inesperada, como o caso dos Mundiais.

Rasmus Tiller – A Uno-x chega aqui com legítimas ambições a um bom resultado, Kristoff já não consegue acompanhar os melhores tantas vezes, está menos explosivo, e com Waerenksjold ainda a ganhar experiência, acho que a responsabilidade vai recair no regular Rasmus Tiller.

Stefan Kung – Frio e condições adversas são músicas para os ouvidos do combativo suíço que de ano para ano tem estado cada vez melhor nas clássicas, outro que aqueceu os motores no Algarve e que vai ter de tentar algo de longe.

Kasper Asgreen – Antigamente havia sempre um elemento da actual Soudal na categoria superior, hoje em dia Asgreen continua a ser uma das maiores esperanças da equipa para um bom resultado, é preciso não esquecer que ao seu melhor nível é vencedor de Monumentos e etapas no Tour. Alaphilippe está moralmente muito abatido depois da polémica com Lefevere e Lampaert prefere clássicas mais acessíveis nesta fase da carreira.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Soren Waerenksjold e Amaury Capiot.



By admin