Têm início em Mogadouro amanhã os Campeonatos Nacionais de estrada, com as provas de contra-relógio. Os elites e sub-23 masculinos e as elites, sub-23 e masters femininas vão disputar as camisolas distintivas num percurso rolante com algumas colinas, mas sem grandes subidas.

 

Percurso

O traçado baseia-se num percurso de ida e volta para todas o escalões, serão 33600 metros para elites masculinos e 21500 metros para as restantes categorias. Para a prova de elites masculinos serão cerca de 300 metros de acumulado e não há grandes subidas pelo meio, é um carrossel de pequenas colinas que terá de ser ultrapassado para conquistar o título.

 

Favoritos

Rafael Reis venceu com alguma clareza no ano passado face aos ciclistas do World Tour e tem tudo para repetir o feito amanhã. Tem competido bastante nas últimas semanas e está claramente em boa forma, sendo este um dos grandes objectivos do ano como puro contra-relogista que é, venceu o G.P. Abimota há cerca de 2 semanas e a Glassdrive/Q8/Anicolor também quer muito revalidar o título de campeão nacional.




João Almeida tem sido presença constante nesta competição, aproveita para competir em Portugal sempre que pode, apesar de nem sempre estar a 100%. Acredito que será competitivo, mas que depois do Giro e consequente descanso poderá acusar alguma falta de competição, o que num esforço de 40 minutos o pode prejudicar. Ainda assim, venceu em 2021 por quase 1 minuto, tem feito muito trabalho em conjunto com a equipa nesta disciplina.

Outsiders

Ivo Oliveira é o terceiro grande candidato ao pódio, seria um surpresa aliás se o pódio não for constituído por estes 3 nomes, resta saber a ordem. Campeão em 2020, na altura foi algo surpreendente, não alinhou em 2021 e no ano passado foi o único a ficar a menos de meio minuto de Rafael Reis. Vem com ritmo do Dauphine e moralizado pelo triunfo no prólogo e consequente 4º posto na geral da Boucles de la Mayenne, tem tudo para se aproximar mais da vitória nesta corrida.

Joaquim Silva não é um especialista, longe disso, mas é alguém que com o tempo tem melhorado nesta disciplina e o traçado ondulado (que impede uma média superior a 50 km/h) permite-lhe defender muito mais do que num percurso plano. Foi 6º no ano passado e tem feito uma temporada bastante boa, foi recentemente 3º no G.P. Douro Internacional.

Miguel Salgueiro também não é propriamente um contra-relogista, mas é alguém muito completo e muito explosivo nestas pequenas colinas que o traçado tem, daí o bom resultado de 2022, que creio ter tudo para repetir. Apesar de não ter feito preparação específica é alguém bom em corridas de 1 dia e que tem evoluído paulatinamente.



Sub-23 masculinos

Este ano nesta categoria assistimos a uma curiosa batalha entre os ciclistas de equipas Continentais a correr em Portugal e a correr fora de Portugal. Do estrangeiro vem a armada de Axeon constituída por António Morgado (campeão de juniores em 2022 e que vem de um Baby Giro complicado com problemas físicos) e Gonçalo Tavares (vice campeão entre os juniores em 2022), creio que vai ser uma batalha bem mais equilibrada do que muitos estão à espera. A juntar a eles ainda há Daniel Lima, da equipa Continental da Israel, um corredor explosivo em colinas e que até tem aqui um traçado bom para as suas qualidades. Atenção também a Lucas Lopes, que pode muito bem melhorar o 6º posto conquistado no ano passado.

Nas equipas nacionais há ambições legítimas para Pedro Silva (3º em 2022) e que muito tem ajudado a Glassdrive nas provas internas e para Duarte Domingues, que teve um Junho de sonho, com o 4º lugar na Volta a Portugal do Futuro e o top 15 na Course de la Paix. Por falar na corrida checa, que enorme exibição fez Afonso Eulálio, outro forte candidato ao pódio. Diogo Narciso é outro nome a ter em conta, evoluiu esta época, vem da pista e é alguém que em juniores chegou a fazer 4º. Olho ainda em José Bicho, 6º nos juniores em 2022.

Elites femininas

14 inscritas nas elites e 9 inscritas nas sub-23 com a curiosidade de muitas das corredoras que correm em equipas estrangeiras se terem inscrito como sub-23 precisamente por serem muito novas. Caso se confirme isto implica que não poderão ser campeãs nacionais de elites, uma realidade que se verificou nos últimos dias em outros países. No Luxemburgo Christine Majerus foi a campeã nacional apesar de Nina Berton ter sido mais rápida no mesmo percurso visto que estava inscrita como sub-23. Vamos assumir que para a corrida de amanhã será desta forma, algo que não aconteceu em 2022, todas as ciclistas apareceram na lista de participantes como elites femininas.




Apesar de ter sido 4ª classificada no ano passado, Vera Vilaça reúne algum favoritismo também por causa disto, em 2022 chegou a esta prova apenas com a Volta a Portugal nas pernas, este ano ganhou imensa experiência e rodagem internacional, completou 3 provas por etapas no World Tour e isso conjugado com o facto de ser uma boa especialista pode fazer a diferenças. Ana Caramelo mostrou-se uma belíssima especialistas nas últimas 2 edições, pódio tanto em 2021 como em 2022, é muito possível um terceiro consecutivo. Neste contexto, Liliana Jesus é clara candidata ao 3º posto.

Curiosamente, 1ª e 2ª classificada do ano passado estão inscritas como sub-23, veremos se Daniela Campos terá a possibilidade regulamentar de  tentar defender o título e fazer o hat-trick, com o condicionalismo da queda na Vuelta a ter forçado uma paragem por algum tempo, logo quando tinha deixado tão boas indicações na 2ª etapa dessa corrida, teoricamente até estará melhor em distâncias curtas do que em distâncias longas. Beatriz Pereira foi a grande sensação de 2022, mostrando que está a evoluir a olhos vistos, esse 2º lugar foi obtido com apenas 18 anos, o que mostra bem o seu potencial. Mariana Líbano e Beatriz Roxo são fortes candidatas ao pódio nesta categoria e ao top 5 global.

Nota actualizada às 23h, Daniela Campos abdicou da presença nesta prova em virtude da queda sofrida na Vuelta.

Foto: FPC

By admin