Começam, já amanhã, os Campeonatos do Mundo em Zurique! Está na hora de atribuir as camisolas de arco-íris deste ano e tudo começará com o contra-relógio. Teremos mais um título para Remco Evenepoel?
Percurso
Um traçado como devia ser num grande campeonato como este, 46 quilómetros e com alguma variabilidade no percurso. Os primeiros 20 quilómetros são favoráveis aos corredores mais pesados, totalmente planos, só depois começam as dificuldades. Primeiro 700 metros a 5,3% e pouco depois 2,4 kms a 4,9%, com uma rampa de 600 metros a 8,5% pelo meio. Há uma descida de 2 quilómetros antes de 3 colinas bem curtos e inclinadas, segue-se nova descida e mais 12 quilómetros planos até à linha de meta em Zurique.
Favoritos
Remco Evenepoel – Indubitavelmente o grande favorito e creio que tem tudo para ser o coroar de uma época brilhante onde foi campeão olímpico no contra-relógio e na estrada. Venceu no Algarve, no Dauphiné e no Tour, para além das Olimpíadas, neste momento parece claramente um nível acima da concorrência neste tipo de esforço.
Primoz Roglic – É muito raro o esloveno vir a um Campeonato do Mundo não obstante ser um bom especialista e acho que vem com ideia de vitória, ou pelo menos pódio. Ora vejamos, foi campeão olímpico em 2021, fez 2º nos Mundiais em 2017 e 12º em 2019. E se formos a ver todos os contra-relógios relativamente longos que Roglic faz ele está sempre entre os primeiros, mesmo sem o desgaste das 3 semanas. Foi recentemente 2º em Madrid atrás de Kung e não arriscou tudo porque tinha a Vuelta ganha, fez 3º no Tour somente atrás de Evenepoel e Pogacar e fez 3º no Dauphine mesmo aparentando não estar em grande forma perdendo para Evenepoel e Tarling, acho que é um grande candidato ao pódio.
Outsiders
Stefan Kung – Está muito complicado de decifrar o suíço, depois de conquistar uma das maiores vitórias da carreira na Vuelta, finalmente ganhando uma etapa numa Grande Volta, eis que perde o título europeu, que já tinha conquistado no passado, para um Edoardo Affini que não ganhava um contra-relógio há imenso tempo. Já teve tempo para descansar da Vuelta e acredito que este tenha sido o maior objectivo do ano para ele, sendo suíço.
Filippo Ganna – Campeão do Mundo em 2020 e 2021, medalhado de prata em 2023, tem de ser considerado um dos grandes candidatos pelo que representa para esta especialidade. Ainda assim, a sua preparação levanta muitas questões, andou desaparecido na Volta a Alemanha e abandonou no Renewi Tour, nem alinhou para o contra-relógio. Não constava na lista inicial para este Mundial, acabou por ser convocado em detrimento de Cattaneo.
Brandon McNulty – Campeão norte-americano da especialidade, venceu em Lisboa, fez 5º nos Jogos Olímpicos e ganhou também no Tour de Romandie, foi 4º nos últimos Mundiais. Claramente evoluiu nesta disciplina e este percurso bem longo e com algumas colinas também faz o seu estilo, é um forte candidato às medalhas.
Possíveis surpresas
Joshua Tarling – O medalhado de bronze de 2023 tem deixado sensações mistas nos últimos tempos, depois de ter feito 4º nos Jogos Olímpicos foi à Vuelta e falhou completamente o objectivo de ganhar no primeiro dia, deixando a competição a meio sem demonstrar grande capacidade física. A grande questão é se conseguiu recuperar o momento de forma entretanto, no entanto acho que esta orografia também não é a melhor para ele.
Magnus Sheffield – Nos contra-relógios acima de 20 quilómetros até tem dado boas indicações, foi 2º na Volta ao Algarve e 3º na Volta a Itália, um resultado que impressionante também pela dureza do percurso. Foi 17º há 2 anos quando tinha apenas 20 anos, vai quase de certeza melhorar o resultado.
Edoardo Affini – E eis que, quando não tinha ganho qualquer prova em 2024, Affini venceu o Campeonato da Europa e bateu o favorito Stefan Kung num percurso supersónico. Não acredito que o italiano volte a fazer essa gracinha, estamos perante outra concorrência e outro traçado.
Victor Campenaerts – Não considero o belga um candidato ao pódio tendo em conta o que perdeu nesta disciplina nos últimos anos, tem dedicado menos tempo de treino. A última vez que participou nos Mundiais foi em 2020, foi 8º, e fez 6º nos Europeus deste ano. Está presente muito por causa da lesão de Wout van Aert.
Mikkel Bjerg – Campeão do Mundo sub-23 desta disciplina em 2017, 2018 e 2019 nunca chegou ao mesmo nível entre os elites, foi 9º em 2023, 14º em 2022 em Mundiais, 11º em 2024 e 4º em 2023 em Europeus. Espero vê-lo no top 10, mas não a lutar directamente pela vitória.
Mathias Vacek – Foi uma das surpresas positivas da Vuelta, fez 2º no contra-relógio inaugural e 6º no esforço final em Madrid, para além disso foi 11º nos Jogos Olímpicos. É alguém que apesar de não ser um puro especialista, está em muito boa forma.
Nelson Oliveira – Um fiel da balança no que toca ao contra-relógio em grandes campeonatos, tem inúmeros top 10 e será esse novamente o objectivo num traçado que até é bom para as suas características.
Jay Vine – Ciclista muito inconsistente, que teve uma queda grave no início do ano e que recuperou para fazer uma bela Vuelta. Tem a vantagem de estar fresco, já fez 2 pódios em contra-relógios mais curtos no World Tour em 2024, em 2023 foi 28º nos Mundiais.
Bruno Armirail – Atenção ao francês, é alguém consistente e que aparentemente está em boa forma. Gosta de contra-relógios longos, já foi 2 vezes campeão nacional e um top 10 não seria uma surpresa.
Stefan Bissegger – O único ponto a favor é que está a correr em casa, de resto não parece em grande forma. O percurso ondulado e muito longo é desfavorável para ele, se for top 10 já não é nada mau.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: João Almeida e Daan Hoole.